Mateus 5,17-37
SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM
O Evangelho deste domingo nos traz a reflexão sobre a nova Lei conduzida por cristo. Encontramos esta reflexão em Mateus (5,17-37). Jesus, filho de seu povo e de sua terra, “nascido sob a Lei (Gl. 4,4), não veio abolir a Lei”. Pelo contrário, deu excelentes exemplos de como a respeitava. Mas a mensagem de seu evangelho ultrapassa os limites da Lei. Ultrapassa, sobretudo, aquele espírito mesquinho dos fariseus, quer eram rigorosos na observância da letra da Lei, mas não eram capazes de penetrar no âmago de seu espírito, onde está a verdade, a justiça e o amor. “Se a vossa justiça- disse Jesus- não superar a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos céus”. (cf. Mt 5,2c).
E, para iluminar essa verdade, Jesus dá alguns exemplos práticos, que o evangelho nos oferece. Estava escrito, por exemplo, na Lei – Lembra Jesus o grande preceito: “Não matarás”. Eu, porém, vos digo... acrescentou Ele – numa afirmação vigorosa que se vai repetir várias vezes- e eles explicam a lei do Evangelho: não basta não matar; é preciso não se encolerizar contra o irmão, não lhe dirigir palavras injuriosas, como chamá – lo de louco ou imbecil... e outras grosserias em que o vocabulário de hoje é fértil, dependendo do grau de educação das pessoas e dependendo, sobretudo, da falta de espírito cristão que existia nos corações. Valeria a pena que uma palavra violenta e humilhante tem destruído muitas amizades e muitos casamentos. Se uma arma mata o corpo, uma palavra dura mata o coração. É como se fosse homicídio moral. E então Jesus deixa para os cristãos uma norma de ouro. E é que, se alguém vai ao templo para apresentar sua oferenda, e se aí se lembrar de alguma desavença que tem com um irmão, deixe a oferenda diante do altar e vai primeiro reconciliar-se com seu irmão. E só então volte para entregar sua oferenda.
Em síntese desse evangelho podemos afirmar que Jesus, o novo Moisés, não se referia à Lei como era compreendida pelos fariseus, mas segunda a nova interpretação que ele deve à ela. À primeira vista, Jesus parece agravar e dificultar ainda mais nossa opção, pondo a descoberto os sentimentos e motivações mais profundas do nosso coração e acrescentando exigências maiores do que as leis prescreviam. É que eles nos quer transparentes e puros; do contrário, não estaremos no Reino, nem contemplaremos a face de Deus. Jesus não se contenta com uma justiça sob medida, logística e mesquinha, uma espécie de autojustificação, como faziam os fariseus. Sua interpretação dos mandamentos passa do plano jurídico para o ético, do social e histórico para o definitivo, do final dos tempos.
Jesus seria o ser humano, remoldando-o segundo as exigências mais profundas da misericórdia, do amor e do respeito ao outro.
Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente de Paulo
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