A
destruição assustou os moradores das pequenas comunidades atingidas ( Foto:
Luís Sucupira )
por Honório Barbosa -
Colaborador
Iguatu. Imagens sacras,
portas, bancos, vitrais, caixas de som e de rede elétrica, móveis, altar e um
sacrário foram destruídos em quatro capelas na zona rural de Quixelô e de
Acopiara, na madrugada de ontem. O suspeito de praticar o ato é um homem, que
sofre de esquizofrenia, e é integrante da Assembleia de Deus na localidade de
Santo Antônio, em Acopiara. O bispo da Diocese de Iguatu, dom Édson de Castro
Homem, repudiou a ação, que foi classificada de profanação de templo religioso.
A ação destruidora
foi praticada contra a Capela de São Francisco, no distrito de Santo Antônio,
Acopiara; Capela de São José, no Sítio Santa Maria; Capela Nossa Senhora das
Graças, no Sítio Carnaubinha do Faé; e Capela Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro, na localidade de Paus de Leite do Faé, em Quixelô. Os católicos dessas
comunidades ficaram revoltados e tristes. Alguns até choraram.
Representantes da
Diocese registraram Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia Regional de Polícia
Civil de Iguatu em que apontam Jaime Felipe de Lucena como o autor dos atos de
destruição nas quatro capelas. Segundo o registro policial, o acusado foi
capturado e levado para uma unidade do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), em
Iguatu. Ele teria deixado cair dois cartões bancários em nome dele, em uma das
capelas.
Inquérito
O delegado
regional, Jerffison Pereira, vai abrir inquérito para investigar o caso, com
base no artigo 208 do Código Penal, que trata de crime de vilipêndio de objeto
de culto religioso, e analisar a capacidade mental do autor da destruição dos
templos católicos.
O padre João
Teixeira, pároco de Quixelô, responsável pelas quatro capelas, lamentou o fato
e disse que estava profundamente triste e que muitos estavam sofrendo mediante
o ato de vandalismo e de intolerância religiosa. Na manhã de ontem, ele visitou
os templos religiosos que foram interditados pela Diocese. "As pessoas
vieram ao meu encontro, abaladas, assustadas e tristes", frisou. "Houve
uma profanação, um sacrilégio".
A Diocese vai
definir uma data para realizar atos litúrgicos específicos para reparar o ato
de profanação, em particular na capela dedicada a São Francisco, na localidade
de Santo Antônio, zona rural de Acopiara, onde o sacrário com hóstias
consagradas (que para a Igreja Católica representam o Corpo de Cristo na
eucaristia) foi destruído e partículas jogadas ao chão.
Hostilidade
"Houve um ato
intencional de hostilidade por parte de uma pessoa que necessita de tratamento
sério, mas parece ter agido por influência de outra doutrina", frisou o
padre João Teixeira. "Espero justiça". Dom Édson de Castro Homem está
no Rio de Janeiro e, por meio de mensagem gravada, repudiou o que denominou de
gesto reprovável. "Quando o membro de uma religião ofende outro, por ter
uma fé diferente, comete um atentado à lei do País e à liberdade
religiosa", observou. "Destruiu bens da Diocese e de forte sentimento
religioso e isso é crime". O bispo pediu respeito entre as religiões.
"Espero que quem fez isso se arrependa, peça perdão a Deus".
Segundo o relato de
moradores, o ato de vandalismo começou por volta da meia-noite, na localidade
de Santo Antônio, em Acopiara. Ele teria arrombado as portas com o uso de uma
motocicleta. Quebrou imagens, sacrário, altar, microfone, caixas de som. Em
seguida, foi até a capela do Sítio Angicos e destruiu vitrais e imagens
externas. Depois foi até o Sítio Carnaubinha do Faé, quebrando cadeiras, altar
de mármore, imagens, ventiladores. Foi o templo mais destruído. Por último,
destruiu a quarta capela, no Sítio Paus de Leite do Faé (portas, caixa de
energia, fogão, quadros, imagens, parte do altar).
Os moradores
inicialmente achavam que o barulho não seria decorrente de um ato de destruição
de móveis e imagens das capelas. Com o decorrer do tempo ficaram assustados.
Alguns relatam que o acusado apresentava uma força intensa, agindo com muita
violência e raiva. "As pessoas ficaram com medo porque o homem tinha uma
força descomunal", disse um assessor da Paróquia de Bom Jesus Piedoso, em
Quixelô. "Os moradores estão abalados".
O Diário do
Nordeste esteve no fim da tarde de ontem no Caps III, em Iguatu, mas
funcionários negaram a presença do acusado para tratamento, e não havia
representantes da família na unidade.
Fonte: Diário do Nordeste
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