Mateus 2, 1-12
EPIFANIA DO SENHOR
A liturgia da
Igreja, celebra, hoje, com toda solenidade, a Festa da Epifania do Senhor, ou
seja, a manifestação de Deus em nossa terra , em nossa realidade humana. Com a
Epifania a salvação é para todos os povos e culturas.
O relato da
Epifania, feito por Mateus (2,1-12), situa Jesus no tempo e no espaço, nos dias
do rei Herodes. A história é o lugar por excelência de vida cristã neste mundo.
A história vivida por Jesus não é a mesma, escrita nem imaginada pelos poderosos.
Na perspectiva cristã da história, cada momento é carregado de eternidade. A
ótica de Herodes é bem outra. Ficou alarmado com a noticia de que os magos não
iam à procura de Jesus. Usou técnica usual dos poderosos: consultar
informações, previsões (convocou os sumos sacerdotes e os escribas do povo),
mas deu pouca importância de conhecimento real do que estava acontecendo. Não
foi a Belém. Os magos entenderam que a glória de Jesus não está na oferta do
ouro, incenso e mirra, riquezas e perfumes da Arábia, mas na ida a Belém, à sua
procura. Ante o menino e sua mãe, compreenderam que sua aliança não era mais
com os poderosos com quem antes haviam se encontrado. Belém, pois, significa
compreender que Jesus nasceu na História humana para aqueles que o procuram de
todo coração, para os pobres, os marginalizados, os que sofrem, os que sonham
viver a unidade dos cristãos e têm coragem de enfrentar desafios, a fim de que
essa unidade humana se concretize. A perspectiva universal dessa unidade se
vive no amor e na paz.
Para
entendermos bem o evangelho de hoje, é necessário conhecer alguns termos
apresentados: A) Os magos. Eles vinham do Oriente para adorar o Rei Jesus.
Esses magos eram astrólogos, vindos da Pérsia ou da Babilônia. Eram
considerados pagãos e excluídos d Reino de Deus, mas são os primeiros a
reconhecer Jesus como o Rei dos judeus. Guiados pela estrela, ao encontrarem o
Menino Jesus, sentiram grande alegria e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso
e mirra. B) Herodes. A preocupação de Herodes para com o menino não era para reconhecê-lo
e adorá-lo, mas com a finalidade de eliminá-lo. Jesus desde criança já era
recusado pelos grandes do mundo. C) A estrela. A estrela dos magos não era
certamente um astro especial do céu, uma conjugação do planeta júpiter com
saturno, como pensava Kleper, um cometa, como sempre costumava acontecer,
segundo os antigos, toda vez que nascia alguém importante, como apareceu no
nascimento de Augusto. Porém a estrela dos magos era um sinal de Deus, era luz
de Cristo, iluminando o coração daqueles sábios, uma luz interior apresentada
simbolicamente como estrela do céu. O certo é que a luz de Deus brilhou para o
mundo. Para todo o mundo.
Meditando
sobre o evangelho em todo o seu conjunto, nos vem uma pergunta: Jesus é perigo
ou salvação para o mundo? Jesus é perigo para alguns como Herodes-medo de
perder o poder, pois na realidade, Jesus era uma ameaça para o prestígio e
mordomias de Herodes. Jesus é salvação para todos aqueles que se abrem para a
graça de Deus (magos, pagãos) Jesus é o
Rei Salvador, prometido pelas escrituras: a sua vinda desperta reações
diferentes: Em Herodes – medo, perturbação; nos magos – alegria.
Celebremos
pois com júbilo e gratidão a Deus, a epifania de Jesus, que se manifesta na
busca espiritual que hoje se espalha por toda a terra, na luta pela paz,
unidade e comunhão, e pela preservação da natureza e principalmente do ser
humano criado à imagem e semelhança de Deus.
Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente
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