Parte do afresco do Juízo Final de
Michelangelo, na Capela Sistina. Foto: Wikipédia / Domínio público
R
CENTRAL, 09 Abr. 19 / 05:00 am (ACI).- Este ano,
completam-se 600 anos da morte de São Vicente Ferrer, o santo espanhol que foi
chamado pelo Papa Pio II de "O Anjo do Apocalipse" por sua
maravilhosa pregação sobre o juízo final e o anticristo.
"O Anjo do Apocalipse voa nos
céus para anunciar o dia do juízo final, para evangelizar os habitantes da
terra", escreveu Pio II na Bula de canonização de São Vicente Ferrer, um
dominicano que morreu no dia 5 de abril de 1419.
Em um artigo publicado por Joseph
Pronechen, de ‘National Catholic Register’, recordam-se alguns acontecimentos
milagrosos na vida de
São Vicente, para compreender melhor a importância do que disse sobre o fim dos
tempos.
São Vicente pregava em espanhol ou
latim, mas sempre conseguia que todos entendessem. Uma vez, depois de dar três
sermões aos mouros, conseguiu a conversão de 8 mil deles. Em outra ocasião,
conseguiu a conversão de um grupo de 14 rabinos após a sua pregação.
O grande santo espanhol intercedeu
para que, no total, 28 pessoas voltassem à vida depois de terem morrido. Na
confissão, podia ler as almas. Em uma ocasião, disse para uma mãe que seu filho
seria Papa, isso aconteceu com Calixto III.
Durante um período de fome em
Barcelona, anunciou que dois barcos chegariam
carregados de trigo. Ninguém acreditou nele, mas, naquele mesmo dia, os barcos
chegaram. Também
conseguiu a conversão
de muitos, apenas com a oração do Terço.
A pregação sobre o juízo final
Em sua pregação sobre o juízo final,
o Anjo do Apocalipse explicou que Jesus não virá como veio na primeira vez,
pobre e humilde, mas "com tanta majestade e poder que todo mundo
tremerá".
As pessoas dirão "às montanhas e
aos rochedos: ‘Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que está sentado no
trono e da ira do Cordeiro’ (Ap 6, 16). No entanto, Jesus disse: ‘Quando
começarem a acontecer essas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças;
porque se aproxima a vossa libertação' (Lc 21, 28). A Santa Mãe sentará com
ele. Jesus separará os povos das nações como um pastor separa as ovelhas das
cabras", dizia o santo que conhecia a Bíblia de cor.
São Vicente também advertiu:
"Nesse dia, será melhor ser uma ovelha de Jesus Cristo do que um Papa, um
rei ou um imperador".
Em seus sermões, o santo descreveu
cinco atitudes das ovelhas para distingui-las: "inocência simples, grande
misericórdia, paciência firme, verdadeira obediência e penitência
valiosa".
Uma ovelha, dizia o santo, não ataca
com seus chifres como um touro "nem morde com seus dentes como um lobo,
nem com suas patas como um cavalo... se quiser ser uma ovelha de Cristo, não
deve bater em ninguém com os chifres do conhecimento ou do poder, já que os
advogados atacam com os chifres do poder, juristas, defensores ou homens que
têm grande conhecimento. Os comerciantes enganando os outros. Os senhores e os
bandidos com os chifres do poder, ameaçando e insultando e extorquindo, com
calúnias e ameaças e coisas semelhantes. Escutem o que o Senhor diz da boca de
Davi: 'Abaterei todas as potências dos ímpios, enquanto o poder dos justos será
exaltado’. (Salmo 74, 11)".
O santo encorajava a não buscar
vingança e a ter paciência, e a ser obedientes verdadeiramente, ordenando os
pensamentos, as palavras e as ações de acordo com a vontade de Deus.
Sobre a penitência, São Vicente disse
que "é necessária, para submeter os pecados e colocar o propósito de não
recair, confessar e fazer uma satisfação. E desta maneira a penitência faz do
homem uma ovelha de Cristo”.
O fim do mundo e o anticristo
Em uma carta que escreveu ao Papa
Bento XIII em 1412, São Vicente fala sobre o fim do mundo e afirma que Deus
oferece sinais "para que as pessoas sejam advertidas diante da tribulação
por meio desses sinais. Através da oração e das boas obras, possa obter do
tribunal da misericórdia a reversão da sentença contra elas dada por Deus, o
juiz nas cortes celestiais, ou pelo menos, que a penitência e a emenda de vida,
os preparem para a iminente aflição”.
Três das "grandes e terríveis
aflições" serão "o anticristo, um homem diabólico, a destruição pelo
fogo do mundo terreno e o juízo universal. E com essas tribulações, o mundo
chegará ao fim".
São Vicente explica que, "no
tempo do anticristo, o Sol de justiça (Deus) será obscurecido pela interposição
dos bens materiais e riquezas que o anticristo venera no mundo. Assim, o brilho
da fé em Jesus Cristo e o resplendor das vidas boas já não brilharão entre os
cristãos".
"Porque deverão perder seus
domínios, os governantes temporais, reis e príncipes serão colocados ao lado do
anticristo. Da mesma forma, os prelados que temem perder sua dignidade, e os
religiosos e sacerdotes que querem ganhar honras e riquezas, irão esquecer-se
da fé de Cristo e aderir-se ao anticristo. Ele será um homem verdadeiro, mas
tão orgulhoso que não desejará apenas o domínio universal em todo o mundo, mas
também exigirá ser chamado de Deus e insistirá em receber o culto divino",
explicou São Vicente, em sua carta.
"Certamente haverá sinais do Sol
de justiça, mas escurecerão no coração dos cristãos, já que destes corações não
surgirá a luz da fé, toda pregação sobre uma vida melhor acabará, por causa da
interposição de nuvens de bens temporais".
São Vicente também lembra que os bens
do mundo são transitórios e que somente "os celestiais são eternos. Só com
eles é possível ser forte".
Na Igreja, alertou o Anjo do
Apocalipse "voltaram ao orgulho, à pompa e à vaidade... a misericórdia e a
liberalidade foram trocadas pela simonia, a usura e o roubo; a castidade se
converterá em devassidão, sujeira e corrupção; o brilho da virtude foi trocado
pela inveja e pela maldade; a moderação se tornou gula e voracidade; a
paciência deu lugar à ira, à guerra e às divisões entre os povos, e a
diligência foi substituída pela negligência”.
Quando o Evangelho de Mateus diz que
"as estrelas cairão do céu", São Vicente indica que se refere aos
doutores e mestres de teologia que "cairão do céu, ou seja, das alturas da
fé (Daniel 11,36). Cristo permite isso por causa das vidas escandalosas e
malvadas e pelos muitos pecados" de alguns.
Por tudo o que disse, exortou São Vicente,
"façam penitência agora, perdoem as ofensas, façam a restituição de bens
mal obtidos, vivam confessando sua religião. Se fosse verdade que em pouco
tempo esta cidade seria destruída pelo fogo, não mudaria todos os seus bens por
algo que pudesse levar contigo?".
Fonte:
ACI Digital
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