Malmö (RV) – O último compromisso do Papa Francisco na Suécia foi com a pequena comunidade católica local. O Pontífice presidiu na manhã desta terça-feira (1º/11) à celebração eucarística no Estádio Swedbank, no centro da cidade de Malmö.
O Papa dedicou sua homilia à solenidade de Todos os Santos, que a Igreja celebra no dia 1º de novembro. “Assim recordamos não só aqueles que foram proclamados Santos ao longo da história, mas também muitos irmãos que viveram a sua vida cristã na plenitude da fé e do amor através de uma existência simples e reservada. Contam-se certamente muitos dos nossos parentes, amigos e conhecidos.” Entre eles, o Pontífice citou as mães e os pais que se sacrificam pelas suas famílias.
A santidade, recordou Francisco, não se manifesta necessariamente em grandes obras nem em sucessos extraordinários, mas significa saber viver, fiel e diariamente, as exigências do Batismo, de entrega total aos outros.
Felicidade autêntica
Mas para o Papa, a felicidade é a característica dos santos, pois descobriram o segredo da felicidade autêntica, que tem a sua fonte no amor de Deus. Por isso, os Santos são chamados bem-aventurados.
As Bem-aventuranças são o perfil de Cristo e, consequentemente, do cristão. Dentre elas, o Papa destacou uma: "Felizes os mansos".
“Este é o retrato espiritual de Jesus, disse Francisco. A mansidão é uma maneira de ser e viver que nos assemelha a Jesus e nos faz estar unidos entre nós; faz com que deixemos de lado tudo o que nos divide e contrapõe, a fim de procurar formas sempre novas para avançar no caminho da unidade. A mansidão é a atitude de quem não tem nada a perder, porque a sua única riqueza é Deus.”
Como exemplo, o Papa citou santos da região, Santa Maria Elisabeth Hesselblad, recentemente canonizada, e Santa Brígida, Brigitta Vadstena, co-padroeira da Europa.
Para Francisco, as Bem-aventuranças são a carteira de identidade do cristão, que o identifica como seguidor de Jesus. E propôs algumas situações que podem ser vividas com espírito renovado: felizes os que olham nos olhos os descartados e marginalizados fazendo-se próximo deles; felizes os que protegem e cuidam da casa comum; felizes os que renunciam ao seu próprio bem-estar em benefício dos outros; felizes os que rezam e trabalham pela plena comunhão dos cristãos... “Todos eles são portadores da misericórdia e ternura de Deus”, disse o Pontífice, que concluiu:
“Queridos irmãos e irmãs, o chamado à santidade é para todos. Juntos, peçamos a graça de acolher este chamado e trabalhar unidos para levá-lo a cumprimento. À nossa Mãe do Céu, confiamos o diálogo em busca da plena comunhão de todos os cristãos, para que sejamos abençoados nos nossos esforços e alcancemos a santidade na unidade.”
Igreja na Suécia
Os católicos na Suécia são cerca de 115 mil, mas se estima que seja quase o dobro, pois a comunidade é constituída quase exclusivamente por imigrantes. A Igreja é organizada numa única diocese, a de Estocolmo.
Angelus
Ao final da missa celebrada no estádio de Malmö, o Papa Francisco rezou com os fiéis a oração mariana do Angelus.
Antes, porém, ouviu a saudação do Bispo de Estocolmo, Dom Anders Arborelius, e agradeceu a presença do Presidente e do Secretário-Geral da Federação Luterana e das delegações ecumênicas presentes no estádio.
“Dou graças a Deus por me ter dado a oportunidade de vir a esta terra e encontrar-me com vocês, muitos vindos de várias partes do mundo. Como católicos, fazemos parte de uma grande família, sustentada por uma mesma comunhão.”
O Papa encorajou os fiéis a viverem sua na oração, nos Sacramentos e no serviço generoso a quem passa necessidade e sofre.
“Na nossa vida, não estamos sozinhos. Temos sempre o auxílio e a companhia da Virgem Maria, que hoje nos aparece como a primeira dentre os Santos, a primeira discípula do Senhor. Confiemo-nos à sua proteção”, disse o Papa, rezando com os fiéis a oração do Angelus.
(bf)
Eis a íntegra da homilia:
“Celebramos hoje, com toda a Igreja, a solenidade de Todos os Santos. Assim recordamos não só aqueles que foram proclamados Santos ao longo da história, mas também muitos irmãos nossos que viveram a sua vida cristã na plenitude da fé e do amor através duma existência simples e reservada. Contam-se certamente, entre eles, muitos dos nossos parentes, amigos e conhecidos.
Celebramos, pois, a festa da santidade. Aquela santidade que, às vezes, não se manifeste em grandes obras nem em sucessos extraordinários, mas que sabe viver, fiel e diariamente, as exigências do Batismo. Uma santidade feita de amor a Deus e aos irmãos. Amor fiel até ao esquecimento de si mesmo e à entrega total aos outros, como a vida daquelas mães e pais que se sacrificam pelas suas famílias sabendo renunciar de boa vontade, embora nem sempre seja fácil, a tantas coisas, tantos projetos ou programas pessoais.
Mas, se alguma coisa há que caraterize os Santos, é o facto de serem verdadeiramente felizes. Descobriram o segredo da felicidade autêntica, que mora no fundo da alma e tem a sua fonte no amor de Deus. Por isso, os Santos são chamados bem-aventurados. As Bem-aventuranças são o seu caminho rumo ao seu destino, rumo à pátria. As Bem-aventuranças são o caminho de vida que o Senhor nos indica, para podermos seguir os seus passos. Ouvimos, no Evangelho de hoje, como Jesus as proclamou perante uma grande multidão num monte junto do lago da Galileia.
As Bem-aventuranças são o perfil de Cristo e, consequentemente, do cristão. Dentre elas, quereria destacar uma: «Felizes os mansos» (Mt 5, 5). Jesus diz de Si mesmo: «Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração» (Mt 11, 29). Este é o seu retrato espiritual, e desvenda-nos a riqueza do seu amor. A mansidão é uma maneira de ser e viver que nos assemelha a Jesus e nos faz estar unidos entre nós; faz com que deixemos de lado tudo o que nos divide e contrapõe, a fim de procurar formas sempre novas para avançar no caminho da unidade, como fizeram filhos e filhas desta terra, entre os quais se conta Santa Maria Elisabeth Hesselblad, recentemente canonizada, e Santa Brígida, Brigitta Vadstena, co-padroeira da Europa. Elas rezaram e trabalharam para estreitar os laços de unidade e comunhão entre os cristãos. Um sinal muito eloquente é o facto de ser aqui no seu país, caraterizado pela convivência de populações muito diferentes, que estamos a comemorar em conjunto o quinto centenário da Reforma. Os Santos obtêm mudanças graças à mansidão do coração. Com ela, compreendemos a grandeza de Deus e adoramo-Lo com sinceridade; além disso, é a atitude de quem não tem nada a perder, porque a sua única riqueza é Deus.
As Bem-aventuranças são de algum modo o cartão de identidade do cristão, que o identifica como seguidor de Jesus. Somos chamados a ser bem-aventurados, seguidores de Jesus, enfrentando os sofrimentos e angústias do nosso tempo com o espírito e o amor de Jesus. Neste sentido, poderíamos assinalar novas situações para as vivermos com espírito renovado e sempre atual: felizes os que suportam com fé os males que outros lhes infligem e perdoam de coração; felizes os que olham nos olhos os descartados e marginalizados fazendo-se próximo deles; felizes os que reconhecem Deus em cada pessoa e lutam para que também outros o descubram; felizes os que protegem e cuidam da casa comum; felizes os que renunciam ao seu próprio bem-estar em benefício dos outros; felizes os que rezam e trabalham pela plena comunhão dos cristãos... Todos eles são portadores da misericórdia e ternura de Deus, e d’Ele receberão sem dúvida a merecida recompensa.
Queridos irmãos e irmãs, a chamada à santidade é para todos, e temos que a receber do Senhor com espírito de fé. Os Santos encorajam-nos com a sua vida e a sua intercessão diante de Deus, e nós precisamos uns dos outros para nos tornar santos. Ajudemo-nos a tornar-nos santos! Juntos, peçamos a graça de acolher, com alegria, esta chamada e trabalhar unidos para a levar a cumprimento. À nossa Mãe do Céu, Rainha de todos os Santos, confiamos as nossas intenções e o diálogo em busca da plena comunhão de todos os cristãos, para que sejamos abençoados nos nossos esforços e alcancemos a santidade na unidade”.(from Vatican Radio)
Fonte: Rádio Vaticano
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