O tempo da Quaresma começou na Quarta-Feira de Cinzas, dia 6 de março, e vai até o dia 18 de abril na celebração da última ceia de Jesus Cristo com os doze apóstolos na Quinta Feira Santa. Quaresma, palavra que vem do latim quadragésima, é o período de quarenta dias que antecede a maior festa do cristianismo: a ressurreição de Jesus Cristo, comemorada no Domingo da Páscoa. O período é reservado para a reflexão e a conversão espiritual. Católicos são convidados a fazerem uma comparação entre suas vidas e a mensagem cristã expressa nos Evangelhos. Ao longo deste tempo, sobretudo na liturgia dos domingos, somos convidados a fazer um esforço para recuperar nosso estilo de vida para viver realmente como filhos de Deus.
A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência. A Igreja Católica nos convida a viver a Quaresma como um caminho a Jesus Cristo, lendo a Palavra de Deus, orando e praticando boas obras. Convida-nos a viver uma série de atitudes cristãs que nos ajudam a parecer mais com Jesus Cristo, já que por ação do pecado, nos afastamos mais de Deus. Em termos práticos, a Quaresma é o tempo de perdão e de reconciliação fraterna. É tempo de retirar de nossos corações todo ódio, rancor, inveja e tudo o que se opõe ao nosso amor a Deus e aos irmãos.A duração da Quaresma é baseada no símbolo do número quarenta na Bíblia. É um número de expectativa, de preparação e de prova. Na Bíblia caracteriza as intervenções sucessivas de Deus: Davi, como Saul, reina 40 anos; o dilúvio durou 40 dias; Moisés serviu Deus durante 40 anos; os judeus permaneceram junto ao Sinai 40 dias; Jesus passou 40 dias no deserto e apareceu ressuscitado durante 40 dias. Na Bíblia o número quarenta simboliza o universo material. Cerca de duzentos anos após a morte de Cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 d.C, a Igreja Católica aumentou o tempo de preparação para quarenta dias. Assim surgiu a Quaresma.
A Igreja Católica propõe, por meio do Evangelho proclamado na Quarta-feira de Cinzas, três grandes linhas de ação para os católicos seguir: a oração, a penitência e a caridade. É importante também lembrar que o jejum é obrigatório para os católicos entre 18 e 60 anos na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. Ao longo do período da Quaresma há também o costume de dar esmolas aos mais necessitados. Finalmente, a Quaresma é o tempo privilegiado para intensificar o caminho da própria conversão. A liturgia da Quaresma insiste: o pecado não é irreparável. Para os que crêem, existe volta, conversão, perdão e salvação. Jesus não veio para condenar, mas para salvar. “Eu vim para que os homens tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
A CNBB promove a Campanha da Fraternidade, desde o ano de 1964, como itinerário evangelizador para viver intensamente o tempo da quaresma. A Igreja propõe como tema da Campanha da Fraternidade deste ano de 2019: “Fraternidade e Políticas Públicas” e como lema: “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1, 27). A Campanha tem como Objetivo Geral: “Estimular a participação em Políticas Públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja, para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade” (cf. Texto Base da CF de 2019, p.8). O referido texto também explica em que consiste Políticas Públicas “são as ações discutidas, aprovadas e programadas para que todos os cidadãos possam ter vida digna. São soluções específicas para necessidades e problemas da sociedade. É a ação do Estado que busca garantir a segurança, a ordem, o bem-estar, a dignidade, por meio de ações baseadas no direito e na justiça” (cf. doc. cit. P.8). A Constituição de 1988 lembrando que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, possibilitou a participação direta da sociedade na elaboração e implementação de Políticas Públicas através dos conselhos deliberativos, que foram propostos por leis complementares em quatro áreas: Criança e Adolescente; Saúde; Assistência Social; e Educação.
É oportuno recordar o forte apelo ou “chamado à ação” que o papa São Paulo VI fez na Carta Apostólica “Octogésima Adveniens” no dia 4 de maio, 1971: “É a todos os cristãos que nós dirigimos de novo ainda e de uma maneira insistente, um apelo à ação. (…) Pertence aos leigos, pelas suas livres iniciativas e sem esperar passivamente ordens e diretrizes, imbuir de espírito cristão a mentalidade e os costumes, as leis e as estruturas da sua comunidade de vida. Seria bom que cada um procurasse examinar-se, para ver o que é que já fez até agora e aquilo que deveria fazer. Não basta recordar os princípios, afirmar as intenções, fazer notar as injustiças gritantes e proferir denúncias proféticas; estas palavras ficarão sem efeito real, se elas não forem acompanhadas, para cada um em particular, de uma tomada de consciência mais viva da sua própria responsabilidade e de uma ação efetiva”. (cf. op.cit. No. 48).
Brendan Coleman Mc Donald,
Assessor da CNBB Reg. NE1
Assessor da CNBB Reg. NE1
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