"Obrigado
pelo vosso testemunho. Trabalhamos em comunhão e com ousadia, com o desejo de
servir a Deus e ao seu povo. Que o Senhor abençoe os nossos passos, para
podermos escutar os jovens, fazer-nos próximo e testemunhar-lhes a alegria da
nossa vida: Jesus”: disse o Papa na Missa conclusiva do Sínodo.
Cidade do Vaticano
“Gostaria de dizer aos jovens, em
nome de todos nós, adultos: desculpai, se muitas vezes não vos escutamos; se,
em vez de vos abrir o coração, vos enchemos os ouvidos”: disse o Papa Francisco
na homilia da missa na manhã deste XXX Domingo do Tempo Comum, celebrada na
Basílica de São Pedro, no encerramento do Sínodo dos Bispos dedicado aos
jovens.
Na homilia, o Pontífice concentrou-se
no Evangelho do dia, que nos traz o episódio da cura do cego Bartimeu feita por
Jesus, do qual em sua reflexão propôs algumas indicações aos padres sinodais e
aos jovens para o caminho de fé da Igreja.
Bartimeu é o último que segue Jesus
ao longo do caminho: “de mendigo na margem da estrada para Jericó, torna-se discípulo
que vai juntamente com os outros para Jerusalém. Também nós caminhamos juntos,
‘fizemos sínodo’ e agora este Evangelho corrobora três passos fundamentais no
caminho da fé”: escutar, fazer-se próximo e testemunhar, apontou o Santo Padre.
“O primeiro passo para ajudar o
caminho da fé: escutar. É o apostolado do ouvido: escutar, antes de falar”,
ressaltou. Referindo à atitude de muitos que estavam com Jesus, que
repreenderam Bartimeu para que estivesse calado, disse que estes “seguiam
Jesus, mas tinham em mente os seus projetos”, e que este é um risco do qual
sempre devemos nos precaver.
Ao contrário, para Jesus, o grito de
quem pede ajuda não é um transtorno que estorva o caminho, mas uma questão
vital. Como é importante, para nós, escutar a vida! Os filhos do Pai celeste
prestam ouvidos aos irmãos: não às críticas inúteis, mas às necessidades do
próximo. Ouvir com amor, com paciência, como Deus faz conosco, com as nossas
orações muitas vezes repetitivas. Deus nunca Se cansa, sempre Se alegra quando O
procuramos. Peçamos, também nós, a graça dum coração dócil a escutar, exortou
Francisco.
Dirigindo-se aos jovens, o Santo
Padre disse com veemência:
“Como Igreja de Jesus, desejamos
colocar-nos amorosamente à vossa escuta, certos de duas coisas: que a vossa
vida é preciosa para Deus, porque Deus é jovem e ama os jovens; e que, também
para nós, a vossa vida é preciosa, mais ainda necessária para se avançar.”
Depois da escuta, o Papa apontou um
segundo passo para acompanhar o caminho da fé: fazer-se próximo.
Vejamos Jesus, disse, “que não delega
em ninguém da ‘grande multidão’ que O seguia, mas encontra Ele pessoalmente
Bartimeu. Diz-lhe: ‘Que queres que Eu faça por ti?’. (...) É assim que Deus
procede, envolvendo-Se pessoalmente com um amor de predileção por cada um. Na
sua maneira de proceder, ressalta já a sua mensagem: assim a fé germina na
vida”. A fé passa para a vida.
“Quando a fé se concentra apenas em
formulações doutrinárias, arrisca-se a falar apenas à cabeça, sem tocar o
coração. E quando se concentra apenas na ação, corre o risco de tornar-se
moralismo e reduzir-se ao social. Ao contrário, a fé é vida: é viver o amor de
Deus que mudou a nossa existência. Não podemos ser doutrinaristas ou ativistas;
somos chamados a levar para a frente a obra de Deus segundo o modo de Deus, na
proximidade: unidos intimamente a Ele, em comunhão entre nós, próximo dos
irmãos. Proximidade: aqui está o segredo para transmitir, não algum aspeto
secundário, mas o coração da fé.”
Francisco prosseguiu fazendo uma
advertência: “Sempre existe aquela tentação que reaparece tantas vezes na
Escritura: lavar as mãos, desinteressar-se. É o que faz a multidão no Evangelho
de hoje, é o que fez Caim com Abel, é o que fará Pilatos com Jesus: lavar as
mãos. Nós, pelo contrário, queremos imitar Jesus e, como Ele, meter as mãos na
massa, sujá-las. Ele, o caminho (cf. Jo 14, 6), por Bartimeu deteve-Se ao longo
da estrada; Ele, a luz do mundo (cf. Jo 9, 5), inclinou-Se sobre um cego”.
Reconhecemos que o Senhor sujou as
mãos por cada um de nós e, fixando a Cruz, “recomecemos de lá, da lembrança de
Deus que Se fez meu próximo no pecado e na morte. Fez-Se meu próximo: tudo
começa de lá”, observou o Papa. “E, quando por amor d’Ele também nós nos
fazemos próximo, tornamo-nos portadores de vida nova: não mestres de todos, não
especialistas do sagrado, mas testemunhas do amor que salva.”
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“Testemunhar é o terceiro
passo”, frisou o Santo Padre. “Não é cristão esperar que os irmãos inquietos
batam às nossas portas; somos nós que devemos ir ter com eles, não lhes levando
a nós mesmos, mas Jesus. Ele manda-nos, como aqueles discípulos, para encorajar
e levantar em seu nome. Manda-nos dizer a cada um: ‘Deus pede para te deixares
amar por Ele’.”
“Quantas vezes – continuou Francisco
–, em vez desta mensagem libertadora de salvação, nos levamos a nós mesmos, as
nossas ‘receitas’, as nossas ‘etiquetas’ na Igreja! Quantas vezes, em vez de
fazer nossas as palavras do Senhor, despachamos como palavra d’Ele as nossas
ideias! Quantas vezes as pessoas sentem mais o peso das nossas instituições que
a presença amiga de Jesus! Então aparecemos como uma ONG, uma organização
parestatal, e não como a comunidade dos redimidos que vivem a alegria do
Senhor.”
Ouvir, fazer-se próximo, testemunhar.
“A fé é questão de encontro, não de
teoria. No encontro, Jesus passa; no encontro, palpita o coração da Igreja.
Então serão eficazes, não as nossas homilias, mas o testemunho da nossa vida.”
E
a todos vós que participastes neste ‘caminhar juntos’, concluiu Francisco,
“digo obrigado pelo vosso testemunho. Trabalhamos em comunhão e com ousadia,
com o desejo de servir a Deus e ao seu povo. Que o Senhor abençoe os nossos
passos, para podermos escutar os jovens, fazer-nos próximo e testemunhar-lhes a
alegria da nossa vida: Jesus.”
Fonte: Vatican News
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