domingo, 5 de agosto de 2018

PAPA FRANCISCO: NÃO REDUZIR A RELIGIÃO SOMENTE À PRÁTICA DA LEI



"É uma tentação comum, esta, de reduzir a religião à prática das leis, projetando em nosso relacionamento com Deus a imagem da relação entre os servos e seus patrões: os servos devem executar as tarefas que o patrão designou, para ter a sua benevolência", disse o Papa em sua alocução.
Cidade do Vaticano
Após rezar o Angelus com os fiéis e turistas na Praça São Pedro, o Papa Francisco recordou o Beato Paulo VI, este "grande Papa moderno", que faleceu na noite de 6 de agosto de 1978. "Recordemo-nos dele com muita veneração e gratidão, aguardando sua canonização, no dia 14 de outubro. Do céu interceda pela Igreja e pela paz no mundo".
Eis a íntegra da alocução do Santo Padre:
"Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Nestes últimos domingos, a liturgia nos mostrou a imagem cheia de ternura de Jesus, que vai ao encontro das multidões e de suas necessidades. Na narrativa do Evangelho de hoje (cf. Jo 6,24-35), a perspectiva muda: é a multidão, alimentada por Jesus, que parte novamente em busca d’Ele, vai ao encontro de Jesus.
Mas a Jesus não basta que as pessoas o procurem, ele quer que as pessoas o conheçam; quer que busca por Ele e o encontro com Ele ultrapasse a satisfação imediata das necessidades materiais.
Jesus veio para nos trazer algo mais, a abrir a nossa existência a um horizonte mais amplo em relação às preocupações cotidianas do alimentar-se, vestir-se, da carreira e assim por diante. Por isso, voltando-se a multidão, exclama: "Me buscais não porque vistes sinais, mas porque comestes daqueles pães e vos saciastes".
Assim, estimula as pessoas a darem um passo em frente, a interrogarem-se sobre o significado do milagre e não apenas para tirar proveito dele. De fato, a multiplicação dos pães e dos peixes é sinal do grande dom que o Pai deu à humanidade  que é o próprio Jesus!
Ele, verdadeiro "pão da vida", quer saciar não apenas os corpos, mas também as almas, dando o alimento espiritual que pode satisfazer a fome mais profunda. Por isso q convida a multidão a procurar não a comida que não dura, mas aquela que permanece para a vida eterna. Trata-se de um alimento que Jesus nos dá todos os dias: sua Palavra, seu Corpo, seu Sangue.
A multidão escuta o convite do Senhor, mas não entende o seu significado - como acontece tantas vezes conosco - e pergunta a ele: "O que é que devemos fazer para realizar as obras de Deus?" (V. 28). Os ouvintes de Jesus pensam que Ele lhes pede para observarem os preceitos para obter outros milagres, como a multiplicação dos pães.
É uma tentação comum, esta, de reduzir a religião somente à prática das leis, projetando em nossa relação com Deus a imagem da relação entre os servos e seus patrões: os servos devem executar as tarefas que o patrão determinou, para ter a sua benevolência. Isto o sabemos todos.
Por isto, a multidão quer saber de Jesus que ações deve fazer para agradar a Deus, mas Jesus dá uma resposta inesperada: "A obra de Deus é que vocês acreditem naquele que ele enviou".
Essas palavras são dirigidas hoje também a nós: a obra de Deus não consiste tanto no "fazer"  coisas, mas em "crer" naquele que Ele enviou. Isto significa que a fé em Jesus nos permite realizar as obras de Deus. Se nos deixarmos envolver nesta relação de amor e confiança com Jesus, poderemos fazer boas obras que perfumam de Evangelho, pelo bem e às necessidades dos irmãos.
O Senhor nos convida a não esquecer que, se é preciso preocupar-nos com o pão, ainda mais importante é cultivar nossa relação com ele, fortalecer nossa fé nele, que é o "pão da vida", vindo para saciar a nossa fome de verdade, a nossa fome de justiça, a nossa fome de amor.
Que a Virgem Maria, no dia em que recordamos a dedicação da Basílica de Santa Maria Maior – a Salus populi romani -  em Roma, nos sustente em nosso caminho de fé e nos ajude a nos abandonarmos com alegria ao plano de Deus para nossas vidas".

Fonte: Vatican News

Nenhum comentário: