O Natal
está chegando e perguntamos para a cofundadora da Comunidade Shalom, Emmir
Nogueira, sua experiência com esta data tão especial. Desde já ela
adverte: O
Natal é uma
graça, não é uma data.
Como você faz pra viver bem o Natal?
No advento, a gente sempre recebe uma graça nova e
eu creio muito nessa graça. Acho que a melhor maneira da gente se preparar para
o Natal é sabendo que essas graças podem cair por terra e se perder ou eu posso
buscar essas graças, segurar essas graças, sabendo que nesse tempo, Deus dá
graças de conversão. Então, às vezes, pego o meu caderno de oração dos anos
passados e vejo que sempre no advento Deus me dá uma graça, principalmente de
resgate, de conversão, de libertação. A maneira que eu, pessoalmente, me preparo
para o Natal é ficar atenta às graças que Deus quer me dar e ter aquilo que se
chama de fé expectante, que é quando você crê em alguma coisa e espera por ela.
No advento, vivo esta fé expectante. Neste advento
(nas duas primeiras semanas), eu já recebi duas graças, aí eu fico brincando
com Deus: “é uma por semana, vou preparar a semana que vem”. Coisas que eu
estava pedindo há meses, há anos, Deus reserva sempre o tempo de Páscoa e o
tempo de advento. Me preparo assim, aproveito o que Deus me dá. Fico muito
impressionada com a aquela frase de Nossa Senhora para Catherine Labouré, da
Medalha Milagrosa. Na aparição, saiam raios da mão dela e Catherine perguntou o
que significava isso. E ela disse: “são as graças que passam por mim para a
humanidade”. Catherine disse: “e por que em alguns lugares estão escuros? Por
que que não tem raios em alguns lugares?” E a resposta de Nossa Senhora foi:
“porque tem graças para dar para os homens mas eles não as acolhem e nem me
pedem”. Ah minha filha, agora eu sou a maior pedinte e a maior acolhedora que
pode existir!
Como é a celebração na sua casa?
Sempre vou para a casa da minha sogra ou dos meus
pais. Depois da minha conversão em 1976 reuni as duas famílias, uma e depois a
outra, e disse o porquê de não dar presentes pra eles. Tive uma experiência
muito única onde fui para o Centro para comprar coisas para as duas famílias,
porque as festas eram aquele “horror de presentes”. Então, nesse dia no Centro
da cidade, tive uma graça de uma repulsa, um nojo, é uma palavra forte, né? Mas
foi isso. E todas aquelas pessoas comprando, brigando, empurrando uma a outra…
E eu estava nesse dia procurando uma imagem do Menino Jesus que eu pudesse
comprar no Centro da cidade, mas Deus me deu essa experiência.
Reuni uma família e depois a outra e disse: olha,
eu vou explicar a vocês porque eu não vou dar mais presentes de Natal. Aí
expliquei, testemunhava a minha experiência, tem mais detalhes que não estou
dando aqui, e disse a elas que agradecia muito tudo o que eles haviam me dado,
mas que eu não daria mais presentes. Então, as duas famílias não se dão mais
presentes de natal. O que é que nós fazemos?
Ou nós presenteamos alguém que está precisando,
geralmente um dos funcionários da família ou alguém que a gente escolhe.
Apresenta-se a pessoa e faz-se uma pequena coleta pra essa pessoa. Ou então, em
dois anos nós nos reunimos e ajudamos a Santa Casa, um ano na Santa Gianna
Beretta, etc. E cada pessoa leva, vamos dizer, um kit. Uma vez foi assim para a
Santa Casa, um kit com sabonete (eles precisam muito de sabonete lá), pasta,
escova e uma toalha. Então, a minha tia enfeitou a árvore toda com os kits e a
gente dava o dinheiro correspondente. A gente elege “um Jesus” para aquele ano
e, enfim… a gente já deu piso de casa, telha de casa. Graças a Deus sempre dá
muito certo.
O que não pode faltar no Natal?
Jesus, Jesus. Rodou no whatsapp um pequeno vídeo de
uma repórter do SBT, onde ela faz uma declaração, uns 2 minutos veementes,
sobre a ausência de Jesus no Natal. E vão aparecer vários vídeos desse, esse já
tem uns 3 anos, mas para mim é o melhor. Infelizmente Jesus falta. Ele é a
única coisa que não pode faltar. Pode faltar comida, presente, mas não a graça
do Emanuel, de Deus entre nós. Quando eu sei que tem duas pessoas que não estão
se dando bem, não estão se falando, eu ligo antes e digo: “o que é que você
acha? a gente vai estar junto no Natal, vamos dar um abraço…”. Então, esse
Jesus no meio de nós que traz a reconciliação, que traz a partilha de bens com
os pobres e que traz paz, porque quando tem reconciliação, quando tem partilha
de bens, Jesus está.
É clichê que no Natal a única coisa que não pode
faltar é Jesus, é clichê, mas desculpe é um clichê muito correto, realmente
falta Jesus. As pessoas exaustas naqueles saltos 12, com a roupa esdrúxula, que
nem pensam em ir para a missa, se exibindo nas ceias… Diria que família,
reconciliação e partilha significam Jesus no meio de nós. Aí tendo família,
reconciliação e partilha não vai faltar Jesus no Natal. Não é a imagem, é a
Pessoa. Jesus Ressuscitado que nos dá a graça do Natal. O Natal é uma graça,
não é uma data.
Quando se fala em “Natal”, você
lembra de alguma música em
específico?
Ave Maria, tem várias. Vou te dar três. Uma muito
linda é “Mary, did you know?” e a minha versão preferida é a do Pentatonix. A
segunda é a música tradicional dos meus filhos, dos meus netos que é “Rudolf
the red nosed reindeer”, é uma música muito inocente que fala do Rudolf, uma
das renas do papai noel, infelizmente tem essa figura lá, mas a alegria do Rudolf,
que é essa rena pelo Natal, por poder servir para levar os presentes de Natal.
Embora tenha presente, é uma música que a gente sempre cantava muito.
E a terceira é a que bate todas as outras, que é
“Little drummer boy”. É a história de um pastorzinho que tocava tambor e uma
ovelha dele ficou doente e ele soube que ia nascer um rei todo poderoso e foi
procurar. Encontrou com os Reis Magos e vai com os Reis Magos até o presépio.
Mas ele olha os presentes dos Reis Magos, a mirra raríssima, o ouro raríssimo,
o incenso… ai ele diz: “eu não tenho nada, a minha ovelhinha vai morrer, o que
eu vou dar para esse Rei?”. Então ele lembra do tambor, pergunta para Nossa
Senhora se ela se importa que ele toque um pouco do tambor (eu fico toda
arrepiada) para o menino Jesus, ela diz que não e ele toca o tambor. Então a
música é sobre isso, tem na internet.
Você vê que o meu Natal é todo de influência
americana, acho que porque primeiro tive contato com a cultura americana e me
influenciou, segundo porque o Natal do Brasil, ao meu ver, claro que o dos
Estados Unidos e da Inglaterra são natais comerciais, infelizmente, mas o do
Brasil ele é muito focado no papai noel e não tem poesia, não tem beleza, não
tem o sonho. E tanto o inglês quanto o americano, que são os dois maiores
países sobre isso, eles têm esse componente do sonho e como meus filhos, meus
netos, a gente sempre incentivou que eles tivessem um ideal, eles tivessem um
sonho, então eu uso muito mais as músicas americanas, infelizmente, mas essa do
pastorzinho você precisa ver.
Fonte: Site da Comunidade Shalom
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