Cardeal
Timothy Dolan. Foto: Flickr Boston Catholic / Andrew Cuomo. Foto: Metropolitan
Transportation Authority of the State of New York - Wikipedia (CC BY 2.0)
NOVA IORQUE, 09 Fev. 19 / 05:00 am (ACI).- O governador de
Nova York, Andrew Cuomo, acusou o Arcebispo da cidade, Cardeal Timothy Dolan,
de fazer parte da "direita religiosa", que busca fazer oposição ao
"direito" ao aborto no
estado, o que levou o Cardeal a dar uma resposta magistral.
Em um artigo intitulado "É
necessário rejeitar o ataque de Trump contra o direito ao aborto",
publicado em 6 de fevereiro em The New York Times, Cuomo falou contra as
críticas que recebeu por causa da lei aprovada pelo estado de Nova York, que
permite o aborto durante toda a gravidez e permite inclusive deixar o bebê
morrer caso sobreviva à prática.
Cuomo acusou o presidente Trump de
fazer parte da "extrema direita" e assinalou a "direita
religiosa" por estar "atacando os direitos constitucionais das
mulheres" quando criticam a lei do aborto em Nova York, já que em sua
opinião o que procuram é "pôr fim a todos os abortos legais em nossa
nação".
Segundo o governador, a lei que
aprovou "está disponível" para "proteger a vida ou a saúde das
mulheres", e criticou que tenham sido eleitos para o Supremo Tribunal
"dois juízes da extrema direita que manifestaram sua oposição" à
sentença Roe vs. Wade que legalizou o aborto em 1973.
"Enquanto o Cardeal Timothy
Dolan, Arcebispo de Nova York, e a IgrejaCatólica são anti-choice ("anti-escolha"
termo com o qual qualificam os pró-vidas), a maioria dos norte-americanos,
incluindo os católicos são pro-choice("pró-escolha" ,
termo com o qual são chamados os pró-aborto). Dos 73% dos nova-iorquinos que
apoiam a sentença Roe vs. Wade, 59% são católicos. O mesmo governo que aprova
leis que estejam de acordo com os ensinamentos religiosos, não aprova leis que
sejam consistentes com os ensinamentos de qualquer religião em particular”,
escreveu Cuomo.
O governador disse que foi
"educado em escolas religiosas e fui acólito. Meus valores católicos
romanos são meus valores pessoais. As decisões que tomo em minha vida ou quando
aconselho minhas filhas são baseadas em minhas crenças religiosas e morais”. No
entanto, "minha religião não pode exigir favoritismo quando realizo meus
deveres políticos", afirmou.
A resposta do Cardeal Dolan
Em um post publicado em 7 de
fevereiro em seu site e intitulado "Escondendo-se em etiquetas", o
Cardeal Dolan respondeu ao governador Cuomo.
"Isso é algo novo para o
governador. Ele não me considerou parte da ‘direita religiosa’ quando procurou
minha ajuda para aumentar o salário mínimo, para a reforma penal, para a
proteção dos trabalhadores migrantes, para dar as boas-vindas aos imigrantes e
refugiados, ou para defender programas educacionais para os presos do estado.
Apoiei feliz todas estas ocasiões porque são também nossas causas. Acho que fiz
parte da ‘esquerda religiosa’ nesses casos", escreveu o Cardeal.
O Arcebispo de Nova York recordou que
"os direitos civis dos bebês no ventre indefesos e inocentes, como disse o
governador liberal e democrata da Pensilvânia, Robert Casey, não tem nada a ver
com a direita contra a esquerda, mas tem a ver com o que é correto contra o que
é incorreto”.
"Como o governador Casey também
diz: 'Eu não aprendi minhas crenças pró-vida em minhas aulas de religião em uma
escola católica, mas em minhas aulas de biologia e Constituição'".
"Sim, a religião é pessoal, mas
não é privada, como demonstrou eloquentemente a vida de luta pelos direitos
civis do Dr. Martin Luther King", escreveu o Cardeal Dolan.
"A fé professada pelo governador
Cuomo ensina que a discriminação contra os imigrantes é imoral. Isso significa
que ele não pode deixar que esse princípio moral guie suas políticas públicas?
Certamente não ", acrescentou.
Para concluir, o Cardeal encorajou o
governador de Nova York a "debater o aborto pelo que é. Não se esconda em
etiquetas como 'esquerda' ou 'católico'".
Fonte:
ACI Digital
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