“A CF tem basicamente estes dois sentidos: um sentido penitencial religioso: – despertar o espírito cristão da penitência e da conversão do povo de um pecado social que contradiz o Evangelho de Jesus Cristo, por afetarem a vida da maioria da população; e um sentido penitencial social: – despertar a consciência para o compromisso cidadão, através de gestos concretos para a resolução desses problemas”.
A explicação é do arcebispo de Palmas (TO), dom Pedro Brito Guimarães, em artigo publicado no portal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). No texto, o bispo destaca a Campanha da Fraternidade, uma iniciativa abraçada pela Igreja no Brasil há mais de 50 anos, como “parte integrante dos exercícios quaresmais”.
Citando o texto-base da CF e o livro de Isaías, dom Pedro questiona: “Não seriam políticas públicas o jejum que Deus prefere: quebrar as cadeias da injustiça e livrar o oprimido do jugo da opressão, repartir o pão com o faminto, acolher o desabrigado, vestir o que está nu?”. As referências são o capítulo 58 do livro de Isaías, nos versículos 6 e 7; e o texto-base da CF 2019 no parágrafo 121.

Em seu artigo, o arcebispo de Palmas também recorda que há outras iniciativas semelhantes à Campanha da Fraternidade mundo afora, como a campanha alemã da Misereor, que, no tempo da quaresma, arrecada doações para financiar projetos sociais em várias partes do mundo.
“‘Misereor’ significa misericórdia, palavra teologicamente própria para o espírito quaresmal. A conversão que se prega no tempo da quaresma é para termos misericórdia do pecador, do sofredor e dos socialmente vulneráveis, como teve o bom samaritano. A CF também pede um gesto concreto penitencial para financiar projetos sociais”, reforça dom Pedro.
“O que de fato a Igreja quer com esta CF é que os problemas que a população enfrenta no seu dia-a-dia sejam resolvidos”, continua dom Pedro Brito, “e que o dinheiro público (nosso) seja aplicado em benefício de todos, especialmente dos mais pobres, nas áreas da saúde, educação, segurança, moradia, emprego, renda, mobilidade, seguridade alimentar, saneamento básico, previdência social e cuidado com a casa comum”.
Considerando a atual conjuntura brasileira, o arcebispo cita as ameaças às políticas públicas, “por corrupção ou por ideologia”. Neste contexto, “pairam no ar incertezas com relação às conquistas sociais para os mais pobres. Mas, há também sinais de esperança, sobretudo, quando a Igreja defende valores, tais como, a fraternidade, a comunhão e a solidariedade e a ecologia integral”. Ao final de seu artigo, o bispo oferece três olhares que devem ser considerados na questão das políticas públicas: “o olhar amoroso, o olhar cuidadoso e o olhar esperançoso”.
Confira o artigo na íntegra:
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