"A
oração de Jesus nos deixa a mais preciosa das heranças: a presença do Filho de
Deus que nos libertou do mal, lutando para convertê-lo. Na hora do combate
final, intima a Pedro para embainhar a espada, ao ladrão arrependido assegura o
Paraíso, a todos os homens ao seu redor, inconscientes da tragédia que estava
ocorrendo, oferece uma palavra de paz: "Pai, perdoai-os, porque não sabem
o que fazem".
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
“Do perdão de Jesus na Cruz
brota a paz, o dom do Ressuscitado, mais forte do que qualquer mal: esta é a
nossa esperança!”
Diante dos milhares de fiéis
presentes na Praça São Pedro para a Audiência Geral, o Papa Francisco deu
continuidade ao seu ciclo de catequeses sobre a oração do Pai Nosso, falando
nesta quarta-feira sobre a expressão “Livrai-nos do mal!”
“Com esta expressão – explicou -
aquele que reza não somente pede para não ser abandonado no tempo da
tentação, mas também suplica para ser libertado do mal. O verbo grego original
é muito forte: evoca a presença do maligno que nos rodeia e quer nos devorar
(cf 1 Pe 5, 8) e do qual pedimos a Deus a liberação”.
Jesus, de fato, ensina aos seus
amigos a colocarem a invocação do Pai antes de tudo, até mesmo e especialmente
nas vezes em que o maligno sente sua presença ameaçadora.
De fato – observa Francisco - a
oração cristã é uma oração filial e não uma oração infantil (...). Se não
existissem as últimas palavras do “Pai Nosso”, “como os pecadores, os
perseguidos, os desesperados, os moribundos poderiam rezar”? pergunta. A última
súplica é justamente a nossa súplica quando estivermos no limite, sempre. E
explica:
“Há um mal em nossa vida,
que é uma presença indiscutível. Os livros de história são o desolador catálogo
de quanto a nossa existência neste mundo tem sido uma aventura muitas vezes
fracassada. Há um mal misterioso, que certamente não é obra de Deus - sim, não
é obra de Deus -, mas penetra silencioso entre as páginas da história.
Silencioso como a serpente que carrega o veneno silenciosamente.”
“Em alguns momentos – enfatizou o
Pontífice - parece até mesmo assumir o controle: em certos dias, sua presença
parece até mesmo mais nítida do que aquela da misericórdia de Deus. Nos
momentos do desespero é mais nítida”:
“A pessoa que reza não é cega, e
vê com clareza diante de seus olhos esse mal que é tão presente e tão em
contradição com o mistério próprio Deus. Não há ninguém entre nós que
possa dizer estar isento do mal, ou de não ser ao menos tentado. Todos nós
sabemos o que é o mal, sabemos o que é a tentação, todos nós experimentamos na
própria carne a tentação.”
O último grito do "Pai
Nosso" – diz o Pontífice - é lançado contra este mal "de abas
largas", que abarca as mais diversas experiências: o luto do homem, a dor
inocente, a escravidão, a instrumentalização do outro, o choro de crianças
inocentes. Todos esses eventos clamam no coração do homem e tornam-se voz na
última palavra da oração de Jesus.
E precisamente na narrativa da Paixão
– acrescentou – algumas expressões do “Pai Nosso” encontram seu eco mais
impressionante: “Abbà! Pai! Tudo é possível para ti. Afasta de mim este cálice!
Contudo não seja o que eu quero, mas o que tu queres”:
“Jesus experimentou plenamente o
ferimento do mal. Não somente a morte, mas a morte na Cruz. Não somente a
solidão, mas também o desprezo. Não somente a aversão, mas também crueldade.
Eis o que é o homem: um ser devotado à vida, que sonha o amor e o bem, mas que
depois continuamente expõe a si mesmo e seus semelhantes ao mal, a ponto de
sermos tentados a nos desesperarmos com o homem”.
Neste sentido, o "Pai
Nosso" assemelha-se a uma sinfonia que pede para ser cumprida em cada um
de nós. O cristão sabe quão subjugador é o poder do mal e, ao mesmo tempo,
experimenta o quanto Jesus, que nunca sucumbiu às sua lisonjas, está do
nosso lado e vem em nosso auxílio.
Assim, a oração de Jesus nos deixa a
mai preciosa das heranças, enfatiza o Papa: a presença do Filho de Deus que nos
libertou do mal, lutando para convertê-lo. Na hora do combate final, intima a
Pedro para embainhar a espada, ao ladrão arrependido assegura o Paraíso, a
todos os homens ao seu redor, inconscientes da tragédia que estava ocorrendo,
oferece uma palavra de paz: "Pai, perdoai-os, porque não sabem o que
fazem". (Lc 23,34).
Do perdão de Jesus na Cruz brota a
paz, o dom do Ressuscitado, mais forte do que qualquer mal: esta é a nossa
esperança!
Fonte:
Vatican News
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