Francisco
deixou o Vaticano e visitou a "Casa de Leda", estrutura que acolhe
mulheres condenadas pela Justiça por crimes leves e que descontam a pena com
seus filhos.
Cidade do Vaticano –
Prosseguem as Sextas-feiras da
Misericórdia – uma iniciativa do Papa Francisco que nasceu no Ano do Jubileu
Extraordinário como forma de expressar solidariedade a quem vive na exclusão e
marginalização.
Na tarde deste 2 de março, o
Pontífice visitou o bairro Eur, no sul de Roma, onde se encontra a “Casa de
Leda”, uma residência confiscada do crime organizado e que agora abriga
mulheres detentas com filhos pequenos.
Como sempre sem pré-aviso, Francisco
deixou o Vaticano na companhia do arcebispo Dom Rino Fisichella, presidente do
Pontíficio Conselho para a Nova Evangelização, responsável por essas
iniciativas.
O Papa foi acolhido com surpresa
pelas mães, pelas crianças e pelos trabalhadores de turno.
Saudação
“Santidade, querido Pai, somos os
invisíveis”. Com essas palavras, o Dr. Di Mauro deu as boas-vindas ao Papa:
“Somos algumas das milhares de meninas e meninos de pais detidos nas prisões
italianas que vivemos com eles nos cárceres ou vamos visitá-los (...) Para
defender a dignidade dos nossos pais presos nos contam mentiras, dizendo que
estamos entrando em um colégio ou em um local de trabalho. Nós somos
revistados, violentados na nossa intimidade pelas mãos de adultos
desconhecidos, que tiram os brinquedos de peluches, os pobres brinquedos que
são nossos amigos para abri-los, controlá-los, às vezes eles até tiraram a
calcinha para garantir que as nossas mães não esconderam drogas em nós”.
“Somos flores frágeis”, acrescentou o
Responsável da Casa de Leda, “no deserto da burocracia e das medidas de
segurança, na indiferença de adultos alienados pelo ruim e violento trabalho.
Para muitos somos estatísticas: 4.500 crianças que têm uma mãe na prisão, cerca
de 90 mil pessoas que têm um pai detido. Também nossos pais às vezes especulam
sobre nós”. “Para não sermos tomados como alvo dizemos que nosso pai trabalha
em países fantásticos e distantes e a nossa mãe é uma rainha, para nos
defendermos, nos tornamos agressivos e intratáveis, mas não somos ruins, são os
outros que nos vêem e nos querem assim: “Nós somos os filhos dos detentos”.
Projeto-piloto
Desde março de 2017, a casa é
administrada pela cooperativa social “Cecilia Onlus” e acolhe mães condenadas
pela Justiça por crimes leves, às quais é reconhecida a capacidade genitorial
e, portanto, a possibilidade descontar a pena com seus filhos.
A permanência na estrutura permite
que as mães acompanhem as crianças à escola e aprendam uma atividade
profissional, em vista de uma futura reinserção na sociedade. É a única
instituição do gênero na Itália.
“Casa de Leda” abriga no momento
cinco jovens mães entre 25 e 30 anos, algumas de etnia Rom, uma egípcia e uma
italiana, cada uma com seu filho. O Papa conversou com as jovens e brincou com
as crianças, às quais ofereceu ovos de páscoa. Francisco, por sua vez, recebeu
de presente peças de artesanato produzidas pelas detentas e, visto o horário,
foi convidado para “tomar um lanche”. O Pontífice deixou de lembrança um
pergaminho em memória de sua visita.
No final da tarde, o Papa deixou a
estrutura e regressou ao Vaticano.
Sextas-feiras da Misericórdia
As Sextas-feiras da Misericórdia não
têm uma periodicidade constante, pois dependem dos compromissos de Francisco,
mas se realizam em média uma vez por mês. A Casa de Leda foi a segunda
estrutura a ser visitada em 2018. Em janeiro, o Pontífice visitou os pequenos
pacientes do Hospital Pediátrico Bambino Gesú na sede de Palidoro, a 30 km de
Roma.
Fonte: Rádio Vaticano
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