A Organização Mundial da Saúde (OMS) já classifica a obesidade como uma epidemia. Dados mostram que existem mais de 300 milhões de obesos no mundo, um terço deles são de países em desenvolvimento. Estima-se ainda que quatro milhões de brasileiros tenham atingido o estágio de obesidade grau três, ou mórbida, quando o IMC chega a 40. Atualmente a epidemia de sobrepeso/obesidade já afeta 39% da população adulta e 18% das crianças e adolescentes entre 5 e 18 anos. Não é à toa que o Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil é celebrado anualmente na data de 03 de junho. A proposta é exatamente alertar a população sobre os cuidados necessários para combater essa doença que afeta milhares de crianças no mundo todo.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por meio da Pastoral da Criança, organismo de ação social vinculado à entidade, percebe a urgência desse apelo, uma vez que alicerça sua atuação na organização da comunidade e na capacitação de líderes voluntários que assumem a tarefa de orientar e acompanhar as famílias em ações básicas de saúde, educação, nutrição e cidadania, tendo como um de seus objetivos o “desenvolvimento integral das crianças”.
Combater a obesidade infantil, no entanto, é um dos principais desafios da Pastoral. Segundo a nutricionista da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança, Caroline Dalabona, há a necessidade urgente de parar, avaliar e enfrentar o desafio. “Não é só uma questão de conscientização dos pais e mudança de hábito, é preciso a união de diversos atores para que consigamos estabilizar e diminuir as taxas”, garante.
Para superar o problema, a nutricionista afirma que a ação deve ser feita de forma conjunta, envolvendo a iniciativa privada, organizações não governamentais e toda a população. “Muitas vezes os pais estão sozinhos nessa luta, o que a torna muito difícil”, diz. Entre as questões que ela considera que atrapalha e dificulta a ação dos pais na tentativa de controlar o excesso de peso das crianças estão as propagandas massivas de determinados alimentos; a enorme disponibilidade de alimentos não saudáveis, baratos e atrativos para as crianças e a falta de informação segura e confiável nos rótulos dos alimentos.
Atuação
Com os altos índices de obesidade infantil, até mesmo nas idades mais precoces, a Pastoral da Criança sentiu a necessidade de atuar de forma mais enfática na prevenção do excesso de peso infantil. A ação Acompanhamento Nutricional, iniciada em 2010 com projeto piloto nas dioceses de Maringá (PR) e Cascavel (PR), trouxe maior qualidade na avaliação do estado nutricional das crianças acompanhadas e nas orientações fornecidas para as famílias.
“Dessa ação podemos destacar a realização das medidas de altura e peso por equipes capacitadas especificamente para esse fim, e o uso de um aplicativo, elaborado pelas equipes técnica e de TI da Pastoral da Criança, no qual as crianças são cadastradas e os dados de peso e altura incluídos. Com esse aplicativo o estado nutricional da criança é fornecido no mesmo momento. Também indica as orientações necessárias que o líder precisa passar para a família, de acordo com o estado nutricional obtido. Foi um grande passo dado. Há ainda muito o que fazer, o caminho é longo, mas é preciso começar a enfrentar esse desafio”, afirma a nutricionista.
Além dessa iniciativa, outras também contribuem para prevenir a obesidade em crianças e favorecer aqueles que já estão com excesso de peso. A “Alimentação e Hortas Caseiras” tem o intuito de trocar experiências e orientar as famílias sobre a importância diária do consumo de alimentos saudáveis, e das vantagens de se ter uma horta em casa. Já a ação “Desenvolvimento Infantil” tem como foco promover o potencial de desenvolvimento das crianças, desde o recém-nascido até crianças mais velhas, tendo com um de seus pilares o “brincar”.
A Pastoral da Criança também tem a ação “Brinquedos e Brincadeiras”, que incentiva o livre brincar, em especial ao ar livre, e estimula, dentre outras, brincadeiras ativas que façam a criança gastar energia. “Temos também o Guia do Líder, principal material educativo que o líder utiliza, no qual há várias dicas e orientações sobre alimentação saudável para gestantes e crianças. Desde o aleitamento materno até a alimentação tradicional da família, o Guia do Líder traz muitas informações necessárias para que bons hábitos alimentares sejam formados”, finaliza a nutricionista.
Fonte: CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário