Cardeal Jaime Ortega y Alamino,
Arcebispo emérito de Havana (Cuba). Foto: Editorial San Pablo.
MADRI, 15 Mai. 17 / 03:00 pm (ACI).- O Cardeal Jaime
Ortega y Alamino, Arcebispo Emérito de Havana (Cuba) apresentou em Madri o seu
livro "Encontro, diálogo e acordo. O Papa Francisco, Cuba e Estados
Unidos" no qual fala sobre a colaboração "fundamental" do Santo
Padre para a restauração das relações diplomáticas entre os dois países.
"O Papa acredita que todos os
problemas podem ser superados através do diálogo, mas não entre nações ou
governos, mas com o diálogo entre as pessoas. Por isso conseguiu realizar estes
acordos entre Raúl Castro e Obama, e eles dialogaram. No dia anterior do
anúncio ao povo, ambos conversaram por mais de 40 minutos", assegurou o
Purpurado no encontro com a imprensa.
As negociações foram "muito
secretas e, por isso, tiveram tanto êxito", declarou o Arcebispo Emérito.
Durante estas, explicou, ele foi um elemento essencial, pois, a pedido do
próprio Papa, o prelado foi responsável por entregar as cartas a Barack Obama e
a Raúl Castro para iniciar as conversações.
"Não só tive a possibilidade
extraordinária de ser o portador de uma carta do Papa para cada presidente,
como também de conhecer e transmitir a ambos a mensagem enviada. Deste modo,
estava acontecendo um encontro triangular, cuja linha primordial e básica era o
Papa Francisco", apontou e destacou que "o Papa encontrou uma
resposta aberta de Obama e de Raul”, assegurou o Cardeal.
Entretanto, logo depois da
restauração das relações entre ambos os países, o governo dos Estados Unidos
mudou de sinal e o atual Presidente, Donald Trump, manifestou em várias ocasiões
que poderia revisar os termos de relações com a ilha.
"Não acredito que a revisão
total (pelos Estados Unidos) seja para revogar os acordos, mas para modificar
alguns aspectos", assegurou o Purpurado, e precisou que "não é fácil
que rompam as relações diplomáticas agora, depois deste acordo. Existem passos
que às vezes têm certa irreversibilidade".
"Na revisão, de repente poderia
haver algo relacionado aos direitos humanos, a abordagens ou outros temas, tais
como as propriedades que os norte-americanos perderam no começo da revolução
das intervenções estatais. Tudo isso já tinha sido mencionado anteriormente.
Neste diálogo podem ser até mesmo anunciadas mudanças. Não me surpreende tanto
e eu acho que haverá uma pausa”, declarou.
A respeito do futuro da ilha, o
Purpurado assegura que “é muito difícil falar sobre o futuro. Podemos imaginar
possíveis cenários, mas a realidade nos supera".
Além disso, assegurou que
"existe uma vontade política de continuar realizando o processo de
mudanças na ilha" e sublinhou que a Igreja acompanhará
estas mudanças porque "sempre esteve presente em Cuba, acompanhando o povo
em cada etapa".
Visita ad limina dos bispos cubanos
O Cardeal Ortega y Alamino participou
do encontro dos bispos cubanos com o Papa Francisco no Vaticano no dia 7 de
maio.
Segundo explicou ao Grupo ACI nesta ocasião, os bispos
explicaram ao Papa que "em Cuba houve muitas mudanças no setor econômico,
no serviço dos trabalhadores no setor privado, com relação à propriedade e que
esperávamos que essas mudanças continuem sendo realizadas".
Também enfatizou que durante o
encontro com o Santo Padre os Bispos cubanos "nos referimos às mudanças
que ocorreram na vida da
Igreja em relação ao passado, as suas possibilidades na prática pública do
culto, a sua presença mais frequente nos meios de comunicação. Evidentemente
delimitando as insuficiências das mudanças, mas desejando que estas
continuem".
Fonte: ACI Digital
Nenhum comentário:
Postar um comentário