domingo, 31 de dezembro de 2017

REFLETINDO SOBRE O EVANGELHO



Lucas 2,41-52


SAGRADA FAMILIA, JESUS, MARIA E JOSÉ

Celebramos, neste domingo (Lucas 2,41-52), logo após a solenidade do Natal, o Dia da Sagrada Família, recordando-nos que também Deus, ao encarnar-se, quis ter uma família e um lar na terra, cujo modelo nos é apresentado na liturgia de hoje. A Festa da Sagrada Família insere-se, teologicamente, na linha de missa da noite de Natal; a contemplação da condição humana de Jesus.

E a Igreja, ao celebrar a Sagrada família, visa duas finalidades. Quer colocá-la para ser invocada como fonte de bênçãos para todas as famílias da terra. E quer que Jesus seja o modelo mais alto da inspiração para os pais, as mães e os filhos aqui na terra. É tão importante a família! Creio que se possa dizer que todas as desordens da sociedade, no campo da educação e dos costumes, no campo do trabalho e da religião, e até no campo de equilíbrio econômico, sejam devidas ao descaso com quem vem sendo tratada a família, nesse proliferar do divórcio e das separações de casais. Quem é que não vê que, na raiz do problema do menor carente e do menino de rua, está a ausência da família?  E quem é que não vê que um dos deveres mais graves do Estado é o de criar condições econômicas e sociais para que não haja famílias condenadas à miséria? E quem não sabe que a desestruturação da família é também causada pelo desconhecimento da Palavra de Deus, no qual encontramos a fonte inexaurível da nossa salvação: Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Somente uma volta radical para a vivência da Palavra de Deus é que a família encontrará a paz, o bem-estar e a realização plena da vida cristã.

Na meditação do evangelho da Sagrada Família vemos que Jesus, Maria e José constituem uma família concreta. O encontro no templo, depois da longa procura, mostra de um lado, como Jesus adolescente vai percebendo sua união íntima e especial com o Pai. Ele houve e interroga os doutores, mas também responde e os deixa extasiados com sua inteligência. De outro lado, descreve a aflição dos pais, expressa por Maria. Este acontecimento da vida da sagrada família tem muito a nos dizer hoje. A família está situada no mundo, na sociedade e em cada um dos seus membros, seja comunitariamente, seja pessoalmente; tem uma missão a cumprir fora dos limites da vida familiar.  Esta ruptura, esta busca do caminho de cada um é um aprendizado mútuo, que precisa de muito amor e compreensão.

Olhando para a família de Nazaré, percebemos que a família não é um quartel onde só se recebem ordens, uma pensão em que se entra e sai sem dar satisfação, um salão de festas, onde a pessoa pula, dança, fala alto. Mas a família é a partir de Nazaré a Belém, um lugar de paz, perdão, acolhida, ternura, alegria e crescimento humano e espiritual. A Festa da sagrada Família nos coloca mais perto de Deus. E Jesus, com seu projeto de salvação, faz de todo o mundo a grande família de Deus. Portanto ao celebrar esta festa, lembremo-nos de todas as famílias que lutam para que o mundo seja a verdadeira casa de Deus. No final de mais um ano somos convidados a agradecer a Deus, também, tudo o que vivemos. Celebramos, pois, alegremente a sua presença constante em nosso meio.

 

Pe. Raimundo Neto

Pároco de São Vicente




SANTA MARIA MÃE DE DEUS

A liturgia de hoje é a mais antiga liturgia mariana: Maria Mãe de Deus. Essa definição de Nossa Senhora enche nossa boca – faz vibrar de alegria o nosso coração. Contudo, para os judeus e muitos cristãos não católicos, esse título soa mal. Segundo alguns, não passa de ídolo, adorado pelos católicos, à semelhança do bezerro de ouro... Mas é que nós não adoramos Maria. Adoramos nela – isso sim – a vontade do Pai celeste, que a elegeu como mãe de Jesus, a quem emprestou a sua própria carne.

Sim, Maria é mãe de Deus. Faz mais de mil e quinhentos anos que a Igreja, reunida em Éfeso sob a ação do espírito Santo, proclama esta verdade, para a alegria do povo cristão. Parece uma verdade difícil de entender, mas, de fato, não é.

Jesus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade é Deus. Encarnando-se no seio de Maria, ela se assemelhou a nós em tudo – menos no pecado – e ganhou um corpo igual ao nosso. A partir daí, ele continuou sendo uma só pessoa, porém com duas naturezas: a natureza divina e a natureza humana, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

Natureza divina e natureza humana uniram-se no seio de Maria uma vez para sempre. E continuam unidas na pessoa de Jesus também no céu, para nunca se separarem. Maria, dando a luz à Cristo – Homem, dá a luz também o Cristo – Deus, já que o Cristo – Homem e o Cristo – Deus são uma pessoa só. Portanto, dizer que Maria é apenas Mãe do Cristo – Homem é dizer que em Cristo há duas pessoas o que seria uma grande blasfêmia.

O evangelho desta solenidade é o de Lucas (2,16-21) Ele nos mostra a alegria e o entusiasmo dos pastores por terem encontrado Maria, José e o recém – nascido: Jesus.

Celebramos também hoje o dia mundial pela Paz. Foi criado pelo Papa VI, em 1968, fundamentado em Efésios (2,14), que afirma que o Cristo é nossa paz, uma palavra desacreditada e ambígua. É uma palavra desgastada como o amor. Para alguns não significa quase nada. Muitos querem a paz empunhando armas. Contudo ela é uma constante histórica com aspiração máxima da humanidade e, no novo tempo, á a ausência mais sentida na história. São João Paulo II, dizia que não há paz, sem justiça e sem perdão. A paz, baseada na justiça e no perdão, é atacada pelo terrorismo inexplicado.

 

Pe. Raimundo Neto


Pároco de São Vicente de Paulo

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