Marcos, 13,24-32
33º Domingo do Tempo Comum Ano B
O Evangelho deste domingo é de Marcos 13,24-32. Escrito nos anos 65-70 num contexto de convulsões histórico-sociais no Império Romano.
O capítulo 13 de Marcos é um texto apocalíptico que usa símbolos para falar de uma situação difícil. Neste evangelho Jesus não está usando uma linguagem normal que nós usamos quando contamos a alguém o quer vimos hoje na rua. Ele usa a chamada linguagem apocalíptica, onde passa uma mensagem através de símbolos e imagens fortes de coisas fantásticas. Por isso, de saída, já ficamos sabendo que não é para interpretar ao pé da letra.
Jesus não está falando do fim do mundo; o texto refere-se á destruição do templo de Jerusalém, que ocorreu no ano 70 e foi vista como um grande desastre pelo povo judeu. As imagens fortes que Jesus usa correspondem ao sentimento de desgraça que tal acontecimento evoca para o povo que vê no Templo o símbolo de sua própria identidade.
“Passarão o céu e a terra, mas minhas palavras não passarão’’, diz Jesus. Tudo na vida pode passar, cair, explodir, falhar. Pode passar o dinheiro, a saúde, pode passar os amigos, os parentes, o conforto, a posição. São contingências que podem ser diferentes a qualquer momento. A única coisa que não passa, que permanece, é o nosso dever de ser fraternos, de viver o amor de Deus, de lutar pelo que é certo, de partilhar. Isso não passa; continua valendo seja qual for a nossa situação.
O evangelho de hoje ainda fala sobre o fim do mundo. E diz que ninguém sabe o dia e nem a hora. Qualquer vidente que quer saber mais do que Jesus revelou é, no mínimo, suspeito. Não saber o dia e a hora significa viver sempre em estado de alerta. Não de medo! Estar alerta quer dizer: viver intensamente cada momento, não deixar passar nenhuma oportunidade de fazer o bem, de ocupar a vida com coisas que valham a pena e de colabora com o advento do Reino. Isso é fundamental para dar sentido á luz, com ou sem fim do mundo. Jesus está vindo todo dia. Todo dia é dia de festa, comas contas acertadas com Deus e os irmãos.
Em síntese: a primeira parte do evangelho nos mostrou como está procedida a vinda do filho do homem -Jesus. Diante do filho do homem – Jesus, todas as divindades serão aniquiladas. Jesus é o Senhor da História e do Cosmos. A segunda parte traz uma parábola. A figueira começando a brotar é sinal da primavera e de proximidade do verão. Isto nos ensina que com a vinda de Jesus chegou à possibilidade de um mundo novo.
Mensagem: Jesus veio à primeira vez ao encontro da humanidade, com simplicidade, assumindo corporeidade humana. Ele continua vindo cada dia silenciosamente, por meio da igreja, para criar um mundo novo entre as pessoas. Ele há de vir no seu dia definitivo – com grande poder e glória para congregar toda a humanidade e julgar os vivos e os mortos, conforme encontramos no Credo. Cada pessoa deve, pois, estar atenta aos sinais que precedem esta vinda. Ele vem a cada momento, no fim da vida de cada pessoa e tudo se manifestará na vinda gloriosa. Ninguém está autorizado a marcar hora para o mundo acabar, mas é sábio estarmos sempre preparados para dar contas a Deus do nosso empenho de viver com amor.
Pe. Raimundo Neto
Pároco
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