segunda-feira, 22 de abril de 2019

A CULTURA CRISTÃ


Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald
O Evangelho não se identifica com nenhuma cultura. Ele é transcultural e, por isso mesmo, pode encarnar-se em todas as culturas ao ponto de transformá-las a partir de dentro (cf. Gaudium et Spes, No 57). Segundo São João Paulo ll “O Evangelho enriquece as culturas com valores cristãos que derivem da fé. Evangelizar no sentido profundo é evangelizar as culturas, fazendo que a mensagem de Cristo penetre no coração das pessoas e projete-se no “ethos” de um povo. Projete-se nas atitudes vitais, nas suas instituições e em todas as suas estruturas” (cf. Discurso inaugural de João Paulo ll na Conferência de Puebla).
Foi dito que é difícil encontrar uma cultura na qual o cristianismo não esteja presente. Além disso, não existe uma única cultura cristã, mas sim várias “culturas cristãs”, isto é, culturas nas quais o significado último da realidade foi iluminado pela revelação cristã. Para a doutrina da Igreja Católica, as culturas são uma manifestação necessária da natureza humana. A pessoa humana só se realiza plenamente por meio da cultura (cf. Gaudium et Spes, No. 53).
Diferentes culturas podem receber a revelação cristã de diversas maneiras, gerando diferentes expressões da fé. Porém, todas têm elementos em comum, como o reconhecimento de um Deus que é pessoa que ama o ser humano, que afirma a dignidade inviolável da pessoa humana, valores como honestidade, solidariedade, justiça etc.
No Dicionário Enciclopédico das Religiões, Hugo Schlesinger e Humberto Porto apresentam a Cultura Cristã assim: “Capacitação dos valores da vida e do desenvolvimento humano à luz da fé cristã. Cristo, revelação do Pai, é o princípio originário da realidade que dá ordem a todas as coisas e que permite, portanto, ao homem julgar em última análise aquilo que vale a pena ser conhecido, e vivido. A cultura  gerada pela fé é missão a realizar e tradição a conservar e transmitir. Só assim a evangelização, apesar de na sua essência ser autônoma da cultura, encontra o modo de incidir plenamente na vida do homem e das nações” (cf. op. cit. P. 758).
Gostaria de terminar este brevíssimo artigo citando algumas palavras do artigo “Vida e Cultura Cristã” de Dom Walmor Oliveira de Azevedo da CNBB. As discussões e as indispensáveis reflexões sobre sustentabilidade da vida na Terra não podem dispensar a referência à cultura. Ela é, inquestionavelmente, um elemento fundamental de sustentabilidade, projeto o futuro e permite a superação de imediatismos, reducionismos e considerações meramente materialistas da vida.
É óbvio que as responsabilidades da comunidade política não podem ser exercidas adequada e frutuosamente sem o substrato da cultura. Na polissemia das culturas que confeccionam o rico mapa da humanidade na sua história, não se podem desconsiderar o patrimônio e a força de referência da CULTURA CRISTÃ (cf. op. cit.).
Brendan Coleman, Redentorista

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