Teve
lugar na Sala de Imprensa da Santa Sé, a coletiva de apresentação do Encontro
sobre "A proteção dos menores na Igreja", que terá lugar na Sala nova
do Sínodo, no Vaticano, entre os dias 21 e 24 de fevereiro de 2019.
Barbara Castelli, Silvonei José - Cidade
do Vaticano
"A
negação é um mecanismo primitivo, mas devemos afastar-nos do código do
silêncio, quebrar a cumplicidade, porque o silêncio não é aceitável".
Respondendo às perguntas dos jornalistas, dom Charles J. Scicluna, arcebispo de
Malta, secretário adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé e membro da
Comissão Organizadora, chamou a atenção para as intenções do Encontro sobre
"A proteção dos menores na Igreja", no Vaticano entre os dias 21 e 24
de fevereiro próximo. Durante a coletiva de apresentação na Sala de Imprensa
Vaticana, o prelado esclareceu que o encontro, parte de um caminho iniciado há
algum tempo, quer criar as condições certas, para que depois haja um
concreto "follow-up": os bispos retornarão às suas dioceses para
continuar o trabalho, para elaborar "procedimentos", cientes de suas
responsabilidades. Quando se trata de "proteção da inocência",
insistiu ele, "não devemos desistir": é preciso encontrar soluções
sempre mais adequadas para este problema, para que "a Igreja seja um lugar
seguro para todos, especialmente para as crianças". Dom Charles J.
Scicluna também falou de "expectativas" sobre este encontro,
afirmando que se pode partir de "expectativas razoáveis": em
"três dias", na verdade, não poderão ser resolvidos todos os problemas,
fundamental será depois a declinação nas realidades individuais das decisões
tomadas.
Um novo amanhecer sobre a transparência
Às perguntas dos muitos jornalistas presentes respondeu também o
cardeal Blase J. Cupich, arcebispo de Chicago e membro da Comissão
organizadora, que falou de um "novo amanhecer no que diz respeito à
transparência". O cardeal explicou que os bispos presentes, em sua maioria
presidentes das Conferências episcopais, devem entender claramente quais são as
suas responsabilidades neste horizonte, e que um "programa de
proteção" pontual poderá evitar que se repita o que aconteceu no passado.
O cardeal Blase J. Cupich destacou que muitos dos que tomarão parte no Encontro
no Vaticano tiveram encontros com as vítimas, como solicitado pelo próprio Papa
Francisco, e que cada um "traz no coração as feridas" daqueles que
foram abusados por membros da Igreja. Entre os temas tratados pelo arcebispo de
Chicago, também o tema da homossexualidade que, especificou, não é "causa
de abusos"; e os adequados métodos de “screening” (triagem) a serem
colocados em ato para aqueles que querem entrar no seminário, de modo que seja
impedida a entrada daqueles "a risco" "de casos de abusos sobre
menores".
Números e contextos
Quanto à possível publicação de dados e estatísticas sobre
vítimas de abusos e sobre o comportamento adotado pelos membros da Igreja para
enfrentar o problema, dom Charles J. Scicluna disse que é uma escolha que
provavelmente será feita, mas que "não basta publicar os números, é necessário
um estudo aprofundado para dar um contexto". Sobre o procedimento para
denunciar casos de abusos ou a conduta de "bispos negligentes",
recordou a Carta apostólica em forma de "motu proprio" do Papa
Francisco "Como uma mãe amorosa".
A dinâmica do Encontro sobre a proteção dos menores foi
apresentada pelo padre Federico Lombardi, presidente da Fundação vaticana
Joseph Ratzinger - Bento XVI e moderador. Os três dias de discussão serão
dedicados cada um a um tema específico: a responsabilidade dos bispos; a
chamada “accountability”, isto é, a quem os bispos e superiores das ordens
religiosas devem prestar contas; e a transparência. Os 190 presentes na Sala
nova do Sínodo ouvirão de quinta a sábado três conferências por dia, feitas
também por três mulheres, seguidas de perguntas e respostas e trabalhos em
grupo. Depois, haverá testemunhos dos sobreviventes e momentos de oração, na
abertura e no encerramento do dia. O Papa Francisco abrirá os trabalhos com uma
introdução e os encerrará no domingo com um discurso após a missa. A celebração
eucarística terá lugar na Sala Regia às 9h30 e a homilia será pronunciada pelo
arcebispo Mark Coleridge, presidente da Conferência Episcopal da Austrália.
Outro momento litúrgico terá lugar no sábado à tarde, com a liturgia
penitencial. A Comissão organizadora, disse o padre Federico Lombardi, também
se reunirá, em forma privada, com representantes das associações das vítimas.
Uma mão estendida à informação
Foi ativado, entretanto, o site oficial do evento - pbc2019.org
- que continuará sendo um "instrumento para desenvolver as iniciativas
futuras". Padre Hans Zollner, presidente do Centro para a Proteção dos
Menores da Pontifícia Universidade Gregoriana, membro da Pontifícia Comissão de
Proteção dos Menores e referente da Comissão Organizadora, ilustrou o portal,
que será atualizado regularmente, e o questionário proposto aos participantes.
Irmã Bernadette Reis, assistente do diretor interino da Sala de Imprensa da
Santa Sé, Alessandro Gisotti, enfim, anunciou que será distribuído um kit à
imprensa para ajudar o trabalho da mídia.
Fonte: Vatican News
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