O
Secretário de Estado falou ao Vatican News à margem do Congresso sobre "Os
acordos da Santa Sé com os Estados" na Pontifícia Universidade Gregoriana:
"foi um longo trabalho com a República Popular da China, esperamos que dê
frutos para o bem da Igreja e do país".
Alessandro Di Bussolo, Silvonei José
- Cidade do Vaticano
"Agora é importante implementar
o Acordo Provisório sobre a nomeação de bispos na China e começar a fazê-lo
funcionar na prática". Foi o que disse o cardeal Pietro Parolin,
secretário de Estado do Vaticano, explicando ao Vatican News como
estão as negociações com a República Popular da China, após o Acordo assinado
em 22 de setembro último, em Pequim, que "foi um longo trabalho. No final,
conseguimos e esperamos que possa realmente dar frutos para o bem da Igreja e
do país".
Duas partes que ainda não têm um
reconhecimento recíproco
O cardeal Parolin fez o discurso
nesta quinta-feira (28/02), no auditório da Pontifícia Universidade Gregoriana,
de abertura dos trabalhos do Congresso Internacional sobre "Os acordos da
Santa Sé com os Estados (século XIX-XXI). Modelos e mutações: do Estado
confessional à liberdade religiosa". Sobre o Acordo com a China, ressaltou
que "é um caso sui generis, porque foi realizado entre duas
partes que ainda não têm um reconhecimento recíproco".
Acordos para a liberdade religiosa e
o bem comum
Aos participantes da conferência, que
se encerra nesta sexta-feira, 1º de março na École Française de
Roma, o secretário de Estado do Vaticano, recordou que nestes acordos bilaterais,
a Igreja Católica "não pede ao Estado para atuar como Defensor
Fidei, mas de poder cumprir com a sua missão" protegendo a liberdade
religiosa dos crentes de todas as religiões, e permitindo à própria Igreja de
"contribuir efetivamente para o desenvolvimento espiritual e material do
país, e a fortalecer a paz", conforme solicitado pela constituição
conciliar Gaudium et spes.
Acordos nos países onde os católicos
são minoria
O cardeal Parolin recordou os
recentes acordos com países onde os católicos são minoria: aquele com a
Tunísia (1964), passando pelo Marrocos (1983), Israel (1993), até o último com
a Autoridade Palestina (2015 ), sublinhando que, também no passado, a Santa Sé
procurou estipular acordos com Estados "não cristãos". E, no caso de
acordos com os países ocidentais que se proclamavam católicos, sempre se
procurou "assegurar a independência da Igreja contra as tentativas dos
Estados de interferir em seus assuntos internos e na nomeação dos bispos".
Nenhum acordo escrito com os países
anglo-saxões
Um capítulo à parte é o das relações
da Santa Sé com os Estados com os quais não tem nenhum acordo ou concordata,
como é o caso de muitos países "de tradição ortodoxa", mas
especialmente os países anglo-saxões, Grã-Bretanha e Estados Unidos, ou de
cultura anglófona, devido a dificuldades culturais. Nesse caso, os assuntos
mais delicados são confiados ao princípio do respeito da palavra dada e
ao gentelmen agreement, acordo de cavalheiros, o acordo
informal entre as partes. O cardeal Pietro Parolin citou o
caso do Vietnã, com o qual ainda hoje "o acordo para a nomeação de bispos
é apenas oral". Então, perguntamos a Dom Parolin, servem realmente esses
acordos com os Estados?
R. - Há muitos Estados com os quais a
Igreja não chegou a um acordo mas vive e age também nesses Estados. São
instrumentos úteis, muito, muito úteis para garantir - fundamentalmente, é o
seu propósito - a liberdade da Igreja dentro do quadro mais geral, hoje, da
liberdade religiosa, que é um direito fundamental da pessoa e das comunidades e
para regular as áreas de colaboração comum entre a Igreja e o Estado, para
evitar conflitos. Evidentemente, demonstraram, até agora, sua utilidade e
certamente continuarão a demonstrá-lo. É por isso que a Santa Sé está
continuamente comprometida em estipular acordos também com Estados que até
agora não tínhamos acordo.
Pode nos dizer algo sobre as
negociações em andamento?
R. - Temos trabalhado muito nos
últimos anos, especialmente com os países africanos, muitos países africanos
manifestaram interesse e iniciaram negociações que estão se concluindo. E
atualmente ainda há alguns. Recordando o acordo com a China que exigiu um
grande trabalho. Foi um longo trabalho, mas no final fomos bem sucedidos e
esperamos que possa realmente dar frutos para o bem da Igreja e do país.
Em relação à China, são possíveis
novos acordos sobre outros temas?
R.
- No momento, entretanto, o importante é colocar esse acordo em prática... Será
esse o próximo passo, implementar o acordo sobre as nomeações dos bispos, e
depois começar a fazê-lo funcionar na prática. No momento não se prevê outra
coisa. Depois o Senhor verá, em sua providência ...
Fonte: Vatican News
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