domingo, 9 de dezembro de 2018

REFLETINDO SOBRE O EVANGELHO


Lucas 3, 1-6

2º DOMINGO DO ADVENTO ANO C

            Conta-se, no evangelho de hoje (Lc. 3,1-6), o inicio da atividade profética de João Batista, o último dos grandes profetas do Antigo Testamento e o primeiro do Novo.                                                                                                   Por um lado, o evangelista Lucas segue o estilo do Antigo Testamento, ligando a pregação do profeta a um dado histórico. Por outro, parece que Lucas previa que estava escrevendo para o mundo, abrangendo todos os tempos: dá o momento preciso da História, o ambiente histórico e geográfico e o contexto religioso. Vejamos quem são as personagens que marcam a data do começo da pregação do precursor de Jesus. Tibério (César) era filho adotivo do imperador (César) Augusto ( que governara o império Romano quando Jesus nasceu: Cf. Lc. 2,1) Sucedeu a Augusto, no ano 14 (a.C.) e reinou ate março de 37 (a.C). Mas já desde o ano 12 (a.C). Tinha o poder nas mãos, porque Augusto estava doente. Pôncio Pilatos foi procurador romano na Judéia e Samaria de 26 a 36 (a.C).Teve parte ativa na morte de Jesus. Foi destruído. Há Muitas lendas em torno de sua morte.

            Herodes Antipas era o filho mais moço de Herodes Magno; tinha o título de Tetrarca e o povo o chamava de rei. Foi ele quem mandou matar João Batista e Zombar de Jesus na Paixão. Felipe Também era filho de Herodes Magno. Lisânias, pouco conhecido, governou Abilene, um território que hoje seria parte do Líbano, entre os anos 14 e 29 (a.C.). Anás foi sumo Sacerdote de 6 a 15 (a.C.) e estava no interrogatório de Jesus. Provavelmente, Jesus nasceu 6 a 7 anos do chamado ano 1 da era cristã. Por isso, no 15° ano do reinado de Tibério César ( anos 26/27) (a.C), Jesus tinha cerca de 30 anos (Cf. Lc. 3,23).

            Descrito o contexto histórico-geográfico, o evangelista Lucas pinta, com uma única expressão, a figura de João: recebeu de Deus a Palavra, isto é, foi por Deus tornado profeta. Ninguém é profeta por escolha pessoal, como é um médico ou um arquiteto. A vocação vem de Deus. De Deus também é o ensinamento que o profeta deve transmitir. O evangelho diz que a palavra de Deus veio sobre João “no deserto’’. É o deserto de Judá, não formado de areias, mas de montanhas calcárias onde, se chover, pode crescer vegetação. Esse deserto era habitado, nos tempos de Jesus, por algumas centenas de monges, chamados essênios. Viviam no deserto, para ‘’preparar a vinda senhor’’, através da penitência e da santificação pessoal. Esperavam um Messias político,que retomasse a liberdade nacional, o culto no templo, a compreensão das escrituras e o predomínio de Israel sobre os povos.

            A figura de João Batista é colocada na liturgia do Advento para lembrar a proximidade de chegada do Senhor. Está próxima sua manifestação entre o povo. Ele não virá apenas como redentor Temporário, político, mas virá como ‘’Salvação de Deus’’, que ultrapassa a geografia, história e o tempo, supera todos os empecilhos e dificuldades: é uma salvação definitiva,eterna,para sempre. Neste domingo do convite á conversão, João Batista clama no deserto, convidando todos para que se convertam e preparem o coração para a chegada do Messias. Claro que essa conversão não se dá do dia para a noite. Ela é um processo contínuo em nossa vida. A conversão na linguagem bíblica e cristã é um trabalho continuo de toda existência,tarefa silenciosa de cada dia. Nunca estaremos suficientemente convertidos, porque o amor não tem fim de meta. A meta está sempre além. Muitas pessoas perguntam: Mas, se converter de quê? E nós respondemos: Do pecado profundo que faz ninho em nosso coração e tem múltiplas manifestações: egoísmo, soberba, agressividade, violência, luxúria etc. Que as palavras de João Batista possam despertar nossa vida para a mudança que Deus quer de nós. Preparemos, com  alegria e esperança, a festa do Nascimento de Jesus.


Pe. Raimundo Neto

Pároco de São Vicente

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