domingo, 5 de março de 2017

REFLETINDO SOBRE O EVANGELHO



Mateus 4, 1-11

PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA
O episódio evangélico das tentações de Jesus apresentou e apresenta suas dificuldades catequéticas, às quais Mateus (4,1-11), no Evangelho de hoje, responde intencionalmente. Como é possível que o Senhor, sendo Deus, foi submetido à tentação? Nos três Evangelhos Sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas, a narrativa do Batismo de Jesus no Jordão, como afirmação de sua divindade e messianidade, precede o relato das tentações no deserto. Há, pois, uma clara unidade Kerigmático – teológico entre duas passagens: em ambas as situações, Cristo é impelido ou levado pelo Espírito, para deixar patente simultaneamente sua divindade e sua humanidade.
Jesus é tentado como homem que era, “provado em tudo exatamente como nós, exceto no pecado” (Hebreus 4,15). Portanto, a prova da tentação foi algo natural a Ele; e sua vitória sobre esta tentação reafirma sua filiação divina e sua fidelidade à missão messiânica que lhe foi confiada. Sobre isto precisamente versaram as tentações: sua identidade e tarefa messiânicas. As duas primeiras tentações começam com a mesma insinuação condicionante do tentador “Se és Filho de Deus”... isto é, o Messias.
O conteúdo das passagens das tentações pode ser sintetizado nestes três pontos: a) a afirmação de que efetivamente Jesus foi tentado no começo de sua missão apostólica; b) O tema das tentações se refere à sua identidade e funções messiânicas c) Jesus vence a tentação à base de fidelidade à vontade de Deus.  Não opta pelo estilo triunfalista do messias terreno esperado e querido pelo povo judeu, incluídos os seus discípulos, mas pelo modo e disponibilidade do servo de Javé e pela humilhação da cruz, tal como o quer o pai.  
Sem dúvida as tentações foram capciosas. Com uma interpretação superficial, podiam parecer inocentes, sem maiores consequências. Só uma leitura arguta, como a de Jesus, foi capaz de desmascará-las e revelar as verdadeiras intenções do tentador. O fato de vencer as tentações já foi um primeiro sinal de fidelidade de Jesus ao Pai. Por isso ser Filho de Deus, recusa-se a exigir do Pai manifestações insensatas de amor. Assim como Jesus venceu as tentações, nós também venceremos as nossas na força do seu amor.
 
Pe. Raimundo Neto

Pároco de São Vicente

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