sábado, 13 de maio de 2017

DEVOTOS DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA CELEBRAM O CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES


Os vendedores de objetos religiosos, que se deslocam todo mês de Canindé para o Santuário de Fátima, em Fortaleza, fazem do meio de sobrevivência também um ato de fé ( Foto: Kid Júnior )

Neste 13 de Maio, quando religiosos de todo o mundo contemplam os 100 anos da aparição de Nossa Senhora de Fátima, a oração se torna um ato constante do mais puro amor à santa. Em Fortaleza, as celebrações no Santuário se estendem durante todo o sábado e terminam com a Missa Campal, após a procissão.
Ao mesmo tempo em que o evento aproxima milhares de católicos, a ocasião também garante espaço para a venda de artigos religiosos. Até às 17h dessa sexta-feira (12), cerca de 40 barracas preenchiam as calçadas no entorno da Igreja de Fátima. Entre terços, rosários e escapulários, as imagens da Santa ganhavam destaque pelo tamanho de até 1 metro de comprimento e a pintura em tons de branco e azul.
As histórias dos vendedores que comercializam os produtos e fazem dessa atividade o seu ganha-pão, se cruzam com os relatos de quem faz da festa, um momento de reaproximação com a fé. Muitos deles se colocavam como peregrinos de Fátima, deixando de lado o discurso de vendedor. A razão de estar no local, vai muito além das vendas, é uma maneira de demonstrar uma relação íntima com Deus e Nossa Senhora.
Neiton Pascoal, 50, percorre 118Km até chegar à Capital. De Canindé, ele traz na bagagem, além dos produtos para venda, a expectativa em torno do centenário. Essa rotina se repete há 20 anos, mas, dessa vez, com um adendo. “Vai ser um dia de muito louvor a Nossa Senhora. Estes 100 anos contados desde a aparição nos revelaram grandes mistérios da nossa mãezinha”, diz, completando a fala com uma passagem bíblica: “Jesus disse: ‘Pede a mãe que o filho atende’, por isso que eu não deixo de acreditar nela e nas bênçãos que ela tem a me oferecer”, assegura.
Do mesmo município, Antônio Lima, 65, trabalha em frente à Igreja há 15 anos. “Todo dia 13 de cada mês eu e minha esposa estamos aqui. A distância é longa, muitas vezes cansativa, mas é bom sentir o amor de Nossa Senhora, mesmo trabalhando”, opina. Alguns artigos vendidos, ele conta, são de fabricação própria. As imagens são feitas de gesso, cola e tinta, finalizadas com revestimento de plástico.
Exemplo
A fé pode ser vivenciada não somente por meio da prática do Evangelho, mas também na prestação de serviços. Pelo menos é o que acredita José de Lima, 62, pedreiro e “fiel admirador de Nossa Senhora”, como ele mesmo se define. Nos últimos seis anos, todos os dias 12 e 13 de cada mês, ele deixa o trabalho de lado e volta a atenção para os reparos na parte inferior da imagem de Fátima, em frente ao santuário. Com a ajuda do amigo Aroldo, Anda poucos quarteirões de onde mora para chegar ao destino. Juntos, eles refazem a pintura nos pés e do véu da santa e manutenção do jardim.
O motivo das idas mensais do pedreiro ao local foi uma graça alcançada. “Minha filha tinha viajado para aquele lugar longe, Alemanha. Eu cheguei a autorizar ela ir com o namorado mesmo sendo ‘de menor’, mas com o tempo, bateu saudade. Comecei a pedir a Nossa Senhora que trouxesse ela de volta”. Com a insistência do pedido, a prece se tornou realidade. “Foi aí que eu tive a ideia de pintar porque tinham muitas pichações”, completa.
Padre Ivan de Souza, pároco da Igreja de Fátima, destaca que, dentro ou fora da igreja, as demonstrações de fé dos católicos permitem uma maior aproximação com Deus. “A confiança no Senhor e em Fátima são muito presentes em nossa vida, não só no período de festa. E os cristãos que são devotos dela vivem isso o ano todo”. Sobre o centenário, ele espera que a data “possa dar uma nova caminhada para a Igreja, com muita coragem e amor no coração”.
(Colaborou Felipe Mesquita)
Fonte: Diário do Nordeste


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