"Memória"
foi a palavra-chave na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta.
Francisco pediu que os fiéis façam memória dos encontros com Cristo, dos
antepassados e da lei do amor.
Alessandro Di Bussolo – Cidade do
Vaticano
A memória cristã é o sal da vida,
voltar para ir para frente: devemos recordar e contemplar os primeiros momentos
nos quais encontramos Jesus. Palavras do Papa Francisco na missa celebrada na
manhã de quinta-feira (07/06) na capela da Casa Santa Marta. A sua homilia foi
inspirada na exortação de São Paulo a Timóteo, na Primeira Leitura: “Lembra-te
de Jesus Cristo”.
Sal da vida
Trata-se de voltar com a memória para
encontrar Cristo, explicou o Papa, “para encontrar forças e poder caminhar para
frente. A memória cristã é sempre um encontro com Jesus Cristo”.
A memória cristã é como o sal da
vida. Sem memória não podemos ir para frente. Quando encontramos cristãos
“desmemorados”, logo vemos que perderam o sabor da vida cristã e acabaram como
pessoas que cumprem os mandamentos, mas sem a mística, sem encontrar Jesus
Cristo. E Jesus Cristo devemos encontrá-lo na vida.
Encontros, antepassados e lei
Francisco acrescentou que são três as
situações em que podemos encontrar Jesus Cristo: "nos primeiros momentos,
nos nossos antepassados e na lei”. A Carta aos Hebreus nos indica como fazer:
“Evoquem na memória aqueles primeiros
tempos, depois da conversão, em que eram tão fervorosos …" “Cada um de nós
tem momentos de encontro com Jesus”. Na nossa vida, prosseguiu o Papa, houve
“um, dois, três momentos em que Jesus se aproximou, se manifestou. Não esqueçam
esses momentos: devemos ir para trás e retomá-los porque são momentos de
inspiração, onde nós encontramos Jesus Cristo”.
Cada um de nós tem momentos assim:
quando encontrou Jesus Cristo, quando mudou de vida, quando o Senhor lhe fez
ver a própria vocação, quando o Senhor o visitou num momento difícil… Nós no
coração temos esses momentos. Busquemo-los. Contemplemos esses momentos.
Memória daqueles momentos nos quais eu encontrei Jesus Cristo. Memória daqueles
momentos nos quais Jesus Cristo encontrou a mim. São a fonte do caminho
cristão, a fonte que me dará as forças.
“Eu recordo esses momentos?",
perguntou Francisco. "Momentos de encontro com Jesus quando a minha vida
mudou, quando me prometeu algo?” "Se nós não lembramos, vamos procurá-los.
Cada um de nós tem os seus."
Não recebemos a fé por correio
O segundo encontro com Jesus, disse
ainda o Papa, acontece através da memória dos antepassados, que a Carta aos
Hebreus chama “os seus chefes, que lhes ensinaram a fé”. Também Paulo, sempre
na segunda carta a Timóteo, o exorta assim: “Lembre-se de sua mãe e de sua avó
que lhe transmitiram a fé”. “Não recebemos a fé por correio”, afirmou o Papa,
mas “homens e mulheres nos transmitiram a fé” e diz a Carta aos Hebreus: “Olhem
para eles que são uma multidão de testemunhas e se fortaleçam neles, eles que
sofreram o martírio”.
Sempre quando a água da vida se torna
um pouco turva, destacou Francisco, “é importante ir à fonte e encontrar nela a
força para ir avante. Podemos nos perguntar: eu evoco os meus antepassados? Eu
sou um homem, uma mulher com raízes? Ou me tornei desarraigado? Somente vivo no
presente? Se é assim, é preciso imediatamente pedir a graça de voltar às
raízes”, àquelas pessoas que nos transmitiram a fé.
A lei do coração
Por fim, a lei, que Jesus nos faz
recordar no Evangelho de Marcos. O primeiro mandamento é: “Escutai, Israel, o
Senhor nosso Deus”.
A memória da lei. A lei é um gesto de
amor que o Senhor fez conosco porque nos indicou o caminho, nos disse: por esta
estrada não vai errar. Evocar na memória a lei. Não a lei fria, que parece
simplesmente jurídica. Não. A lei do amor, a lei que o Senhor inseriu no nosso
coração.
“Eu sou fiel à lei, lembro da lei,
respeito a lei?", questionaou ainda o Papa. Algumas vezes, nós cristãos,
inclusive consagrados, temos dificuldade de dizer de cor os mandamentos: ‘Sim,
sim, eu lembro, mas depois a um certo ponto erro, não lembro”.
Memória e esperança
Lembrar-se de Jesus Cristo, concluiu
o Papa, significa ter “o olhar fixo no Senhor” nos momentos da minha vida nos
quais eu O encontrei, momentos de provação, nos meus antepassados e na lei. E a
memória “não é somente um ir para trás”. É ir para trás para ir para frente.
Memória e esperança vão juntas. São complementares, se completam. “Lembre-se de
Jesus Cristo, o Senhor que veio, pagou por mim e que virá. O Senhor da memória,
o Senhor da esperança”.
O
convite final do Papa é que cada um de nós hoje pegue um minuto para se
perguntar como está a memória dos momentos nos quais encontrei o Senhor, a
memória dos meus antepassados e a memória da lei. Depois, como vai a minha
esperança, naquilo que espero. “Que o Senhor nos ajude neste trabalho de
memória e de esperança.”
Fonte: Rádio Vaticano
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