domingo, 16 de setembro de 2018

REFLETINDO SOBRE O EVANGELHO




Marcos 8,27-35

VIGÉSIMO QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO B

 

O evangelho proclamado hoje (Marcos 8, 27-35) representa um ponto culminante na revelação do mistério de Cristo segundo o evangelista Marcos. No texto distinguem-se três partes: nas duas primeiras Jesus dirige-se a seus discípulos, e na terceira a eles e ao povo conjuntamente.

1º) Confissão de fé em Cristo por parte de Pedro, e lei do silêncio messiânico por parte de Jesus para evitar a ideia do messianismo triunfalista e político, conforme o pensar comum de todo judeu.

2º) Anúncio por Cristo de sua paixão, morte e ressurreição. A imediata reação de Pedro revela que os discípulos necessitam de uma prévia catequese sobre o Mistério Pascal de Jesus, para que possam entender que classe de Messias ele é.

3º) Convite de Jesus para seu seguimento e condições do mesmo. Parte dirigida a todos igualmente: povo e discípulos. A todos Jesus propõe a ascese libertadora da cruz.

Jesus nunca propôs nem mandou algo que Ele mesmo não tivesse cumprido primeiro. Ele nos procedeu com o exemplo, praticando o que pede o cristão de sempre; por isso é modelo a ser imitado. Cristo foi o primeiro a fazer a opção radical pelo Reino de Deus, opção plasmada em seu desprendimento e pobreza total, em seu amor a todos, especialmente aos mais pobres e em seu sentido de perdão e reconciliação.

Ele se adiantou a nós na entrega da vida para ganhá-la. Se Jesus nos pede autenticidade sem claudicações diante da incompreensão, da solidão, da malquerença, da perseguição e da morte, Ele caminhou na frente com “sim” fiel ao Pai, ao bem, à justiça e à fraternidade. Surge daí o atrativo indeclinável de sua figura que fundamenta o seguimento. Cristo é o modelo a ser seguido por todo seu discípulo, homem e mulher e em todas as etapas da vida.

Nenhum mestre de espírito nem fundador de religião apresentou com tal radicalidade seu próprio seguimento mediante a autonegação como condição para a vida.  Por isso a cruz salvadora é elemento exclusivo do cristianismo, do estilo e da doutrina de Jesus. Se Ele promete a vida a quem a entrega por Ele e pelo evangelho, é porque, efetivamente, pôde fazê-lo com a garantia de sua vida nova e gloriosa à qual teve acesso pela paixão e morte na cruz.

Pe. Raimundo Neto

Pároco de São Vicente

 

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