Técnico de Portugal, Fernando Santos
/ Foto: Wikimedia (Domínio público)
Braga, 15 Jun. 18 / 09:00 am (ACI).- A seleção de
Portugal estreia nesta sexta-feira na Copa do Mundo contra a Espanha e à sua
frente estará o técnico Fernando Santo, católico, devoto de Nossa Senhora de
Fátima e do silêncio, como ele mesmo se define.
Às vésperas da estreia do Mundial, Santos
concedeu uma entrevista à revista ‘Igreja Viva’, da
Arquidiocese de Braga, Portugal, na qual falou sobre sua vidade fé, conversão e a
responsabilidade de seu testemunho.
Filho de pais católicos “mas sem
prática nenhuma”, Fernando Santos contou que ainda menino, aos seis anos entrou
para a catequese e, logo em seguida, para a Crisma. Porém, passado um tempo, um
“percalço” fez com que saísse e não voltasse mais.
“Não houve nenhum problema, nem chega
a ser um desentendimento”, relatou, ao assinalar que simplesmente deixou de
participar e “havia outras coisas para fazer, tipo jogos de futebol”.
Mesmo assim, reconheceu que ao olhar
para trás sabe que nunca esteve sozinho ou foi abandonado pelo amor de Deus.
Desde criança, faz as mesmas orações, um hábito do qual não abre mão, mesmo
quando o cansaço o abate.
E, neste percurso, algo que também
sempre se manteve presente foi Nossa Senhora de Fátima. Na infância, costumava
ir com os pais uma ou duas vezes por ano ao Santuário da Cova da Iria.
“Houve sempre esta ligação. Fui
crescendo e a minha ligação a Deus, entre casamentos, batizados e a Cova da
Iria, foi se mantendo”, indicou.
Nesse sentido, o técnico assegurou
que continua “a ser um devoto de Fátima, sobretudo um devoto do silêncio”.
Primeiramente, recordou, ia com os
pais ou amigos para fazer seus pedidos à Virgem. “E bem, porque interceder a
Nossa Senhora é a melhor maneira, seguramente, de conseguir algo junto do
Filho”.
Mais tarde, relembrou, veio a época
da Universidade, “um período em que se põem mais questões”. “Lembro-me muitas
vezes de uma questão que colocava aos meus amigos que acreditavam mais… ‘Então
se Deus está em todo o lado, está lá no quintal da minha avó, não é?’ Eles
diziam que sim. E eu respondia ‘pois, mas a minha avó não tem quintal!’”,
narrou.
Mesmo com essa trajetória de não ter
construído uma “casa sobre a rocha”, fez questão de “casar pela Igreja” e, mais
tarde, batizou seus filhos. Até que uma de suas filhas estava se preparando
para receber o sacramento da Crisma e pediu aos pais que a acompanhassem na
preparação.
Outro momento que recordou como
importante nesse seu processo de conversão foi um encontro que teve com um
sacerdote com o qual marcou de almoçar e conversar. Este padre lhe deu de
presente o livro ‘A fé explicada’, do qual lhe chamou a atenção o capítulo
sobre o pecado.
“Uma coisa que sempre me transtornou
a cabeça tinha a ver com o castigo, a ideia de um Deus um bocadinho castigador,
os pecados… Sempre me fez muita confusão. Depois de ter lido esse capítulo
fiquei a perceber mais: falava do pecado mortal, do pecado venial… Foi o
suficiente para me aliviar um bocadinho”, disse.
Então, entrou novamente em contato
com o sacerdote para marcar de conversar. Ao chegar à paróquia, contou, logo
foi dizendo ao padre que não estava lá para se confessar. Porém, após duas
horas de conversa, terminou no confessionário.
Passou “a ir” à Missa,
inicialmente sentando-se nos últimos bancos e, mais tarde, com a esposa,
começou a se aproximar do altar.
Surgiu então um convite, fazer um
Cursilho de Cristandade, do qual regressou outro. “Caí do cavalo abaixo!”,
expressou ao admitir que “pensava que Ele (Jesus) estava morto e enterrado, bem
enterrado. Eu não percebia nada dessas coisas, sabia lá que Ele estava vivo!”.
E esta foi sua “grande descoberta”.
Agora, “o que me toca é o sacrário, saber que Ele está ali, que posso conversar
com Ele, que Ele ouve o que eu digo… E uma coisa boa é que não me responde
logo! Responde sempre, mas não me interpela logo ali. Essa descoberta muda-me
radicalmente, a questão do amor começou ali a germinar”, assinalou à revista ‘Igreja
Viva’.
Depois do Cursilho, a “ida” à Missa
se transformou em “participação” na eucaristia.
Além disso, daquele encontro, traz consigo sempre um crucifixo que recebeu e
que representa um compromisso com Cristo.
Para Santos, “seguramente é o maior
compromisso da nossa vida”. “Socialmente é um grande compromisso, porque a
partir daqui nós temos a responsabilidade clara e inequívoca de cumprir aquilo
que Ele nos pede. E Ele só nos pede uma coisa: que amemos o Pai acima de todas
as coisas e que amemos os irmãos como Ele nos amou”.
“O que nos diz depois? ‘Ide e
evangelizai’. São tão poucas coisas que pede! Se não as queremos cumprir, então
por que assumimos o compromisso?”, perguntou-se.
“Tenho a noção exata de que o meu
testemunho neste momento é uma grande responsabilidade. Sinto-me feliz por ter
essa responsabilidade, não me quero é sentir presunçoso, essa é que é a minha
luta constante”, revelou.
Por isso, todos os dias, sua primeira
oração em diálogo “com o Espírito Santo é pedir o dom da sabedoria, a dos
pequeninos, para poder ouvi-Lo, escutá-Lo. Depois vem a perseverança, deixar
que Ele me ame sempre. E em terceiro lugar a humildade, para que O possa servir
servindo aos irmãos”.
Para ler a entrevista completa de
Fernando Santos à revista ‘Igreja Viva’, basta acessar AQUI.
Fonte: ACI Digital
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