Missa de Boas Vindas aos peregrinos
no Campo Santa María la Antigua no Panamá. Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa
PANAMÁ, 22 Jan. 19 / 08:11 pm (ACI).- Como já é tradição
nas JMJs, a missa de
boas-vindas aos peregrinos da JMJ Panamá 2019 foi celebrada pelo Arcebispo do
Panamá, lugar que este ano acolhe o evento e que foi a primeira diocese em
terra firme do continente americano. Em sua homilia, Dom José Domingo Ulloa
Mendieta, recordou aos jovens o exemplo de disponibilidade aos planos de Deus
de Maria, Mãe de Jesus e afirmou que a santidade é possível.
Confira o texto na íntegra da homilia de Dom
José Domingo Ulloa Mendieta, O.S.A., Arcebispo Metropolitano de Cidade do
Panamá:
HOMILIA DA MISSA DE BOAS VINDAS AOS PEREGRINOS
22 de janeiro de 2019, Campo Santa María La Antigua
Queridos jovens peregrinos e povo de Deus:
Nosso gozo é imenso ante a presença de todos vocês.
hoje os recebemos com o coração e os braços
abertos. Obrigado por aceitar o
chamado de nos encontrar neste pequeno país, no
qual a fé chegou de
mão dada à Virgem Maria, sob o título
de Santa Maria La Antigua. Um
país que fez seu melhor esforço para que cada um de
vocês tenham
um encontro com Jesus Cristo: Caminho, Verdade
e Vida.
SOMOS A PRIMEIRA DIOCESIS EM TERRA FIRME das
Américas, e daqui se irradiou o evangelho ao resto do continente americano,
sempre sob o amparo da
Virgem Maria, a Mãe. Ela sempre nos acompanhou, por
isso não é
estranho que esse encontro com Jesus Cristo nesta
Jornada Mundial da
Juventude, seja Maria quem nos tenha animado e nos
seguirá animando para a
celebração deste histórico evento, que viveremos
todos unidos: os
jovens do mundo.
Damos graças a Deus, por ser a sede da primeira
Jornada Mundial da
juventude onde Maria -“a estrela da evangelização”-
foi proposta
a vocês como modelo de valentia e coragem, que
esteve disponível para
cumprir com o projeto de Deus, para o qual foi
escolhida e cuja
resposta é o lema desta JMJ: “Eis aqui a serva do
Senhor, faça-se em
minha segundo sua palavra”.
OBRIGADO PAPA Francisco, por confiar e nos dar a
oportunidade de fazer
uma Jornada para a juventude das periferias
existenciais e geográficas.
Desejamos que seja um bálsamo para a difícil
situação com a que convivem
sem esperanças muitos deles, especialmente a
juventude indígena e
afrodescendente, a juventude que migra devido à
resposta quase nula de seus
países de origem, que os lançam a semear suas
esperanças em outros países, expondo-os ao narcotráfico, o tráfico de seres
humanos, a delinquência e tantos outros males sociais.
Vocês peregrinos são muito importantes para a Igreja Católica,
bem como para outras comunidades de fé em nosso
país, mas particularmente para aquela em comunhão com o Secretariado do
Episcopado da América Central, o qual compreende todos os bispos da região. Por
vocês toda uma maquinaria humana se organizou para fazer possível que vocês
tivessem as condições mínimas necessárias para viver sua peregrinação neste
pequeno país.
Vocês queridos peregrinos de distintos países de
nosso planeta Terra,
encontrarão no Panamá um pedacinho do mundo
inteiro. Nossa história de
serviço, de ser ponto de encontro, de unidade na
diversidade, sem
distinção de credo, raça, idade, sexo, converte-nos
em uma nação
abençoada.
Graças à sua presença, este país é a partir de
agora a capital da juventude
do mundo, no qual o forte calor humano, e também o
calor próprio desta época,
criam condições propícias para que possam conviver
entre seus pares compartilhando sonhos, esperanças e projetos, que pela força
do Espírito Santo, comprometam-nos a fazer a revolução do amor, que não será
fácil, mas tampouco é impossível se colocarmos nossa confiança em Deus.
Que país encontrarão os peregrinos?
Uma amostra do que viverão os peregrinos neste
pequeno país, já tiveram
os que participaram da experiência dos dias nas
diocese tanto no
Panamá como na Costa Rica.
Nosso povo está pronto para recebê-los, para
compartilhar suas
tradições, a riqueza multiétnica e pluricultural,
mas de forma muito especial,
compartilhar a alegria da fé em um Deus, que está
atuando entre
nós, em nossa história pessoal e comunitária.
Nas paróquias e nos lares de acolhida houve toda a
preparação
necessária para dar o melhor de nós, o carinho, a
proximidade, a
fraternidade, e adotá-los como verdadeira família,
a família de Deus.
Disponibilidade à escuta de Deus
Nestes dias da JMJ terão a oportunidade de estar
nas catequeses
com bispos de diferentes países; contarão com uma
formação interessante;
o Parque do Perdão, onde estão os lugares para a
confissão; reconciliar-se
com Deus; o Festival da Juventude onde a variedade
do talento dos
distintos países oferecem umas possibilidades para
alimentar o espírito. E o
encontro tão especial com Jesus Eucaristia,
alimento espiritual para
enfrentar os desafios da vida.
Este encontro de vocês jovens com Jesus Cristo deve
levá-los a
confrontação consigo mesmos e com a doutrinação do
sistema de
anti-valores que impera sustentado na busca de uma
falsa felicidade,
que é tão fugaz que os leva a experimentar
desesperadamente muitas coisas
que prejudicam a mente e o espírito e que ao final
não chegam a preencher
o vazio existencial.
Jovens: O chamado segue vigente, perene, intenso,
pleno de uma ternura
que só Cristo sabe comunicar. Possivelmente como
Igreja não pudemos
lhe transmitir isto com a claridade suficiente,
porque às vezes os adultos
pensamos que os jovens não querem escutar, que são
surdos e estão
vazios. Entretanto a realidade é outra. Os jovens
carecem de orientação,
acompanhamento, mas acima de tudo de quem os possa
escutar.
Sabemos que vocês não se deixam impressionar
facilmente. Não funcionam
as frases feitas, os discursos teatrais ou os
slogans desenhados para
aflorar suas emoções.
Sabemos que da mesma forma que nos tempos de Jesus,
os jovens procuram
testemunhas, referências cheias de conteúdo e
experiência; com caminho
percorrido a pé, com muitos quilômetros de
trajetória, e não um Deus aprendido e intelectualizado; vocês procuram quem
lhes mostre Deus com a própria vida e não quem lhes fale de Deus.
Jovens verdadeiros protagonistas da JMJ
Na Igreja estamos à espera desta primavera juvenil.
Confiamos em
vocês, esperamos muito de vocês, porque estamos
plenamente
convencidos, que os verdadeiros protagonistas das
mudanças e das
transformações que a humanidade e a Igreja requerem
estão entre vocês e confiamos
em suas capacidades, na sua visão de um mundo melhor.
em suas capacidades, na sua visão de um mundo melhor.
Para assumir este grande desafio devem preparar-se
em consciência conhecendo
sua história pessoal, familiar, social e cultural,
mas sobre tudo sua história
de fé. Só assim, de mão dada aos seus avós e seus
pais, poderão
transformar com a alegria do evangelho aquelas
situações de injustiça e
de desigualdade, que ferem a sociedade.
A Virgem Maria, a jovenzinha de Nazaré, é um modelo
confiável a ser seguido
por sua disponibilidade e serviço ao plano de Deus.
É aquela jovem que se
atreveu a dar o SIM ao projeto de Deus, não temeu,
apesar do que
aquilo implicava e em meio aos riscos do que aquilo
significava naquele tempo.
Mas ainda assim, disse sim, porque Ela conhecia a promessa de Deus
Mas ainda assim, disse sim, porque Ela conhecia a promessa de Deus
feita a seu povo, que haveria de enviar o Salvador.
Sua vida de fé lhe deu a
força e a confiança em Deus que a sustentou para
assumir a missão de ser
mãe do Deus feito homem.
mãe do Deus feito homem.
Nos olhos de Maria, cada jovem pode redescobrir a
beleza do
discernimento; em seu coração pode experimentar a
ternura da
intimidade e a valentia do testemunho e da missão.
Por isso, esta JMJ foi confiada a Maria. Confiar em
Maria não é apenas
pedir que nos ajude ou pedir sua intercessão em
tudo; é também atuar
como Ela. Imitemos sua disponibilidade a servir,
como fez com sua prima
Isabel. Estejamos dispostos a que uma espada nos
atravesse o coração
como aconteceu com Maria, ao viver a paixão de seu
Filho e esperar pacientemente
sua gozosa Ressurreição!
Na Igreja, durante a preparação da JMJ vimos e
descobrimos
jovens capazes de dar-se na entrega por outros.
Foram emergindo
os talentos e as lideranças juvenis que sustentaram
a organização desta Jornada,
entregaram-se a tempo e a destempo. Esta é uma
valiosa mostra
que assumir projetos impensáveis é possível.
Visíveis juventudes indígenas e afrodescendentes
Uma maravilhosa experiência também se teve com os
jovens
indígenas e afrodescendentes. Eles tiveram seus
encontros prévios à
JMJ, para abordar suas realidades específicas. Isto
insere um marco nas
Jornadas, porque pela primeira vez eles têm um
espaço específico para si.
A Jornada Mundial da Juventude nesta região não
podia dar-se sem
visualizar sua situação, porque representam um
significativo número da
população do continente, que vivem em situação de
exclusão e
discriminação, que os situam na marginalidade e na
pobreza.
No Foro JMJ Afrodescendentes, líderes juvenis de
diversas religiões e
ideologias mostraram sua capacidade gerar juntos
respostas à sua
situação de discriminação e exclusão demandando
políticas públicas no marco
da justiça, da educação, do trabalho, e da
valorização da
mulher partindo de sua cultura e etnicidade, não só
nos espaços sociais mas
também nos religiosos. A importância de recuperar a
memória histórica com
os avós e adultos maiores, foi também de vital
importância para a
juventude afrodescendente.
Os jovens indígenas realizaram seu Encontro
Mundial, onde também
focaram na memória viva de seus povos, na luta por
manter a
harmonia com a Mãe Terra, na riqueza de suas
culturas à luz de
Laudato Si’ e, a importância de sua participação
ativa na construção
de outro mundo possível. Para a juventude indígena
foi alentadora a
mensagem do Papa Francisco.
Uma ferramenta de formação: DOCAT
No acompanhamento da formação de nossa juventude,
estamos
Propondo-lhes a aprendizagem da Doutrina Social da
Igreja, através
de uma ferramenta tecnológica, que fortalecerá a
liderança juvenil.
Este é um sonho do Papa Francisco que também nós
queremos que
seja assumido por vocês jovens peregrinos,
especialmente vocês peregrinos da região centro-americana, porque uma maneira
de enfrentar as adversidades desde
a fé, é conhecendo o pensamento social da Igreja,
para fazer realidade
a revolução do amor e da justiça.
O presente do Papa aos jovens Centro-americanos é o
DOCAT Livro e
DOCAT App que lhes serão entregues durante a JMJ e
serão uma oportunidade para
que possam assumir responsavelmente seu
protagonismo.
Santos para transformar a realidade
Em sua exortação apostólica sobre “O chamado à
santidade no mundo
atual”, o Papa Francisco destaca que a santidade
tem seus riscos,
desafios e oportunidades. Porque a cada um de nós,
o Senhor nos escolheu
«para que fôssemos Santos e irrepreensíveis diante
ele pelo amor» (Ef 1,4)”.
E ser santo não é ter o rosto das imagens que
se compra por aí.
Não, queridos irmãos e queridos jovens. Todos podemos ser Santos:
Mesmo que possamos pensar que nossa existência não tem um grande valor
por todos os pecados cometidos. Todos podemos viver e chegar à santidade.
Não, queridos irmãos e queridos jovens. Todos podemos ser Santos:
Mesmo que possamos pensar que nossa existência não tem um grande valor
por todos os pecados cometidos. Todos podemos viver e chegar à santidade.
O Santo Padre nos diz que para ser santo deve-se ir
contra a corrente; há
que saber chorar, é sair da lógica do “deixe de
sofrer”, que nos faz
gastar “muitas energias para escapar das
circunstâncias onde se faz
presente o sofrimento". O ser santo nos faz
sair da corrupção
espiritual e material, de tudo aquilo que nos faz
mal e ofende Deus.
Um santo defende os indefesos: o não-nascido, mas
também o nascido
na miséria; defende os migrantes, busca a justiça;
reza, vive e ama a
comunidade; é alegre e tem senso de humor; luta
sempre, sai da
mediocridade, vive a misericórdia de Deus e a
compartilha com o próximo.
Ser santo não é um mito, é uma realidade evidente.
O testemunho de vida de
santos e santas padroeiros da JMJ são uma prova
disso: São Martinho de Lima,
Santa Rosa de Lima, São Juan Diego, São José
Sánchez del Río, San Juan
Bosco, Beata Irmã Maria Romero Meneses, São Óscar
Romero, João Paulo
II. Todos eles nos mostram que é possível a vida de
santidade, em todas as
culturas e etnias, sem diferença de sexo, nem de
idade. A entrega generosa
de suas vidas por Deus e pelo próximo os fez chegar
à santidade.
Não tenhamos medo queridos jovens, tenham a coragem
de ser santos no
mundo de hoje, com isto não estarão renunciando à
sua juventude ou à sua alegria;
muito pelo contrário, mostrarão ao mundo que é possível ser felizes com muito pouco,
muito pelo contrário, mostrarão ao mundo que é possível ser felizes com muito pouco,
porque Jesus Cristo, a razão de nossa felicidade,
já nos deu a vida eterna,
com sua Ressurreição.
Queridos jovens que se prepararam para a Jornada
Mundial da
Juventude, eu os convido para que estejam dispostos
a viver a partir deste momento
com a humildade e disponibilidade de cristãos, esta
histórica experiência neste istmo panamenho, onde há mais de 500 anos chegou a
fé. Esperamos
que hoje possamos dizer ao concluir a JMJ que
enviamos ao mundo
esses novos discípulos de Jesus Cristo para
irradiar em toda a Terra a alegria
do evangelho. O evangelho da misericórdia e o amor
de Deus.
Durante estes dias a cidade o Panamá será uma
grande “Casa de oração e de
promoção cristã”. A palavra de Deus ressoará em
todos os momentos
e por todas as esquinas do Panamá.
Tudo está preparado para viver a festa do amor de
Deus em meio de
nós. Mas não esqueçam que Maria será aquela que nos
levará pela mão
e o Papa Francisco como vigário de Jesus Cristo, nos afiançará e nos confirmará
e o Papa Francisco como vigário de Jesus Cristo, nos afiançará e nos confirmará
na fé.
Fonte: ACI Digital
Nenhum comentário:
Postar um comentário