Não
cuidar da Casa Comum "é uma ofensa ao Criador, um atentado contra a
biodiversidade e, definitivamente, contra a vida": Repam publica nota
sobre a tragédia em Minas Gerais.
Brasília
O cardeal Cláudio Hummes,
presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil, assinou uma nota
lamentando o rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, em
Brumadinho/MG.
No texto, o arcebispo emérito de São
Paulo/SP alerta para as consequências da atividade de mineração, recorda o
desastre de Mariana/MG, há três anos, e adverte para os interesses de projetos
na Amazônia, “nova fronteira mineral cobiçada por grupos internacionais e
ofertada pelo governo brasileiro à custa das populações tradicionais, com
riscos a terras indígenas já demarcadas”.
NOTA DA REPAM SOBRE O ROMPIMENTO DE
BARRAGEM EM BRUMADINHO
Não cuidar da Casa Comum <<é
uma ofensa ao Criador, um atentado contra a biodiversidade e, definitivamente,
contra a vida>> (DAp 125)
Mais uma vez famílias choram por seus entes queridos e a Terra geme em dores de parto. Após três anos, Minas Gerais enfrenta outro desastre ambiental causado pela atividade de mineração, tendo a mesma empresa como protagonista. A Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil, cuja inspiração e serviço situam-se na espiritualidade da ecologia integral, manifesta solidariedade às vítimas e familiares afetados pelo rompimento da barragem de rejeitos de mineração no município de Brumadinho/MG.
Mais uma vez famílias choram por seus entes queridos e a Terra geme em dores de parto. Após três anos, Minas Gerais enfrenta outro desastre ambiental causado pela atividade de mineração, tendo a mesma empresa como protagonista. A Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil, cuja inspiração e serviço situam-se na espiritualidade da ecologia integral, manifesta solidariedade às vítimas e familiares afetados pelo rompimento da barragem de rejeitos de mineração no município de Brumadinho/MG.
Também lamentamos e nos sentimos
estarrecidos com as consequências desta atividade que ignora as indicações da
Igreja, as quais incentivam uma economia a serviço da vida humana e dos
ecossistemas com sua grande biodiversidade (Carta Pastoral do CELAM –
Discípulos Missionários Guardiões da Casa Comum, 93).
Não é possível dissociar a relação do
acontecido desta sexta-feira com o desastre de Mariana, cada um com suas
terríveis proporções na vida dos mais pobres e consequências para o meio
ambiente. Este é mais um crime ambiental que nasceu e se consolidou pela impunidade
dos anteriores. O que sucedeu do rompimento da barragem em Mariana ainda não
foi reparado e os responsáveis não foram criminalmente punidos. Infelizmente, a
lógica do rigor contra os infratores da lei ataca cada vez mais os pequenos e
poupa o grande capital.
Chama atenção o fato de o próprio
licenciamento da mina Córrego do Feijão e de sua barragem de rejeitos estar
impreciso e contraditório. A aprovação da expansão da exploração na área teve
forte resistência da comunidade local.
Com os bispos do Brasil, reforçamos a
ideia de que a “atividade mineradora no Brasil carece de um marco regulatório
que tire do centro o lucro exorbitante das mineradoras ao preço do sacrifício
humano e da depredação do meio ambiente com a consequente destruição da
biodiversidade” (Nota da CNBB sobre o rompimento da barragem de Fundão,
25/11/2015).
Consideramos importante também salientar que estamos num contexto político de flexibilização das leis ambientais e de desmanche dos procedimentos de licenciamento ambiental. A atenção para esta realidade também deve estar voltada para a Amazônia, nova fronteira mineral cobiçada por grupos internacionais e ofertada pelo governo brasileiro à custa das populações tradicionais, com riscos a terras indígenas já demarcadas.
Consideramos importante também salientar que estamos num contexto político de flexibilização das leis ambientais e de desmanche dos procedimentos de licenciamento ambiental. A atenção para esta realidade também deve estar voltada para a Amazônia, nova fronteira mineral cobiçada por grupos internacionais e ofertada pelo governo brasileiro à custa das populações tradicionais, com riscos a terras indígenas já demarcadas.
A ação das empresas mineradoras é
conhecida pelas violações dos direitos humanos das populações indígenas ou
originárias, tradicionais e campesinas, principalmente as da Amazônia, “onde
tendem a ocupar, sem consulta prévia e com o apoio dos Estados, os territórios
dessas populações, confinando-as em espaços de vida cada vez mais reduzidos,
limitando, assim, as possiblidades de acesso a seus meios tradicionais de
subsistência e destruindo suas culturas”. (Carta Pastoral do CELAM – Discípulos
Missionários Guardiões da Casa Comum, 41)
As perspectivas de expansão dos projetos de mineração na Amazônia serão à custa da segurança da população e do meio ambiente, mais uma vez por conta do contexto político brasileiro, no qual a análise dos riscos tende a ser minimizada e os órgãos de fiscalização e monitoramento enfraquecidos, preferindo-se o automonitoramento das próprias empresas.
As perspectivas de expansão dos projetos de mineração na Amazônia serão à custa da segurança da população e do meio ambiente, mais uma vez por conta do contexto político brasileiro, no qual a análise dos riscos tende a ser minimizada e os órgãos de fiscalização e monitoramento enfraquecidos, preferindo-se o automonitoramento das próprias empresas.
Depositamos a nossa esperança de mais
justiça e cuidado com a Casa Comum Naquele que veio para que todos tenham vida,
e a tenham em abundância (cf. João, 10, 10b).
Brasília, 25 de janeiro de 2019
Cardeal Cláudio Hummes
Arcebispo Emérito de São Paulo/SP
Presidente da REPAM-Brasil
Fonte: Vatican News
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