Um dos principais documentos do Concílio Vaticano II, a Constituição Dogmática sobre a Igeja “Lumen Gentiun”, traz um perfil da identidade e missão dos padres: “Os presbíteros, como esclarecidos cooperadores da ordem episcopal e a sua ajuda e instrumento, chamados para o serviço do Povo de Deus, constituem com o seu Bispo um presbitério com diversas funções. Em cada uma das comunidades de fiéis, tornam de algum modo presente o Bispo, ao qual estão associados com ânimo fiel e generoso e cujos encargos e solicitude assumem, segundo a própria medida, e exercem com cuidado quotidiano. Sob a autoridade do Bispo, santificam e governam a porção do rebanho a si confiada, tornam visível, no lugar em que estão, a Igreja universal e prestam uma grande ajuda para a edificação de todo o corpo de Cristo (cfr. Ef. 4, 12)” (LG, 28)
E conclui:”Sempre atentos ao bem dos filhos de Deus, procurem dar a sua ajuda ao trabalho de toda a diocese, melhor, de toda a Igreja. Por causa desta participação no sacerdócio e na missão, reconheçam os presbíteros o Bispo verdadeiramente como pai, e obedeçam-lhe com reverência. O Bispo, por seu lado, considere os sacerdotes, seus colaboradores, como filhos e amigos, à imitação de Cristo que já não chama aos seus discípulos servos mas amigos (cfr. Jo. 15,15). Deste modo, todos os sacerdotes, tanto diocesanos como religiosos, estão associados ao corpo episcopal em razão da Ordem e do ministério, e, segundo a própria vocação e graça, contribuem para o bem de toda a Igreja” (LG, 28).
Diretrizes para a Formação Presbiteral
O documento que está sendo aprofundado, aperfeiçoado e que seguirá para a Congregação do Clero do Vaticano como fruto do trabalho dos bispos na 56ª Assembleia, em Aparecida (SP), expressa a razão, o fundamento e o princípio que animam a formação dos presbíteros e estabelece normas a serem seguidas pela Igreja no Brasil.
Segundo a equipe que preparou o texto de trabalho, o objetivo da renovação das Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil é imprimir unidade, coerência e gradualidade no processo de formação – tanto inicial como continuada – levando em conta a diversidade cultural, para que o serviço prestado pelos padres seja realizado e vivido pelo que chamam de “presbíteros-discípulos”, “presbíteros-missionários”, “presbíteros-servidores da vida, cheios da misericórdia”.
No trabalho que os bispos realizaram nos dois primeiros dias de trabalho da 56ª Assembleia Geral da CNBB, notou-se que os padres são atingidos pelos desafios da cultura atual porque nela eles estão inseridos. Vive-se uma mudança de época que afeta modelos estabelecidos e valores culturais e morais. Essa transformação, segundo os bispos que se dedicaram ao trabalho de preparação para o texto de trabalho que está sendo usado esses dias, clama por padres que sejam pessoas integradas, capazes de ler e interpretar os “sinais dos tempos”, no horizonte da fé que professam junto com as comunidades em todo o Brasil.
Encaminhamentos
O trabalho realizado em pequenos grupos na quinta-feira, 12 de abril, e depois seguido de debates em plenário deve seguir nos últimos dias do encontro. Segundo membros da comissão que trabalha o tema é preciso considerar que depois de tudo finalizado na assembleia, o texto ainda tem um percurso a fazer: seguirá para revisão final em vista das contribuições colhidas na assembleia, em seguida, seguirá para aprovação da Congregação do Clero que tem, por sua vez, a possibilidade de sugerir mudanças. Somente depois de devidamente analisado no Vaticano, o texto volta para o Brasil para ser promulgado pela Conferência Episcopal.
A partir da sua aprovação final, o texto ganha o valor oficial e torna-se, por assim dizer, norma para a aplicação nos seminários e outras casas de formação presbiteral em todo o País. Quase todas as dioceses brasileiras contam com seminários para formação sacerdotal, além das casas de formação das ordens e congregações religiosas, além de comunidades formativas com autorização pontifícia para realizar formação de novos padres.
Fonte: CNBB
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