“Caminho
da fé pascal da Igreja: Cristo morreu por amor pelos nossos pecados e
ressuscitou pela nossa justificação". Palavras do Frei Raniero
Cantalamessa na quinta e última reflexão da Quaresma para o Santo Padre e a
Cúria Romana na manhã desta sexta-feira (12/04) na Capela Redemptoris Mater, no
Vaticano
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
O
Santo Padre participou, junto com a Cúria Romana, da quinta e última pregação
de Quaresma do Frei Capuchinho, Raniero Cantalamessa, pregador oficial da Casa
Pontifícia.
Na
sua última pregação, em preparação à Páscoa do Senhor, Frei Cantalamessa
apresentou o “mistério de Cristo”, partindo de duas abordagens diferentes, mas
complementares, do evangelista São João e do Apóstolo São Paulo.
João encara o mistério de Cristo a partir da Encarnação: Jesus,
o Verbo feito carne e supremo revelador do Deus vivo. A salvação consiste em
reconhecer que Jesus se encarnou como Filho de Deus. Como podemos ver, a
"pessoa" de Jesus homem-Deus está ao centro de tudo.
Esta visão de João é evidente, se a compararmos com a de Paulo.
O centro da atenção, para o Apóstolo, não é tanto a pessoa de Cristo, entendida
como realidade ontológica, mas a sua obra, ou seja, seu mistério pascal de
morte e ressurreição. A salvação não consiste tanto em crer que Jesus é o Filho
de Deus, que se encarnou, mas em crer em Jesus "que morreu pelos nossos
pecados e ressuscitou para a nossa justificação". Logo, o acontecimento
central para Paulo não é a “Encarnação”, mas o “mistério Pascal”.
Para João, a Encarnação é em vista do mistério
pascal; para Paulo o mistério pascal pressupõe e se baseia na Encarnação. A
fórmula trinitária, na qual Jesus é mencionado com o Pai e o Espírito Santo, é
uma confirmação de que, para Paulo, a obra de Cristo toma sentido com a sua
pessoa.
A acentuação dos dois polos do mistério de Cristo reflete o
caminho histórico da fé em Cristo depois da Páscoa. João reflete o nível mais
avançado da fé em Cristo.
As perspectivas de João e Paulo, que se fundem, apesar da sua
acentuação diferente.
A teologia e a espiritualidade ortodoxa baseia-se, sobretudo, em
São João; a teologia ocidental – mais protestante do que católica - se baseia
em São Paulo. Na tradição grega, a escola de Alexandria era mais joanina
enquanto a de Antioquia era mais paulina: na primeira, a salvação consiste na
divinização; na segunda, na imitação de Cristo.
Cristo e
o destino da humanidade
Ao término das suas pregações quaresmais, o Frei Capuchinho quis
dar ênfase à figura de Cristo, segundo São Paulo, que muda o destino da
humanidade, por meio da cruz.
O Apóstolo fala de uma novidade na ação de Deus, uma espécie de
mudança de ritmo e de método: o mundo não foi capaz de reconhecer Deus no
esplendor e na sabedoria da sua Criação. Então, Deus decide revelar-se de
maneira oposta daquele que os homens pensam, ou seja, através da impotência e
da loucura da Cruz.
Deus é amor! Na cruz, ele manifestou seu grande amor pelos
homens. Com a sua criação, Deus nos encheu de dons; na sua redenção, sofreu por
nós.
Desta forma, o Pregador da Casa Pontifícia identificou as etapas
no caminho da fé pascal da Igreja: morte, ressurreição de Cristo: "Morreu
pelos nossos pecados e ressuscitou pela nossa justificação". Aqui, nasce
espontaneamente a pergunta: "Por que ele morreu pelos nossos
pecados?" E a resposta é unânime, tanto para João como para Paulo:
"Ele morreu por amor".
Mistério
pascal
Frei Cantalamessa concluiu sua última pregação de Quaresma, com
a pergunta: qual a nossa resposta diante do mistério pascal, que revivemos na
Semana Santa? A primeira resposta fundamental é a da fé, uma fé que “arrebata”
o Reino dos Céus.
Por isso, São Paulo exorta os cristãos a “se despojarem do homem
velho e a se revestirem do homem novo, Cristo", que é o exemplo de um novo
tipo de amor, vivido mediante a fé e os Sacramentos.
Fonte: Vatican News
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