Em artigo recente, o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (MG), dom Walmor de Oliveira de Azevedo discorre sobre o verdadeiro caminho que leva à uma autêntica alegria. Segundo o prelado: “O coração humano foi feito para a alegria, que gera força, fecunda a criatividade e é fonte perene de humanização”. Em função disto, ele considera que há uma permanente e legítima busca pela felicidade.
Contudo, o bispo alerta que, no contexto atual, muitas pessoas, valendo-se da liberdade e da autonomia, tomam rumos que levam às satisfações efêmeras, distanciando-se da verdadeira alegria, que é permanente. Corre-se, assim, o risco de apegar-se ao que é efêmero, por falta de capacidade para discernir bem. “Essa atitude egoísta configura um ciclo perverso, viciante, em que é alimentada a necessidade de experimentar, a qualquer preço, alegrias efêmeras para ocupar um vazio na interioridade, nunca plenamente preenchido”, aponta.
O bispo afirma que na raiz desse problema existencial está a equivocada convicção de que o poder e as posses são garantias de felicidade duradoura. A satisfação efêmera, defende, não sacia o coração humano de sua sede de sentido. “Cada alegria passageira, quando se esvai, deixa uma lacuna interior que contribui para desajustar a vida humana, impactando negativamente os humores e as razões”, reflete.
Dom Walmor aponta que é preciso aprender a buscar a felicidade duradoura, o que supõe um processo de aprendizagem para conquistar, progressivamente, envergadura humana e espiritual. Alcançando a felicidade verdadeira: “a vitória em uma partida de futebol não será alegria duradoura, e a derrota também não é o fim do mundo”, exemplifica.
O religioso acredita que a existência humana é uma construção, com altos e baixos, as sombras e as luzes, e deve ser sempre uma busca pelo que confere sentido e sustenta a vida: as alegrias verdadeiras que geram ecos, desdobrando-se em diferentes tempos e lugares.
Uma lição de São Francisco de Assis é recordada pelo prelado. “Certo dia, em diálogo com frei Leão, São Francisco explicou que a verdadeira alegria não reside em certos acontecimentos, aparentemente grandiosos, mas na qualidade de cultivar a paciência e de não se perturbar diante das adversidades da vida”.
Dom Walmor lembra que o Evangelho de Jesus Cristo é uma fonte referencial para se conquistar a clarividência e experimentar a verdadeira felicidade. “A Palavra de Deus tem força para corrigir os descompassos da sociedade contemporânea, em que muitos, alucinadamente, buscam alegrias efêmeras, exatamente por falta de envergadura interior”, disse.
A Exortação Apostólica Alegria do Evangelho, do papa Francisco, aponta o bispo, é também um itinerário educativo que contribui para levar os ensinamentos do Evangelho à vida cotidiana. “Dentre as muitas indicações da Exortação Apostólica estão a busca pela superação de um modelo econômico que gera exclusão, o combate à idolatria do dinheiro – que nega a primazia do ser humano – e o reconhecimento de que o trabalho é fundamental para a realização da pessoa”, explica.
Fonte: CNBB
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