ROMA,
17 Fev. 17 / 02:00 pm (ACI).- Depois que o governo iraquiano recuperou
a região leste de Mosul das mãos do Estado Islâmico (ISIS), um grupo de jovens
muçulmanos decidiu limpar uma igreja dedicada à Virgem Maria,
como parte de uma campanha que busca recordar a coexistência religiosa que
existia na cidade antes da chegada do grupo terrorista.
Segundo
informações, há poucos dias, cerca de 30 jovens voluntários, incluindo mulheres
com véus muçulmanos, limparam a igreja caldeia dedicada a Maria Imaculada,
localizada no bairro de Drakziliya, na margem oriental do rio Tigre.
O
templo foi confiscado pelo ISIS e utilizado como sede da “hisba”, polícia moral
responsável pelo monitoramento da população no cumprimento do código de
comportamento islâmico.
De acordo com Ankawa.com, os jovens removeram os escombros espalhados pela
igreja e limparam o chão.
Maher
Al-Obaidi, chefe da “Rede das organizações da sociedade civil”, assinalou que
“todos os voluntários são muçulmanos, porque os membros das outras comunidades
foram expulsos das suas casas pelas milícias do Daesh (como também é conhecido
o ISIS) e ainda não se sentem seguros para voltar”.
Por
sua parte, Mohammad Badrany, da ONG Ramah, que também colabora com a
iniciativa, disse que a limpeza da igreja “é uma mensagem aos nossos irmãos
cristãos para que voltem às suas casas, porque Mosul precisa deles”.
Na
semana passada, os voluntários de “Nahdat Gil” (que em árabe significa
“renascimento de uma geração”) limparam a igreja do Espírito Santo. Em 2007, em
frente a este templo foi assassinado o jovem sacerdote Ragheed Ganni junto com
três subdiáconos.
“A
nossa diversidade é a nossa força”, afirmou Manal, uma jovem deste grupo,
constituído por aproximadamente 300 voluntários comprometidos em limpar escolas
e hospitais pichados pelo ISIS.
Muhannad
al-Awmary, um dos responsáveis ??pela campanha, disse que os voluntários
“gostariam de levar esta iniciativa a todas as igrejas danificadas, assim como
alguns locais arqueológicos”, com a ajuda do governo e das ONGs internacionais.
Mosul
– localizada no nordeste do Iraque – foi invadida pelo Estado Islâmico em junho
de 2014. Alguns dias depois, o grupo terrorista obrigou dezenas de milhares de
cristãos a abandonar a cidade sob pena de morte se não se convertessem ao Islã
ou aceitassem pagar o imposto de submissão. Também expulsaram milhares da
minoria religiosa yazidi.
Milhares
de cristãos tiveram que cruzar o deserto até chegar a Erbil, capital do
Curdistão iraquiano, onde permaneceram em barracas como refugiados. Alguns dias
depois, somaram-se a eles dezenas de milhares de cristãos que estavam exilados
de Qaraqosh, cidade invadida pelo grupo terrorista.
Entretanto,
após dois anos, em outubro de 2016, começou a ofensiva do governo iraquiano com
as forças curdas e a coligação internacional para retomar Mosul. Depois de
alguns meses de combates, entraram na cidade em janeiro deste ano.
De
acordo com a Organização das Nações Unidas, cerca de 30 mil pessoas voltaram para
os bairros no leste de Mosul. No entanto, calcula-se que aproximadamente
750.000 pessoas ainda estão sob o controle do ISIS na zona oeste.
Fonte: ACI Digital
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