Estátua de Santa Anne Line na escola
secundário St. Anne, em Basildon, Essex (Inglaterra) / Foto: Wikimedia Commons
REDAÇÃO CENTRAL, 02 Fev. 19 / 07:00
am (ACI).-
Em Londres, em 2 de fevereiro de 1601, dia da Festa da Apresentação do Senhor
ou da Candelária, um grupo de católicos que se recusou a comparecer aos cultos
da Igreja da
Inglaterra (culto oficial do Estado) se reuniu em um esconderijo para celebrar
e participar da Santa Missa,
o que na época era considerado crime.
Naquela época, o sacerdote católico
Pe. John Gerard conseguiu uma casa para ser seu esconderijo e colocou uma
viúva, Anne Line, responsável pela administração do local.
O sacerdote, cuja autobiografia
descreve sua prisão, tortura e fuga posterior da Torre de Londres, que naquela
época era uma prisão, confiou em Anne porque ela era "uma mulher de grande
prudência e bom senso" e precisava se refugiar na casa, tanto quanto os
sacerdotes que iam para lá.
Anne Line, seu irmão e seu marido,
foram deserdados por seus pais quando se converteram ao catolicismo. Mais
tarde, seu marido Roger e seu irmão William foram presos e exilados por
participarem da Missa.
Enquanto Roger estava no território
dos Países Baixos espanhóis, recebeu um estipêndio do rei Felipe II, depois
enviou parte desse dinheiro para a casa de Anne. Quando Roger morreu, aquela
fonte de renda acabou e Anne ficou sozinha, desamparada e sofrendo de uma
doença crônica.
Anne teve que deixar a casa que Pe.
Gerard tinha alugado porque as autoridades ainda estavam procurando por ele,
após a sua incrível fuga da Torre em 1597. Suspeitavam que havia alguma relação
entre o sacerdote fugitivo e a viúva.
No entanto, ela continuava protegendo
os sacerdotes nos novos quartos que conseguiu depois e, no dia 2 de fevereiro,
os vizinhos notaram a presença de um grande grupo de pessoas e notificaram as
autoridades.
O altar e os paramentos para a Missa
estavam prontos e o jesuíta Pe. Francis Page foi investido para iniciar a
procissão e a bênção das velas; no entanto, naquele momento os perseguidores
chegaram à porta para vasculhar os quartos.
O sacerdote teve que tirar as vestes
para não ser preso e evitar a morte; mas as autoridades viram o altar e
prenderam Anne Line por suspeita de ajudar algum presbítero, já que era sua
residência.
Anne Line foi detida na prisão de
Newgate e ficou tão debilitada que teve que ser levada a julgamento.
As autoridades não tinham provas de
que Anne Line tivesse ajudado algum sacerdote, já que nenhum padre foi preso
durante a invasão de domicílio. Apesar de tudo, o tribunal a considerou culpada
em 26 de fevereiro.
No entanto, após o veredicto, a viúva
proclamou que só se arrependia de não ter ajudado mais sacerdotes a escaparem.
Anne Line foi enforcada em Tyburn no
dia seguinte com dois sacerdotes, um dos quais tinha sido seu confessor: Pe.
Roger Filcock.
Antes de ser executada, a mulher
repetiu a declaração que havia dado em seu julgamento: "Condenam-me à
morte por abrigar um padre católico, e eu estou muito longe de me arrepender de
ter feito isso, teria desejado com toda a minha alma ter hospedado mil!".
Pe. Filcock, ainda pendurado na forca
proclamou: "Oh bendita Senhora Line, que agora recebeu sua recompensa, vai
a nossa frente, mas nós te seguiremos rapidamente nas bem-aventuranças se for
do agrado do Todo-Poderoso".
Antes de morrer, Pe. Filcock rezou
com Pe. Mark Barkworth, que depois foi enforcado e esquartejado.
Por sua parte, Pe. Francis Page, que
fugiu no dia da festa da Apresentação do Senhor, foi executado pelo crime de
"ser sacerdote" em 20 de abril de 1602.
Santa Anne Line foi canonizada entre
os 40 mártires da Inglaterra e do País de Gales em 1970 pelo Papa Paulo VI.
Pe. Mark
Barkworth e Pe. Francis Page foram beatificados entre
um grande grupo de mártires em 1929 pelo Papa Pio XI, já Pe. Roger Filcock foi
beatificado entre os 85 mártires de Inglaterra e País de Gales pelo Papa João
Paulo II em 1987.
Fonte:
ACI Digital
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