De 1º a 4 de março, uma comitiva, composta por 14 pessoas, coordenada pela Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) visitará o estado de Roraima, especialmente Boa Vista e Pacaraima, para conhecer de perto a realidade dos migrantes venezuelanos que em função da crise política e econômica pela qual passa seu país buscam apoio em território brasileiro.
A ação recebeu o nome de “Missão Fronteiras da Venezuela” e tem o objetivo de conhecer a situação que envolve a migração atual na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, em especial para verificar a ocorrência do tráfico humano e elaborar um documento de análise e proposição do que a Igreja pode oferecer, em termos de incidência, assistência e denúncia.
A missão será coordenada pelo bispo de Balsas (MA), dom Enemésio Lazzaris, presidente da Comissão para o Enfrentamento ao Tráfico Humano com o apoio do bispo de Boa Vista (RR), dom Mário Antônio da Silva e de organismos e pastorais da Igreja local. Integram a comitiva representantes de nove regionais da CNBB que atuam no enfrentamento ao tráfico humano.
Segundo dom Mário Antônio, só nos primeiros meses do ano, estima-se que chegaram ao Brasil cerca de 18 mil migrantes venezuelanos. Por dia, segundo o prelado, são cerca de 400 novas pessoas cruzando a fronteira entre os dois países. “Sabemos que é uma realidade delicada, uma situação emergente, humanitária e de muita necessidade de acolhida, como nos ensina o papa Francisco. É nossa obrigação estender a mão, acolher e fazer aquilo que o Evangelho nos aconselha, como o próprio Jesus nos pediu: ‘Amar uns aos outros, como Ele nos amou’”, disse.
Migração e direitos – O número de venezuelanos que solicitaram refúgio no Brasil vem crescendo vertiginosamente nos últimos anos. Os dados do Ministério da Justiça revelam que até março de 2017, 8.231 migrantes pediram refúgio no país. O número superou os dados dos seis anos anteriores.
O refúgio é uma proteção legal para estrangeiros que sofrem perseguição em seu país de origem por motivo de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas. No caso dos venezuelanos, o número aumentou devido os últimos acontecimentos envolvendo o país, como a crise econômica e política vivenciadas no atual governo.
Entre as atividades programadas da Missão, estão visitas a diferentes abrigos, rodas de conversa com organizações locais e da região da fronteira, visitas à Polícia Federal, reunião com a ACNUR, OIM e Fundo Internacional das Nações Unidas para as Populações (Pnud), reunião com o governo estadual, entre outros. Esta missão sistematizará um documento de análise e proposições para orientar as ações da Igreja no Brasil.
(foto: Fabio Calilo/Roraima em tempo)
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