O
coração não deve ser um berço vazio, infecundo, como uma peça de museu, mas
deve estar aberto para dar a vida aos outros: esta é a mensagem do Papa
Francisco na celebração da missa na capela da Casa Santa Marta
Cidade do Vaticano
Esterilidade e fecundidade: essas
foram as duas palavras da homilia desta manhã (18/12) do Papa Francisco na
celebração eucarística na Casa Santa Marta.
“Vem, Senhor, preencha este berço, encha
o meu coração"
As leituras do dia apresentam o
nascimento de Sansão e de João Batista anunciada pelo anjo a duas mulheres
estéreis. Naquele tempo, a esterilidade era uma vergonha, enquanto o nascimento
de um filho era considerado uma graça e um dom de Deus. Na Bíblia, afirma o
Papa, existem muitas mulheres estéreis, que desejam ardentemente um filho, ou
mães que choram a perda do filho porque ficaram sem descendência: Sara, Noemi,
Ana e aqui Isabel. A fecundidade na Bíblia é uma bênção. “Povoem a terra, sejam
fecundos” foi o primeiro mandamento que Deus deu aos nossos pais, recordou
Francisco. “Onde há Deus, há fecundidade”:
“Vem-me à mente (...) alguns países
que escolheram o caminho da esterilidade e sofrem esta doença tão feia que é o
inverno demográfico. Nós os conhecemos. Não fazem filhos. Não, que o bem-estar,
que isso, que aquilo... países vazios de crianças e isso não é uma bênção. Mas
isso é uma coisa passageira. A fecundidade é sempre uma bênção de Deus.”
A fecundidade material e espiritual,
reforçou o Papa. Dar vida. Uma pessoa pode inclusive não se casar, como os
sacerdotes e os consagrados, mas deve viver dando a vida aos outros. Ai de nós
se não formos fecundos com as boas obras, destacou.
A fecundidade é um sinal de Deus.
Francisco então recorda que os profetas escolhem símbolos como o deserto. O que
há de mais estéril do que um deserto e, mesmo assim, dizem que “o deserto
florescerá, a aridez se encherá de água”. É justamente a promessa de Deus. Deus
é fecundo....
“É verdade, o diabo quer a
esterilidade. Quer que cada um de nós não viva para dar vida seja física, seja
espiritual aos outros. Viva para si mesmo: o egoísmo, a soberba, a vaidade.
Engordar a alma sem viver para os outros. O diabo é quem faz crescer a cizânia
do egoísmo e não nos faz fecundos.”
É uma graça ter filhos que nos fecham
os olhos à nossa morte, afirma Francisco, e cita o exemplo de um idoso
missionário da Patagônia que, aos 90 anos, dizia que a sua vida tinha passado
como um sopro, mas que tinha muitos filhos espirituais ao seu lado na sua
última doença.
“Aqui tem um berço vazio, podemos
observar. Pode ser símbolo de esperança porque virá uma criança, pode ser um
objeto de museu, vazio toda a vida. O nosso coração é um berço. Como está o meu
coração? Está vazio, sempre vazio, mas está aberto para receber continuamente
vida e dar vida? Para receber e ser fecundo? Ou será um coração mantido como um
objeto de museu que jamais estará aberto à vida e a dar a vida?”
Eu lhes sugiro, conclui o Papa, que
olhem para este berço vazio e digam: “Vem, Senhor, preencha este berço, encha o
meu coração e leve-me a dar vida, a ser fecundo”.
Fonte: Rádio Vaticano
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