Há exatamente nove anos, o Haiti sofreu o maior terremoto de sua história, o que causou a morte de mais de 300 mil pessoas e deixou mais de 1 milhão de haitianos sem casa. Diante dessa situação, pessoas e entidades do mundo inteiro se solidarizaram às perdas e decidiram ajudar, como é o caso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) que assumiram um projeto de colaboração missionária com a arquidiocese de Porto Príncipe e a Conferência Haitiana dos Religiosos (CHR).
O projeto Intercongregacional de solidariedade tem a vigência de 10 anos e é colocado em prática desde 2010, quando foi enviada a primeira equipe composta por três missionárias, de diferentes congregações para atuarem na missão. De lá para cá passaram pela comunidade 17 congregações.
Atualmente, quatro religiosas estão presentes em uma comunidade extremamente pobre da região metropolitana da capital do Haiti. Lá elas contribuem com pequenas ações efetivas tais como cozinhas comunitárias, oficinas de corte e costura, panificação e massas, oficinas culturais e formação de adolescentes e jovens.
Contando com a resistência e o potencial do povo, o projeto procura ter, como protagonistas, os próprios haitianos com essas pequenas ações efetivas. A presidente da CRB, irmã Maria Inês, explica que hoje o projeto conta com 17 projetos de geração de renda, tais como a confecção de artesanatos pelos moradores locais. “Até as crianças fazem seu artesanato e recebem uma gratificação pelo trabalho”, comenta irmã Maria Inês.
A religiosa explica que com a gratificação que recebem, as crianças costumam pagar suas escolas, pois no país não existem escolas gratuitas. “Nosso projeto também tem uma parceria com escolas e famílias do Brasil justamente para apadrinhar essa causa”, considera Irmã Maria Inês. Apostar na força missionária do Brasil, no valor do testemunho da comunhão e por acreditar que a interinstitucionalidade possibilita alcançar lugares longínquos é inclusive o objetivo geral do projeto da CNBB junto com a CRB.
Ações futuras – Com a chegada do encerramento do projeto, uma vez que a iniciativa foi proposta até setembro de 2020, a CRB inicia uma nova fase da missão interconcregacional no Haiti. A expectativa é que após esse período, o projeto continue sendo assumido pelas duas entidades (CRB/CNBB) com novas formas de angariação de fundos para a manutenção da comunidade. Irmã Maria Inês afirma que as conversações com as congregações já tiveram início há pelo menos um ano.
De acordo com ela a ideia agora é iniciar uma rede intercongregacional missionária, cujo objetivo é trabalhar para que as irmãs continuem desenvolvendo suas atividades. Um exemplo concreto de iniciativa já pensando nos próximos passos do projeto é a construção de um centro de nutrição.
Com as urgências, situações extremas de fome e necessidade de acompanhamento das mães gestantes do Haiti, a comunidade adquiriu um pequeno espaço para a construção de uma sala para atendimentos das crianças desnutridas. Para tal, tem ocorrido campanhas entre Institutos e doadores diversos. A construção está acontecendo em parceria com a Missão Belém, aprovada pela arquidiocese de São Paulo.
Livro memória – Para escrever a rica história da parceria entre a CRB e a CNBB no Projeto Missionário Intergregacional no Haiti, está sendo preparado um livro memória. “Quando não registramos, nós perdemos a história, então a ideia é justamente manter viva a história desse projeto”, afirma irmã Maria Inês. De acordo com ela, a publicação é marcada por fotos e depoimentos de missionárias e pessoas que estiveram lá e conheceram a realidade. A expectativa é a de que o livro seja apresentado na Assembleia Geral da CNBB, a ser realizada em maio.
Fonte; CNBB
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