O bispo de Jales (SP), dom Reginaldo Andrietta, em artigo, afirma que as luzes, cantos, presentes, belas mensagens e orações nesta época do ano mexem os corações e afloram as emoções. Para ele, o Natal nos torna mais afáveis. “O clima de mais amor refresca o calor de discussões e dissenções. Os que amargam dissabores, ensaiam sorrisos e abraços. Colegas de estudo e companheiros de trabalho se confraternizam”, escreveu.
Contudo, o religioso pergunta: Por quanto tempo? Até a ressaca do dia seguinte? Até que os presentes percam seus encantos? Até que tudo volte ao ritmo anormal de “cada um pra si”? Até que o comércio anuncie promoções para continuar tentando vender a quem sobrevive com dinheiro curto? Afinal, celebramos, realmente, o nascimento do Filho de Deus?
Dom Regional afirma que é necessário discernir bem. “Se o Natal for motivo para uma festa de aniversário na qual o próprio aniversariante é deixado de lado, ou tido como coadjuvante de um Papai Noel mercantilizado, qual sentido terá?”. Para ele, será uma mera comemoração prazerosa, sem novos horizontes. “Se crermos em Cristo, o amarmos e o seguirmos com fidelidade, construiremos relacionamentos e um estilo de sociedade que corresponde ao Reino de justiça que ele inaugurou”, avalia.
O prelado afirma que se o Natal for vivido em seu sentido verdadeiro, faremos mais e melhor, por exemplo, pelas entidades socioeducativas de crianças e adolescentes, e famílias carentes. “O presépio será, então, de pessoas concretas, com dramas reais: os sem teto, sem emprego, sem-terra, sem educação de qualidade, sem atenção à saúde, sem aposentadoria justa, sem afeto, sem paz, sem liberdade, e os sem ânimo para viver por causa de tantos problemas e adversidades”, disse.
O bispo afirma que é nestas pessoas concretas e com dramas reais que Cristo faz sua morada, demonstrando-lhes que são destinatários da Boa-Nova, libertando-os de suas opressões, tornando-os sujeitos proativos, estimulando-os a alçarem suas vozes coletivas para serem tomados em conta em decisões governamentais e conquistarem respeito à sua condição de cidadãos e à sua dignidade de filhos e filhas de Deus. “Natal é, portanto, emancipação e humanização, que dão sentido à nossa coexistência”, aponta.
Dom Regional lembra que no dia do juízo final (cf. Mt 25, 31-46) todos serão reunidos frente a Jesus Cristo e que os solidários entrarão no Reino de Deus e os que viverem somente para si recusarão a vida em plenitude. O bispo conclui com mais perguntas: “Qual opção, nós, pessoalmente, faremos? Qual opção nossa nação, também, fará? Construiremos um país justo e solidário ou repetiremos a história, desprezando Cristo, pelo desprezo aos pobres e condenando suas lutas por vida digna?”
Fonte: CNBB
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