Por Diego López Marina
Imagem referencial / Crédito:
Facebook Voluntad Popular
CARACAS, 01 Fev. 19 / 10:30 am (ACI).-
O presidente da Comissão de Justiça e Paz da Conferência Episcopal Venezuelana
(CEV), Dom Roberto Lückert, se pronunciou sobre a denúncia de que mais de 80
menores foram detidos pelo regime do presidente Nicolás Maduro.
"A informação ainda é muito vaga.
O que eu sei é que adolescentes foram presos como se fossem ‘terroristas’
durante as manifestações. Neste momento, há uma informação dupla, uma por parte
das pessoas atingidas, ou seja, as famílias e testemunhas da atitude
repressiva, e outra são os testemunhos dos meios de comunicação”.
"Sobre os testemunhos ligados ao
governo, afirma-se que (os manifestantes) estão inventando, provocando as
pessoas, que fazem terrorismo, que querem um golpe de Estado. Agora há uma
terrível repressão nas ruas pelo governo", expressou Dom Lückert em
entrevista ao Grupo ACI em 31 de janeiro.
Dois deputados e uma advogada membros
da ONG Coalizão pelos Direitos Humanos denunciaram em 28 de janeiro a prisão de
mais de 80 menores. Isso teria acontecido depois das manifestações em massa que
ocorreram no dia 23 de janeiro em todo o país e que foram convocadas pela
oposição.
Segundo as Nações Unidas, desde
então, pelo menos 850 pessoas foram presas, o maior número de prisões nos
últimos 20 anos. Informaram também que 40 pessoas morreram.
"Se a prisão (de crianças) for
verdadeira, a razão pela qual o fizeram é a chantagem, chantagear as pessoas
por meio das crianças, isto é, deixá-las com medo. 'Se vocês não controlam seus
filhos adolescentes, então nós vamos prendê-los’. O pior é que muitas vezes os
pais não sabem onde estão presos", explicou o Prelado.
Dom Lückert disse que a participação
nas manifestações foi totalmente voluntária e que ele compareceu na que foi
realizada em sua cidade, Coro.
"Eu fui para a manifestação em
Coro, subi ao palco, li um documento, insistindo na realidade do país, porque,
como Arcebispo Emérito de Coro, tenho um povo que sofre de fome, falta de
medicamentos, perseguições, pobreza e, sobretudo, um governo muito mentiroso",
indicou.
Finalmente, Dom Lückert disse que
"o governo tentou fazer uma contramanifestação, mas não deu certo por
causa da grande presença de um povo que estava protestando por seus
direitos".
A crise na Venezuela se agravou nas
últimas semanas após Nicolás Maduro, presidente do país desde 2013, assumir
novamente o cargo no dia 10 de janeiro para um novo mandato.
Maduro ganhou as controversas
eleições presidenciais de 2018, cujo resultado não foi reconhecido por diversos
países.
Depois de sua posse, o Conselho
Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) declarou o presidente
Maduro como ilegítimo e fez um chamado para que se realizem novas eleições.
Em 23 de janeiro, Juan Guaidó,
presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, órgão legislativo não
reconhecido por Maduro e que foi substituída por ele pela Assembleia
Constituinte, foi declarado presidente interino.
Donald Trump, presidente dos Estados
Unidos, reconheceu no dia 24 de janeiro Guaidó como presidente interino da
Venezuela, enquanto países como a Rússia, Cuba e México expressaram seu apoio
ao regime Maduro.
O Parlamento Europeu e outros países
latino-americanos, como Peru, Colômbia, Equador, Brasil e Argentina, também
expressaram seu apoio a Guaidó.
Por outro lado, no dia 31 de janeiro,
a União Europeia anunciou a criação do chamado "Grupo de Contato de países
europeus e latino-americanos" que terá "90 dias" de duração e
busca desta maneira encontrar uma solução para a crise da Venezuela por meio de
eleições.
Manifestações convocadas pela
oposição reuniram multidões em todos os estados do país, inclusive na capital
Caracas, para protestar contra Maduro.
Fonte: ACI Digital
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