Lucas 3, 10-18
TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO
Toda lição de João Batista, no
evangelho de hoje, Lucas (3,10-18), se prende à conversão como caminho único de
encontro com a salvação, na pessoa do Messias que chega. E a conversão se
traduz em obras que sejam o prato positivo na balança em que o outro prato são
nossos pecados. As classes sociais costumam ter pecados específicos; por isso,
as boas obras também são específicas.
O evangelho proclamado na liturgia
deste 3º Domingo do Advento insiste em que o Messias vem para todos. Todos, no
sentido de que nenhum povo está excluído; todos, no sentido de ele vir para
justos e pecadores. Não e por acaso que ele cita algumas classes sociais
desprezadas e tidas como pecadoras, que deviam ser evitadas pelos bons. A
primeira classe é a dos publicanos (cobradores de impostos). Eles cobravam os
impostos para os romanos e ganhavam sobre isso. Eram odiados. Fariseus e
saduceus não mantinham com os publicanos nenhuma convivência. A segunda classe
é a dos soldados. Eram mercenários, considerados permanentemente impuros pela
possibilidade de haverem derramado o sangue e de estarem a serviço do poder
estrangeiro. Como no tempo de Jesus era proibido aos judeus o serviço militar,
os soldados que foram escutar João Batista deviam ser pagãos a serviço de
Herodes Antipas. A todos indistintamente João pregava a chegada do Senhor: “Todos
verão a salvação de Deus”. (Lc 3,6).
Nessas classes sociais e na multidão,
João batista vê os vícios principais a serem corrigidos: apego aos bens
matérias. A conversão exige desapego, que se expressa, muitas vezes, no
repartir o que se tem e o que se é com os necessitados. Jesus insiste no mesmo
tema. O ser humano de hoje não é diferente; o desapego continua sendo a questão
mais difícil para o cristão. Outro pecado que deve ser superado é parecido com
o primeiro e com ele está ligado; a ganância, que provoca a fraude e o roubo.
Ela está no coração do homem como o sangue nas veias. A conversão consistirá em
mudança na mentalidade rumo à justiça, que nunca explora nem extorque, mas
prepara a consciência para a caridade fraterna. O abuso da força é outro pecado
a ser vencido como a condição de alguém receber o Messias. O povo, no tempo de
Jesus, vivia violentado por todos os lados. E não é diferente nos dias de hoje.
Vivemos não apenas cercados de violências, mas somos vítimas de inúmeras delas,
da parte do poder político, econômico, do poder estrangeiro, do poder dos
ladrões. Todo abuso de força enfraquece o homem e a comunidade. A comparação
entre o batismo com água e o batismo com o Espírito Santo realça bem a
diferença entre João e Jesus. João é profeta. Jésus é o Filho de Deus. João
recebe tudo de Deus. Jesus tem tudo e é tudo. O batismo com água era símbolo de
purificação. O batismo com o Espírito Santo é santificação, divinização,
participação na vida de Deus.
Nesse domingo da alegria, abramos o
coração para receber aquele que é fonte inexaurível de nossa salvação: Nosso
senhor Jesus Cristo. Que os espinhos do mal sejam queimados em nossa estrada e
floresçam as flores da alegria, do amor e do bem.
Pe. Raimundo
Neto
Pároco de
São Vicente
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