"O
caminho de Jesus para o Calvário é um caminho de sofrimento e solidão que
continua em nossos dias. Ele caminha e sofre em tantos rostos que padecem a
indiferença da nossa sociedade", disse Francisco.
Mariangela Jaguraba - Cidade do
Vaticano
O Papa Francisco participou da
Via-Sacra com os jovens, nesta sexta-feira (25/01), realizada no Campo Santa
Maria la Antigua, situado na orla marítima, em Cidade do Panamá. O evento
contou com a participação de 400 mil pessoas.
“O caminho de Jesus para o Calvário é
um caminho de sofrimento e solidão que continua em nossos dias. Ele caminha e
sofre em tantos rostos que padecem a indiferença satisfeita e anestesiante da
nossa sociedade que consome e se consome, que ignora e se ignora na dor de seus
irmãos”, disse o Pontífice em seu discurso.
Fácil cair na cultura
do bullying
Segundo o Papa, “também nós, amigos
do Senhor, nos deixamos levar pela apatia e inatividade. Tantas vezes nos
derrotou e paralisou o conformismo. Foi difícil reconhecer o Senhor no irmão
sofredor: desviamos o olhar, para não ver; refugiamo-nos no barulho, para não
ouvir; tapamos a boca, para não gritar”.
LEIA TAMBÉM
Francisco disse ainda que é mais
fácil e vantajoso “ser amigo nas vitórias e na glória, no sucesso e no aplauso.
É mais fácil estar próximo a quem é considerado popular e vencedor. Como é
fácil cair na cultura do bullying, do assédio e da intimidação!”
A Via-Sacra de Jesus se prolonga
Para o Pontífice, a Via-Sacra de
Jesus se prolonga hoje “no grito sufocado das crianças impedidas de nascer e
daquelas que não têm o direito de ter uma infância, uma família, uma instrução;
que não podem brincar, cantar e sonhar; nas mulheres maltratadas, exploradas e
abandonadas, despojadas e ignoradas na sua dignidade; nos olhos tristes dos
jovens que veem suas esperanças de futuro serem arrebatadas por falta de instrução
e trabalho digno; na angústia de rostos jovens que caem nas redes de pessoas
sem escrúpulos, redes de exploração, criminalidade e abuso que se alimentam de
suas vidas”.
A Via-Sacra de Jesus se prolonga “em
tantos jovens e famílias absorvidos numa espiral de morte por causa da droga,
do álcool, da prostituição e do tráfico humano, nos jovens com rostos franzidos
que perderam a capacidade de sonhar, criar e inventar o amanhã, na solidão
resignada dos idosos abandonados e descartados, nos povos nativos, despojados
de suas terras, raízes e culturas, silenciando e apagando toda a sabedoria que
possam oferecer, no grito da mãe Terra ferida em suas entranhas pela
contaminação da atmosfera, a esterilidade de seus campos, o lixo de suas águas,
e se vê espezinhada pelo desprezo e o consumo enlouquecido que ignora razões.
Prolonga-se numa sociedade que perdeu a capacidade de chorar e
comover-se diante do sofrimento”.
Como reagimos diante de Jesus que
sofre?
“Jesus continua caminhando,
carregando e padecendo em todos esses rostos, enquanto o mundo, indiferente,
consuma o drama da sua própria frivolidade”, destacou o Papa.
“E nós, Senhor, o que fazemos?”,
perguntou Francisco. “Como reagimos diante de Jesus que sofre, caminha, emigra
no rosto de tantos amigos nossos, de tantos desconhecidos que aprendemos a
tornar invisíveis? Permanecemos aos pés da cruz, como Maria?”
“Queremos
ser uma Igreja que apoia e acompanha, que sabe dizer: estou aqui, na vida e nas
cruzes de tantos cristos que caminham ao nosso lado”, concluiu
o Papa.
Fonte: Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário