Depois que o presidente Jair Bolsonaro assinou na terça-feira, 15, em cerimônia no Palácio do Planalto, um decreto que facilita a posse de armas de fogo, o arcebispo de Olinda e Recife, dom Antônio Fernando Saburido escreveu um artigo intitulado “A Paz é fruto da justiça”, no qual expõe sua opinião sobre a decisão. Além disso, o arcebispo fala também sobre as outras promessas de campanha do presidente, como a redução da maioridade penal para 16 anos, que de acordo com ele, ao invés disso, deveria haver empenho para investimento na área da educação e cultura, sobretudo das crianças, adolescentes e jovens, em situação de vulnerabilidade.
“Qualquer nação que se preza sabe, perfeitamente, que somente um povo bem educado poderá evoluir individual e comunitariamente, sem esquecer a educação da fé. É o único caminho a trilhar para garantir um Brasil melhor, próspero e pacífico”, disse.
Para o bispo, atualmente, os meios de garantir maior lucro às indústrias de armas pessoais é a violência cotidiana. “De fato, esta tem aumentado e sempre provoca insegurança e a revolta das pessoas. Disseminar armas entre os cidadãos, porém, não somente não diminuirá a violência, como, ao contrário, ainda mais a agravará, basta ver o exemplo de outros países”, disse. De acordo com ele, as empresas fabricantes de armas é que ganharão com essas medidas.
Dom Saburido cita em seu artigo que há dez anos, em 2009, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tomou como tema da CF “A Fraternidade e Segurança Pública” e o lema “A paz é fruto da justiça”, isso significa de acordo com ele, que a segurança pública não se resolverá apenas por medidas policiais e menos ainda por linguagens que incitam a violência e o ódio em meio às pessoas. “De acordo com a Bíblia, só o cuidado com a justiça social e uma educação para o respeito aos direitos de todos, podem nos conduzir ao Brasil que desejamos e com o qual sonhamos”, argumenta.
O arcebispo de Olinda e Recife espera que todos os irmãos e irmãs que constituem as forças vivas de sua arquidiocese, padres, religiosos e leigos, saibam discernir o que é correto e justo e não deem um testemunho contrário ao espírito do Evangelho. “Recordo a todos que os nossos exemplos de pastores devem ser Dom Hélder Câmara, servo de Deus que liderou no Brasil a Ação Justiça e Paz através da não violência e o bispo Dom Oscar Romero, agora canonizado, que deu a vida para acabar com a violência em El Salvador”, finaliza o bispo.
Fonte: CNBB
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