O
Papa Francisco abriu os trabalhos do encontro sobre "A proteção dos
menores na Igreja" que começou nesta quinta-feira (21), no Vaticano, e vai
até domingo. A introdução do Pontífice aconteceu logo depois da oração inicial,
quando desejou "não simples e evidentes condenações, mas medidas concretas
e eficazes a serem realizadas".
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
No início da manhã desta quinta-feira
(21), o Papa Francisco introduziu os trabalhos do primeiro dia do encontro
inédito sobre a proteção dos menores dentro da Igreja. A conferência reúne,
pela primeira vez, os presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo
no Vaticano para abordar o tema.
O Papa começou o encontro afirmando
do seu forte desejo de responsabilidade em interpelar Patriarcas, Cardeais,
Arcebispos, Bispos, Superiores Religiosos e Responsáveis “diante da chaga dos
abusos sexuais perpetrados por homens da Igreja em detrimento dos menores”.
Todos juntos e “com a docilidade” da condução do Espírito Santo, “escutemos o
grito dos pequenos que pedem justiça”.
“
O santo Povo de Deus nos vê e espera de nós não simples e evidentes
condenações, mas medidas concretas e eficazes a serem realizadas. ”
Responsabilidade pastoral e eclesial
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O Pontífice pediu que o encontro
tivesse a incumbência do “peso da responsabilidade pastoral e eclesial que nos
obriga a discutir juntos, de maneira sinodal, sincera e aprofundada sobre como
enfrentar esse mal que aflige a Igreja e a humanidade. O santo Povo de Deus nos
vê e espera de nós não simples e evidentes condenações, mas medidas concretas e
eficazes a serem realizadas. São necessárias medidas concretas”, acrescentou
Francisco.
O Papa enalteceu, então, que o
percurso de todos através desse encontro, no Vaticano, começa “armados da fé e
do espírito de máxima parresia, de coragem e concretude”.
Como subsídio, disse Francisco, “me
permito compartilhar com vocês alguns importantes critérios, formulados pelas
diversas Comissões e Conferências Episcopais que chegaram até nós. São
orientações para ajudar a nossa reflexão que serão entregues a vocês. São um
simples ponto de partida que veio de vocês e volta para vocês”.
Transformar o mal em consciência e
purificação
O Papa Francisco, então, agradeceu a
Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, a Congregação para a Doutrina
da Fé e os membros da Comissão Organizadora pelo “excelente trabalho
desenvolvido com grande empenho em preparar este encontro”. E o Pontífice
finalizou:
“
Peço ao Espírito Santo de nos sustentar nestes dias e de nos ajudar a
transformar esse mal em uma oportunidade de consciência e de purificação. A
Virgem Maria nos ilumine para buscar curar as graves feridas que o escândalo da
pedofilia causou seja nos pequenos que nos crentes. ”
Ouvir as vozes das vítimas
Os trabalhos do encontro iniciaram
com uma oração, durante a qual alguns testemunhos de vítimas foram
compartilhados – de quem não pôde falar ou foi silenciado. Os presentes na
conferência elevaram as próprias orações para que cada um pudesse ouvir aqueles
que “foram violados e feridos, maltratados e abusados”, reconhecendo “as
feridas do povo para que seja feita justiça”.
“Não consentir que os nossos
fracassos”, foi a oração ao Senhor, “façam os homens perderem a fé em ti e no
teu Evangelho”. Um longo e denso silêncio seguiu a uma das experiências que
foram lidas:
“Ninguém
me escutava; nem os meus pais, nem os meus amigos, nem depois as autoridades
eclesiásticas. Não me escutavam e nem mesmo o meu choro. E eu me questiono: por
quê? E me questiono por que Deus não me escutou?”
Fonte:
Vatican News
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