Mateus 5, 1-12
SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS
Celebrando
a solenidade de Todos os Santos, temos, como fundamento bíblico, o evangelho de
Mateus (5, 1-12). Nesta passagem, encontramos o início do Sermão da Montanha –
As bem-aventuranças. As bem aventuranças estão relacionadas com o Salmo 1, que
nos dá a definição do homem bem-aventurado. “Feliz o homem que não toma o
partido dos maus, não se detém no caminho dos pecadores, não se senta no banco
dos zombadores, mas medita dia e noite a Lei do Senhor”.
As
bem-aventuranças são o anúncio ad felicidade, porque proclamam a libertação, e
não o conformismo ou alienação. Elas anunciam a vinda do Reino através da
palavra e ação de Jesus. Os que buscam a justiça do Reino são os pobres em
espírito – sufocados no seu anseio pelos valores que a sociedade injusta
rejeita; esses pobres estão profundamente convencidos de que eles têm
necessidade de Deus.
Os
Santos são os bem-aventurados, porque fizeram das bem-aventuranças evangélicas
o programa de suas vidas. São santos os que percorrem o itinerário de santidade
apresentado pelas bem-aventuranças que lemos no evangelho. Os santos tornaram
realidade em sua vida o programa do Reino de Deus que as bem aventuranças
contêm. A mensagem das bem aventuranças corresponde à missão central de Jesus,
que é de anunciar a vinda iminente do Reino de Deus, e portanto, a felicidade
dos pobres Jesus mesmo definiu a sua missão: evangelizar os pobres. Esses
pobres são, sem dúvida, os materialmente pobres, que têm fome e estão afiltos.
Mas desde o A.T no Livro de Sofonias (3,1-13), os pobres passam a ter também
uma concretização moral; eles são aqueles que não praticam a injustiça, não
mentem, são dóceis à vontade de Deus. São Mateus, em sua versão das bem
aventuranças, acentua este aspecto. Para ele, os pobres não são apenas os
sofredores desta terra, que agora vão mudar a sua sorte, porque Deus os tratará
com bondade no seu reino. Os pobres são também os que se fizeram
voluntariamente pobres e lutam pela paz e justiça, contra a própria natureza,
sem medo das perseguições.
Nesta solenidade de Todos os Santos,
celebramos hoje a santidade de Deus que resplandece nos membros de seu povo,
nos filhos e filhas da igreja; santidade encarnada em pessoas de carne e osso,
porque, como diz Karl Ranher, grande teólogo do século passado: “A santidade em
abstrato não existe”. Leon Bloy, escritor do século XIX, dizia, “a única
tristeza é a de não ser santo”. A santidade de Deus resplandece nos membros de
seu povo, filhos e filhas da igreja. Todos somos chamados a ser santos; para
isto, não se deve fugir do mundo e dos seus desafios; pelo contrário devemos
estar presentes onde a luta é mais dura. Se nós, cristãos, não trabalharmos por
mais paz e justiça, estamos negando a nossa vocação de cristãos. Os santos
viveram a página evangélica das bem aventuranças e hoje eles desfrutam a
alegria de ver Deus face a face. Eles são nossos melhores amigos, e modelos
para nós.
Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente
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