O
Pontífice identificou e reelaborou, também à luz da própria experiência e de
outros presbíteros, os riscos e potencialidades que os padres encontram em sua
vida e em seu ministério.
Cidade do Vaticano
Há várias idades no sacerdócio, cada
uma com características peculiares que comportam dificuldades, mas possuem
também recursos. Foi o que disse o Papa Francisco ao clero de Roma reunido esta
quinta-feira (15/02) na Basílica de São João de Latrão – sede da Diocese de
Roma – para o tradicional encontro de início da Quaresma.
Presenteado livro "Caros
irmãos no sacerdócio"
O Pontífice identificou e reelaborou,
também à luz da própria experiência e de outros presbíteros, os riscos e
potencialidades que os padres encontram em sua vida e em seu ministério.
Conselho aos jovens sacerdotes
Pediu aos jovens que busquem um
estilo sacerdotal, como se fosse uma carta de identidade ou uma característica
pessoal, porque todo sacerdócio é único. Efetivamente, é necessário olhar não
tanto para as circunstâncias da vida, mas para a criação de um estilo próprio
no exercício do ministério, a ser considerado, naturalmente, apesar dos limites
de cada um. Aliás, Francisco convidou a identificar, envolver e a dialogar com
esses limites.
Em seguida, aconselhou os jovens
sacerdotes a encontrar um guia espiritual, um homem sábio, porque para ser
eclesiais se deve fazer as coisas diante de uma testemunha para confrontar-se.
Ademais, o sacerdote é um homem celibatário, mas não pode viver sozinho,
precisa de um guia que lhe seja de auxílio no discernimento neste tempo da
fecundidade.
Padres de idade intermediária: tempo
da poda e da provação
Referindo-se aos padres que
atravessam uma idade intermediária – entre os quarenta e os cinquenta anos –, o
Pontífice reservou um encorajamento e uma advertência. Este é o tempo da poda e
da provação. O padre desta idade é como um marido para quem com o tempo
passaram a paixão e as emoções juvenis. Assim se dá também na relação com Deus.
Neste período é ainda mais preciso um
guia para o discernimento e muita oração, porque é perigoso seguir avante
sozinhos. É o momento no qual se vê crescer os filhos espirituais e no qual a
fecundidade começa a diminuir. É também o tempo das tentações das quais se pode
envergonhar-se, mas, observou Francisco, o demônio é que deveria envergonhar-se
por insinuá-las. O importante é não ceder. Inicia-se também o período das
despedidas, por conseguinte, é bom começar a aprender a despedir-se.
Padres anciãos: tempo do perdão
incondicional
Por fim, o Papa propôs uma reflexão
para os padres que têm mais de cinquenta anos. Estes encontram-se no tempo da
sabedoria em que são chamados a oferecer a sua amabilidade e disponibilidade,
inclusive com o sorriso.
Os fiéis que se aproximam de um
confessor ancião não se sentem intimidados, veem nele um homem acolhedor.
“
Os padres anciãos ainda podem fazer muito, sobretudo com a pastoral do ouvido,
ou seja, escutando, fazendo-se próximo de quem se encontra na dor, mostrando
compaixão.”
Este é o tempo do perdão
incondicional, disse o Santo Padre, que convidou os padres anciãos a dialogar
com os jovens e a ajudá-los a encontrar as raízes das quais as novas gerações
de hoje precisam.
Discernir os sinais dos tempos: não
há somente coisas negativas
Concluindo, o Bispo de Roma convidou
os sacerdotes a discernir os sinais dos tempos, a ver a realidade escondida,
porque não há somente coisas negativas. E também aconselhou a ler dois livros:
um de Anselm Grũn e um de René Voillaume.
Tendo chegado à Basílica de São João
de Latrão às 10h30 locais, horário em que estava em andamento a liturgia
penitencial conduzida pelo vigário do Papa para a Diocese de Roma, Dom Angelo
De Donatis, Francisco atendeu confissão durante mais de uma hora.
Ao término de sua meditação, antes da
bênção conclusiva, foi oferecido a todos os presentes um volume
intitulado Caros irmãos no sacerdócio... Textos dos bispos de Roma
ao clero romano para o Ofício das leituras feriais da Quaresma.
Visita surpresa ao Pontifício
Seminário Romano Maior
Em seguida, fora do programa, tomando
a todos de surpresa, Francisco visitou o Pontifício Seminário Romano Maior –
adjacente à basílica papal –, onde rezou na capela de Nossa Senhora da
Confiança e almoçou com setenta seminaristas.
Na tarde precedente, o Santo Padre
presidira à santa missa da Quarta-feira de Cinzas, na basílica romana de Santa
Sabina, ao término da procissão penitencial que havia partido da igreja de
Santo Anselmo no Aventino – uma das sete colinas de Roma.
Na homilia ressaltara que a Quaresma
é um “tempo precioso para desmascarar” as “tentações e deixar que o nosso
coração volte a bater segundo o palpitar do coração de Jesus”.
(L'Osservatore Romano)
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