"A
ética nos coloca em relação com Deus que espera de nós uma resposta livre e
comprometida com os outros e com o nosso meio ambiente", disse Francisco
na homilia.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco celebrou a missa, na
tarde desta terça-feira (25/09), na Praça da Liberdade, em Tallinn, na Estônia.
Em sua homilia, Francisco ressaltou
que “pensando na chegada ao Monte Sinai do povo judeu, já livre da escravidão
do Egito, é impossível não pensar” na Estônia “como povo; é impossível não
pensar na nação inteira da Estônia e todos os países bálticos. Vocês
conhecem as lutas pela liberdade, podem se identificar com aquele povo. Nos
fará bem escutar aquilo que Deus diz a Moisés, para compreender o que Ele nos
diz como povo”, frisou o Pontífice.
Segundo o Papa, “o povo, que chega ao
Sinai, é um povo que já viu o amor de seu Deus manifestar-se em milagres e
prodígios; é um povo que decide estabelecer um pacto de amor, porque Deus já o
amou primeiro e manifestou-lhe este amor. Quando dizemos que somos cristãos,
quando abraçamos um estilo de vida, o fazemos sem pressões, sem que isso seja
uma troca na qual nós fazemos algo se Deus nos fizer qualquer coisa”.
A proposta de Deus não nos tira nada
“Mas sobretudo sabemos que a proposta
de Deus não nos tira nada; pelo contrário, leva à plenitude, potencializa todas
as aspirações do ser humano. Alguns consideram-se livres, quando vivem sem Deus
ou separados d’Ele. Não se dão conta de que, assim, percorrem esta vida como
órfãos, sem um lar para onde voltar. «Deixam de ser peregrinos para se
transformarem em errantes, que giram indefinidamente ao redor de si mesmos, sem
chegar a lugar nenhum».”
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O Papa sublinhou que “cabe a nós,
como ao povo que saiu do Egito, ouvir e buscar. Às
vezes, alguns pensam que hoje a força dum povo se mede por outros parâmetros.
Há quem fale com um tom mais alto e, quando fala, parece mais seguro, sem
cedências nem hesitações; há quem junte, aos gritos, ameaças de armas, envio de
tropas, estratégias... Esta é a pessoa que parece mais «firme». Mas isto não é
«buscar» a vontade de Deus, mas um acumular para se impor com base no
ter."
“
Esta atitude esconde em si uma rejeição da ética e, com ela, de Deus; porque a
ética nos coloca em relação com Deus que espera de nós uma resposta livre e
comprometida com os outros e com o nosso meio ambiente; uma resposta que está
fora das categorias do mercado. ”
"Vocês não conquistaram a sua
liberdade para terminar escravos do consumo, do individualismo ou da sede de poder
e domínio”.
A fé nos leva a ver que Deus “está
vivo e nos ama; que não nos abandona e, por isso, é capaz de intervir
misteriosamente na nossa história; tira o bem do mal com o seu poder e a sua
infinita criatividade”.
Orgulho de ser estoniano
No deserto, o povo de Israel caiu na
tentação de buscar outros deuses, adorando o bezerro de ouro e confiando em
suas próprias forças. “Mas Deus não cessa de o atrair sempre de novo; e ele se
lembrará do que escutou e viu na montanha. Como aquele povo, também nós sabemos
que somos um povo eleito, sacerdotal e santo. É o Espírito que nos
recorda todas estas coisas.”
O Papa exortou os estonianos a
deixarem transparecer na sua história, “o orgulho de ser estoniano. «Sou
estoniano, permanecerei estoniano, estoniano é uma realidade bonita, somos
estonianos».”
“Como é bom sentir-se parte de um
povo! Como é bom ser independentes e livres! Subamos à montanha sagrada e
peçamos ao Senhor, como diz o lema desta visita, que desperte os nossos
corações e nos conceda o dom do Espírito para discernirmos, em cada momento da
história, o modo como ser livres, como abraçar o bem e sentir-se eleitos, como
deixar que Deus faça crescer, aqui na Estônia e no mundo inteiro, a sua nação
santa, o seu povo sacerdotal”, concluiu Francisco.
Palavras de agradecimento do Papa
Francisco
No final da missa celebrada na Praça
da Liberdade, em Tallinn, na Estônia, última etapa de sua viagem apostólica aos
Países Bálticos, o Papa Francisco agradeceu o acolhimento dos fiéis, “pequeno
rebanho com um grande coração”, e das autoridades do país.
O Pontífice recordou também “todos os
irmãos cristãos, de modo especial os Luteranos”, que “acolheram os encontros
ecumênicos” na Estônia e na Letônia.
A
seguir, o Papa dirigiu-se para o aeroporto internacional de Tallinn de onde
partiu de volta para Roma.
Fonte: Vatican News
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