sábado, 22 de setembro de 2018

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO NO SANTUÁRIO MATER MISERICORDIAE DE, VILNIUS, LITUÂNIA




 

Papa saúda os fiéis reunidos no Santuário. Foto: ACI Prensa

Vilnius, 22 Set. 18 / 11:15 am (ACI).- O Papa Francisco continuou sua viagem apostólica na Lituânia visitando o Santuário Mater Misericordiae, em Vilnius.
Neste local, diante dos fiéis reunidos, fez um chamado a estreitar os laços de fraternidade entre povos e religiões, pois “construímos demasiadas fortalezas”.
“Quando nos fechamos em nós próprios com medo dos outros, quando construímos muros e barricadas, acabamos por nos privar da Boa Nova de Jesus, que conduz a história e a vida dos outros”.
A seguir, o texto completo do discurso do Papa Francisco.
Amados irmãos e irmãs!
Encontramo-nos diante da «Porta da Aurora», ou seja, tudo o que resta das muralhas desta cidade que serviam para se defender de qualquer perigo e provocação, mas que o exército invasor, em 1799, destruiu completamente, deixando apenas esta porta: já então estava ali colocada a imagem da «Virgem da Misericórdia», a Santíssima Mãe de Deus que está sempre pronta a socorrer-nos, a vir em nosso auxílio.
Ela, já desde então, queria ensinar-nos que se pode proteger sem atacar, que é possível ser prudentes sem a necessidade doentia de desconfiar de todos. Esta Mãe sem o Menino, toda dourada, é a Mãe de todos; em cada um daqueles que aqui se deslocam, Ela vê o que muitas vezes nós próprios não conseguimos sequer notar: o rosto de seu Filho Jesus gravado no nosso coração.
E, dado que a imagem de Jesus está colocada como um selo em todo o coração humano, cada homem e cada mulher oferecem-nos a possibilidade de nos encontrarmos com Deus. Quando nos fechamos em nós próprios com medo dos outros, quando construímos muros e barricadas, acabamos por nos privar da Boa Nova de Jesus, que conduz a história e a vida dos outros. Construímos demasiadas fortalezas no nosso passado, mas hoje sentimos a necessidade de nos olharmos de frente reconhecendo-nos como irmãos, de caminhar juntos descobrindo e experimentando, jubilosa e pacificamente, o valor da fraternidade (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 87). Todos os dias vem aqui visitar a Mãe da Misericórdia uma multidão de pessoas provenientes de muitos países: lituanos, polacos, bielorrussos e russos; católicos e ortodoxos. Hoje isto tornou-se possível pela facilidade das comunicações, a liberdade de circulação entre os nossos países. Como seria bom se, à facilidade de se deslocar dum lugar para outro, se juntasse também a facilidade de estabelecer pontes de encontro e solidariedade entre todos, de fazer circular os dons que gratuitamente recebemos, de sair de nós mesmos para nos darmos aos outros, aceitando por nossa vez a presença e a diferença dos outros como um dom e uma riqueza na nossa vida.
Às vezes parece que o facto de nos abrimos ao mundo nos lance para espaços de competição, onde «o homem é lobo para o homem» e onde há lugar só para o conflito que nos divide, para as tensões que nos consomem, para o ódio e a inimizade que não levam a parte nenhuma (cf. Exort. ap. Gaudete et exsultate, 71-72).
Como toda a boa mãe, a Mãe da Misericórdia procura reunir a família e segreda-nos ao ouvido: «Procura o teu irmão». Deste modo, abre-nos a porta para uma alvorada nova, uma nova aurora. Leva-nos até ao limiar da porta, aquela porta do homem rico do Evangelho (cf. Lc 16, 19-31). Hoje aguardam por nós crianças e famílias com as chagas a sangrar; não são as de Lázaro na parábola, mas as de Jesus. São reais, concretas; e, a partir do seu sofrimento e escuridão, gritam por nós para que lhes levemos a luz sanadora da caridade. Porque a caridade é a chave que nos abre a porta do Céu.
Amados irmãos, ao cruzar este limiar, possamos experimentar a força que purifica o nosso modo de nos relacionar com os outros, e que a Mãe nos conceda olhar para os seus limites e defeitos com misericórdia e humildade, sem nos julgarmos superiores a ninguém (cf. Flp 2, 3). Ao contemplar os mistérios do Rosário, peçamos-Lhe para ser uma comunidade que saiba anunciar Jesus Cristo, nossa esperança, a fim de construir um pátria capaz de acolher a todos, de receber da Virgem Mãe os dons do diálogo e da paciência, da proximidade e do acolhimento que ama, perdoa e não condena (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 165); peçamos-Lhe para ser uma pátria que escolha construir pontes e não muros, que prefere a misericórdia e não o juízo. Que Maria seja sempre a Porta da Aurora para toda esta abençoada terra!
Deixando-nos guiar por Ela, rezemos agora uma dezena do terço, contemplando o terceiro mistério gozoso.
Fonte: ACI Digital

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