Guilherme Silveira. Foto: Cortesia Guilherme
Silveira
REDAÇÃO CENTRAL, 22 Jan. 17 / 07:00
am (ACI).- O sonho de
muitos meninos no Brasil é se tornar um jogador de futebol. Não foi diferente
com Guilherme Silveira, de Salto (SP), um jovem que desde pequeno alimentou
este sonho, teve grandes oportunidades para trilhar sua carreira, até que
decidiu primeiro se questionar o que Deus queria dele. Então, percebeu que seu
caminho era outro: formar uma família, ser pai.
Guilherme é um jovem católico, de 19
anos, membro das comunidades do Caminho Neocatecumenal na Paróquia São
Benedito, em Salto (SP). Em relato à ACI Digital,
conta que desde muito novo aprendeu “a gostar de futebol intensamente por
influência” de seu pai, de quem recebia apoio para praticar o esporte nas
escolinhas da cidade.
“Além da fé na Igreja e o amor a
Cristo, meu pai também sempre me encucou a paixão pelo futebol”, conta.
Aos 13 anos surgiu a oportunidade de
dar início a este sonho, quando foi aceito na equipe do Desportivo Brasil,
“clube de futebol que é referencia nas categorias de base”. Deixou a família,
foi morar fora de casa, ganhou o primeiro salário, viajou por diversos países e
começou a se afastar da Igreja. Em pouco tempo, recorda, “já não enxergava Deus
na minha vida”.
Diante de um período de “crise
profunda”, foi a avó de Guilherme quem o ajudou a superar tal dificuldade por
meio da oração do terço. “Em algumas semanas, toda tristeza e angústia que eu
vivenciava já não significavam nada para mim, pois o terço me aliviava dos
tormentos. Era o meu consolo! Não conseguia passar uma noite sem rezá-lo”.
Esta experiência não podia ficar
apenas com ele e, por isso, começou a compartilhá-la com os companheiro de
equipe. “Nunca me esquecerei do dia que levamos 20 garotos de 15 e16 anos ao
auditório do clube apenas para rezar o Santo Terço, uma oração muitas vezes tão
ignorada pelas jovens”, conta.
Além disso, conheceu a vida de São
João Paulo II e se tornou “devoto fiel desse Santo tão amado”. “Conforme essas
coisas aconteciam, a minha relação com a minha comunidade ia melhorando” e “o
meu amor pela Igreja crescia cada vez mais”.
Então, surgiu a inquietação
vocacional e se tornou vocacionado à vida sacerdotal. “Isso para mim foi uma
morte”, assinala, pois “não sabia se queria ser jogador de futebol ou padre”.
Já aos 17 anos, foi enviado para as
categorias de base do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, onde ficou por algum
tempo. “Para mim, foi uma experiência muito dolorosa, pois ali percebi como a
distância da minha comunidade poderia afetar no meu eu. Portanto, pensando
nisso, neguei a oportunidade de ficar lá e voltei embora para o seio da minha
comunidade”.
Mas, ainda sentia a vontade de se
tornar “um grande jogador profissional, com muita fama, muito dinheiro e muito
sucesso”. Dessa forma, atuou por 2 anos no Ituano, onde se tornou jogador
profissional aos 18 anos.
Até que surgiu uma oportunidade, para
ele, única: participar da Jornada Mundial da Juventude de 2016 na Polônia. “Eu
tinha que escolher entre me manter como jogador profissional do Ituano que era
um sonho que eu sempre tive, ou poder ir ao encontro do Santo Padre na Jornada
Mundial da Juventude na Polônia e desfrutar das experiências com Cristo”.
Apoiado pela providência divina,
“decidi seguir Cristo: Reincidi meu contrato com o Ituano e fui para a JMJ”,
esperando que, na Polônia, “o Senhor pudesse me conceder algumas respostas
sobre o meu futuro, sobre a minha vocação, sobre a minha vida”.
Foi por meio da Virgem Maria que
começou a ouvir o que Deus desejava dele. “Em um Santuário Mariano que
passávamos na Áustria, eu pedi a Nossa Senhora que me concedesse o dom de
discerni a minha vocação. E eis que logo no dia seguinte fui acolhido por uma
família polonesa que havia 9 filhos”.
“O estilo de vida dos pais, o
testemunho de vida deles e a forma que levavam a vida me cativaram tanto que
naquele dia eu passei a ter a certeza que é ter filhos e me dedicar
inteiramente para eles o que o Senhor espera de mim”, pontua.
Entretanto, logo veio outra
consideração. Guilherme percebeu que não tinha como se dedicar inteiramente aos
seus futuros filhos e ao mesmo tempo jogar futebol.
De volta ao Brasil, teve uma nova
oportunidade para seguir a carreira futebolística e por um mês ficou em uma
equipe. “Porém, já sabia o que Deus queria de mim”, lembra. Por isso, no dia em
que ia assinar o contrato, decidiu primeiro rezar. Na Bíblia, deparou-se com a
seguinte passagem “Buscai o reino de Deus e todas as outras coisas vos serão
acrescentadas!” (Mateus 6,33).
“Sentei de frente para os diretores
do Paulista F.C. e de frente para o contrato. Digo aos meus irmãos que, naquele
momento, o Senhor tomou conta de mim e fez tudo que eu, muito pecador, falho e
débil, não teria coragem de fazer... Dizer não e renunciar tudo aquilo!”.
O time com o qual o jovem católico
não assinou contrato, o Paulista, está hoje nas semifinais da Copa SP de
Futebol Júnior, partida que disputará no próximo domingo, 22.
Mesmo sabendo que poderia estar lá
com seus ex-companheiros de equipe, Guilherme ressalta que, “antes de
experimentar o sucesso, a fama, o dinheiro e todos os prazeres que o futebol um
dia poderia me conceder, Deus me fez descobrir que a minha vida vale muito mais
do que 90 minutos por semana. E que não há coisa melhor para se vencer do que
vencer a sua própria salvação”.
“O Senhor me fez perceber que não
existe jogo mais difícil do que o combate diário contra o pecado. E que não há
alegria maior do que viver na vontade do Senhor! Não existe salário melhor do
que as graças recebidas por meio da oração. E que a maior glória que há é
sentir-se inteiramente amado por Cristo”, acrescenta.
Ainda hoje, muitos o questionam sobre
sua decisão. “E as minhas respostas para eles eram sempre unânimes: ‘Eu amava e
era apaixonado pelo futebol. Mas fui seduzido por outra paixão. Cristo roubou
meu coração!’”.
“Hoje – expressa o jovem –, me sinto
muito feliz em ser conhecido como ‘O garoto que largou um contrato profissional
no futebol, para ir à Jornada!’, ou então, ‘O louco que largou a oportunidade
de estar nas semifinais da Copa SP Júnior, para se dedicar aos filhos que ainda
nem existem!’”.
Atualmente, Guilherme se dedica à
empresa de seus pais e aos compromissos semanais com sua comunidade. Está
namorando uma moça também católica que, por acaso, conheceu quando “ainda era
vocacionado ao sacerdócio, por meio de um amigo seminarista”.
“Entretanto – ressalta –, sempre
deixo claro a ela que hoje estou totalmente aberto à vida e aos caminhos que
Deus prepara para mim, disposto a seguir a vontade de Cristo”.
Aos outros jovens, Guilherme Silveira
exorta a sair “das suas comodidades” e buscar “conhecer Deus, pois Ele sempre
saberá o que é o melhor” para cada um. “Todos temos uma missão. E cabe apenas a
si próprio, no íntimo das suas orações, descobrir os caminhos que Deus prepara
para você e o que Ele quer e espera de você nessa vida. Podem ter certeza, aí
estará a sua felicidade”, conclui.
Fonte:
ACI Digital

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