O
Papa Francisco recebeu em audiência no Vaticano os 200 participantes da
Conferência Internacional sobre o Tráfico de Seres Humanos, da qual
participaram também representantes do Brasil.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do
Vaticano
Muito tem sido feito, mas muito ainda
resta por fazer: a audiência aos participantes da Conferência Internacional
sobre o Tráfico de Seres Humanos foi a ocasião para o Papa Francisco
agradecer-lhes e encorajá-los na luta contra esta chaga.
O
encontro foi organizado pela Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o
Desenvolvimento Humano Integral, com a finalidade de criar estratégias para
aplicar as Orientações Pastorais sobre o Tráfico Humano recentemente
publicadas.
Prática que desumaniza
Em seu discurso, o Pontífice citou a frase do Evangelho de João,
que resume a missão de Jesus Cristo: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em
abundância”. Mas hoje, infelizmente – constatou o Papa -, o mundo é marcado por
situações que impedem a missão de Jesus: uma delas é justamente o tráfico de
seres humanos.
Este tipo de tráfico expõe a tendência a mercantilizar a pessoa.
Mas neste fenômeno, a vítima não é só quem sofre as consequências, mas também
que as provoca:
“
O tráfico, de fato, deturpa a humanidade da vítima, ofendendo a sua liberdade e
dignidade. Mas, ao mesmo tempo, desumaniza quem a pratica, negando-lhe o acesso
à ‘vida em abundância’. O tráfico, por fim, fere gravemente a humanidade no seu
conjunto, dilacerando a família humana e o Corpo de Cristo. ”
O Papa qualificou esta chaga como uma “injustificável violação
da liberdade e da dignidade das vítimas”, por isso deve ser considerada um
“crime contra a humanidade”.
Traição da nossa humanidade
Em todo o seu discurso, o Pontífice não cria uma dicotomia entre
algoz e sacrificado:
“Quem se mancha deste crime prejudica não somente os outros, mas
também a si mesmo. Na relação que instauramos com os outros, está em jogo a
nossa humanidade, aproximando-nos ou afastando-nos do modelo de ser humano
desejado por Deus e revelado no Filho encarnado. Portanto, toda escolha
contrária à realização do projeto de Deus é uma traição da nossa humanidade e
renúncia à 'vida em abundância' oferecida por Jesus Cristo.”
Trabalho arriscado e anônimo
Quem trabalha para restaurar e promover a dignidade humana está
em sintonia com a missão da Igreja: “A sua presença, queridos irmãos e irmãs, é
sinal tangível do esforço que muitas Igrejas locais assumiram generosamente
neste âmbito pastoral.”
Para Francisco, são “dignas de admiração” as iniciativas criadas
para prevenir o tráfico, proteger os sobreviventes e perseguir os culpados. Um
trabalho feito de forma arriscada e anônima. De modo especial, o Papa agradeceu
às muitas congregações religiosas que atuaram e continuam a atuar como
“vanguarda” da ação missionária da Igreja contra toda forma de tráfico.
“Muito tem sido feito, mas muito ainda resta por fazer”,
encorajou o Pontífice, reiterando a necessidade de trabalhar em rede, seja em
nível local, seja em nível internacional, seja com instituições eclesiásticas,
seja políticas e civis.
Sob a intercessão da Santa Josefina Bakhita, Francisco concluiu
invocando abundantes bênçãos sobre todos que lutam contra o tráfico de seres
humanos.
Fonte: Vatican News
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