quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

PAPA FRANCISCO: POR QUE AS CRIANÇAS SOFREM?


Cidade do Vaticano (RV) – A esperança é a “gasolina” da vida cristã, que nos faz seguir em frente a cada dia.
 
Num ambiente descontraído na Sala Paulo VI, o Papa Francisco encontrou na manhã desta quinta-feira pacientes, famílias, funcionários e colaboradores do Hospital Pediátrico “Bambino Gesù”. Na primeira fila, 150 crianças provenientes também das tantas “periferias do mundo”.
Presentes no encontro, entre outros, o Cardeal Arcebispo de Bangui, Dieudonné Nzapalainga, visto que a Santa Sé está reconstruindo um hospital pediátrico na capital da República Centro Africana, a favor do qual será realizado um concerto no próximo sábado com o cantor italiano Claudio Baglione.
Dá muito mais alegria viver “com o coração aberto do que com o coração fechado”. Diante das crianças que sofrem por alguma doença, levando a vida em frente com coragem e que confiam ao Pontífice as suas emoções, o Francisco responde com a sinceridade que lhe é própria.
Valentina, uma enfermeira, observa que quem trabalha no hospital, teve a possibilidade de escolha, enquanto que os pequenos pacientes e seus pais,  não tiveram a possibilidade de escolher em estar ou não ali. Francisco admite não existir uma resposta para o sofrimento das crianças:
“Nem mesmo Jesus deu uma resposta em palavras. Diante de alguns casos, acontecidos na época, de inocentes que haviam sofrido em circunstâncias trágicas, Jesus não fez uma pregação, um discurso teórico. Poderia ter feito, certamente, mas ele não fez. Vivendo em meio a nós, não nos explicou porque se sofre. Jesus – ao contrário – nos demonstrou o caminho para dar sentido também a esta experiência humana: não explicou porque se sofre, mas suportando com amor o sofrimento nos mostrou por quem se oferece. Não porque, mas por quem”.
Simplicidade
Neste sentido, Francisco exorta a abrir-se aos valores dos sonhos, do dom, das pequenas coisas, de um simples obrigado:
“Ensinamos isto às crianças e depois, nós adultos, não fazemos. Mas dizer obrigado, simplesmente porque estamos diante de uma pessoas, é um remédio contra o esfriamento da esperança, que é uma doença contagiosa feia. Dizer obrigado alimenta a esperança, aquela esperança na qual, como disse São Paulo, estamos salvos. A esperança é a “gasolina” da vida cristã, que nos faz seguir em frente a cada dia”.
A seguir Serena, de 27 anos, contou que sua história no“Bambino Gesù” teve início quando tinha apenas 13 anos. Uma história de doenças, recaídas, complicações de todo gênero, mas sobretudo de esperança. Agora a jovem estuda medicina. Neste sentido, o Papa exorta a encontrar “a beleza das pequenas coisas”:
Natal
“Pode parecer uma lógica de perdedor, sobretudo hoje, com a mentalidade de aparecer que exige resultados imediatos, sucesso, visibilidade. Ao invés disto, pensem em Jesus: a maior parte da sua vida sobre esta terra passou no escondimento; cresceu na sua família sem pressa, aprendendo a cada dia, trabalhando e compartilhando alegrias e dores dos seus. O Natal nos diz que Deus não se fez forte e poderosos, mas frágil e fraco, como uma criança”.
Vivemos em um tempo – constata o Papa – em que “os espaços e os tempos se restringem sempre mais”:
“Se corre tanto e menos espaços são encontrados: não somente para estacionar os automóveis, mas também locais para encontrar-se; não somente tempo livre, mas tempo para parar e se encontrar. Há grande necessidade de tempos e de espaços mais humanos”.
E ao falar de espaços, Francisco faz menção ao “Bambino Gesù” , que não obstante “os espaços estreitos, os horizontes se alargaram”. E cita os tantos projetos da instituição, “mesmo em outros continentes”.
O Papa então, aconselha antes de tudo a “manter vivos os sonhos”:
Sonhar
“Os sonhos não são nunca anestesiados, ali a anestesia é proibida! Deus mesmo, o ouviremos no Evangelho de domingo, comunica às vezes por meio de sonhos; mas sobretudo convida a realizar sonhos grandes, mesmo se difíceis. Nos leva a não pararmos de fazer o bem, a não apagar nunca o desejo de viver grandes projetos. Gosto de pensar que o próprio Deus tem  sonhos, também neste momento, para cada um de nós. Uma vida sem sonhos não é digna de Deus, não é cristã uma vida cansada e resignada, onde se contenta com isto, se vive à toa sem entusiasmo o dia”.
O Papa sublinha depois a “força de quem doa”: pode-se viver  “colocando em primeiro lugar o ter ou o dar”:
“Pode-se trabalhar pensando sobretudo no ganho, ou buscando dar o melhor de si em favor de todos. Então o trabalho, não obstante todas as dificuldades, torna-se uma contribuição ao bem comum, às vezes até mesmo uma missão”.
Doação
O importante – afirma – é reconhecer o que vem antes: fazer algo para os próprios interesses e para o sucesso ou “seguir a intuição de servir, doar, amar”, vivendo a cada dia como “gostaria o Senhor”:
“Não como um peso – que depois pesa sobretudo sobre os outros que devem me suportar – mas como um dom. É a minha vez de fazer um pouco de bem, para levar Jesus, para testemunhar não a palavra mas com as obras. A cada dia se pode sair de casa com o coração um pouco fechado em si mesmo, ou com o coração aberto, prontos a encontrar, a doar”.
Os votos finais de Francisco é para se viver ”com o coração aberto”.(je/ga)(from Vatican Radio)
Fonte: Rádio Vaticano

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