Papa durante o seu encontro. Foto:
L'Osservatore Romano
Vaticano, 05 Out. 17 / 04:30 pm (ACI).- O Papa Francisco
criticou a ideologia de gênero ao denunciar que se reabriu “o caminho para a
dignidade da pessoa neutralizando radicalmente a diferença sexual e, portanto,
a compreensão do homem e da mulher não é correta”.
“Em vez de contrastar as
interpretações negativas da diferença sexual, que mortificam seu valor
irredutível para a dignidade humana, deseja-se cancelar o fato de tal
diferença, propondo técnicas e práticas que a tornam irrelevante para o
desenvolvimento da pessoa e para as relações humanas”.
Em um encontro com a Assembleia
Plenária da Pontifícia Academia para a Vida, no Vaticano,
presidida por Dom Vincenzo Paglia, o Papa fez uma entusiasmada defesa da vida e
alertou contra movimentos que tentam mudar sua realidade.
Francisco criticou que “a utopia do
‘neutro’, remove seja a dignidade humana da constituição sexualmente diferente,
seja a qualidade pessoal da transmissão generativa da vida”.
“A manipulação biológica e psíquica
da diferença sexual, que a tecnologia biomédica permite vislumbrar como
totalmente disponível à escolha da liberdade – emquanto não o é! – corre o
risco assim de desmontar a fonte de energia que alimenta a aliança do homem e
da mulher e a torna criativa e fecunda”.
O Bispo de Roma também deixou claro
que, quando recebemos a vida como um dom, esta “nos regenera”, porque “nos
enriquece”, e advertiu que, se essa realidade for rechaçada, “a nossa história
não será renovada”.
Além disso, pediu para cuidar dos
diversos estágios da vida, especialmente as crianças e idosos. “Uma sociedade
na qual tudo isso só pode ser comprado e vendido, burocraticamente regulado e
tecnicamente predisposto, é uma sociedade que já perdeu o sentido da vida”.
Em sua opinião, por isso “constroem
cidades cada vez mais hostis às crianças, e comunidades mais inóspitas para os
idosos, com muros sem portas e janelas” que, em vez de “proteger, na verdade
sufocam”.
Fratura geracional
Por outro lado, o Pontífice refletiu
sobre as novas tecnologias e a sua relação com a vida e falou acerca do “poder”
das biotecnologias, “que agora permitem manipulações da vida até ontem
impensáveis”.
“É urgente intensificar o estudo e o
confronto sobre os efeitos de tal evolução da sociedade no sentido tecnológico
para articular uma síntese antropológica que esteja à altura deste desafio do
nosso tempo”.
“A inspiração de condutas coerentes
com a dignidade humana diz respeito à teoria e à prática da ciência e da
técnica em sua abordagem em relação à vida, ao seu sentido e valor”.
Francisco denunciou que o homem
parece estar “na rápida disseminação de uma cultura obsessivamente centrada na
soberania do homem em relação à realidade”.
Em seguida, denunciou a “egolatria”,
isto é, “uma verdadeira adoração do ego”. “Esta perspectiva não é inofensiva,
mas ela plasma um sujeito que olha constantemente para o espelho, até se tornar
incapaz de dirigir o olhar para os outros e para o mundo”.
Além disso, denunciou o “materialismo
tecnocrático” do qual sofrem mulheres e crianças em todo o mundo e reafirmou a
ideia de que “um autêntico progresso científico e tecnológico deveria inspirar
políticas mais humanas”.
Diante desta situação, “o mundo
precisa de crentes que, com seriedade e alegria, sejam criativos e
propositivos, humildes e corajosos, resolutamente decididos a recompor a
fratura entre as gerações”.
“A condição adulta é uma vida capaz
de responsabilidade e amor, seja em direção da geração futura seja em direção
daquela passada. A vida dos pais e das mães em idade avançada, espera-se, seja
honrada pelo que generosamente deu, não ser descartada por aquilo que não tem
mais”.
Teologia da Criação
Francisco sublinhou a importância de
uma teologia da Criação e da Redenção que “saiba se traduzir em palavras e
gestos do amor por cada vida e por toda vida”.
Por isso, recordou que o relato
bíblico da Criação precisa ser “reeleito novamente” para “apreciar toda a
amplitude e profundidade do gesto do amor de Deus que confia à aliança do homem
e da mulher na criação”.
“Esta aliança certamente é selada
pela união de amor, pessoal e fecundo, que marca o caminho da transmissão da
vida através do matrimônio e da família”.
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